Estes são os dias finais da ignomínia, porque a seara do Senhor é grande, mas a miséria em Angola é vastíssima.
Angola é uma gigantesca esquadra policial onde os cidadãos são constantemente obrigados a prestarem declarações.
E diariamente as coisas complicam-se, o que prenuncia grande tempestade. Mas por aqui não, muito pelo contrário. Temos chefes/líderes que se iluminam na feitiçaria, e em consequência nos iluminam. Eles são muito felizes e nós também, transbordamos de felicidade. Até decretaram que temos direito, que receberemos a nossa quota-parte dos rendimentos do petróleo, que afinal concluíram que não são só deles. Bons governantes sim senhor, abençoados pela habitual militância consequente e eloquente do tal cónego, o Santo Apolónio, ainda não canonizado. Uma coisa aqui não entendo: mas um padre não se obriga e abriga na pregação teológica? É que pelo que vejo essas epístolas do nosso querido Santo Apolónio, estão tão estilizadas, estalinizadas. Mas acredito e oro que essa ovelha ranhosa será recuperada para o rebanho do Senhor. É que na manada do Senhor há sempre lugar para os falsos cordeiros tresmalhados. Se ele não receber a emenda do Senhor, decerto um lobo lhe mostrará o caminho. Meu filho, vem, a Igreja recebe-te de braços abertos, e quando acontecer, nesse dia o Senhor rejubilará. Não nos abandones, não nos atraiçoes, porque também serás abandonado e atraiçoado. Não faças da religião uma maratona à Politburo.
Eis o campeonato nacional da corrupção, mais conhecido por giracorrupção. Num encontro decisivo, a equipa do Politburo deu uma cabazada, melhor, liquidou o seu adversário, a teimosia da equipa dos Honestos por arrasadores 32-0. Assim, o Politburo continua imbatível, invicto. Facilmente se pode “vertiginar” que o futuro de Angola está na corrupção. Prova-o o perseverante Politburo. Podemos parafrasear: e se mais corrupção houvera lá chegara. Desenvolver é corromper. Tudo é composto de corrupção.
Quando a corrupção se instala, nos invade a cem por cento, é como um buraco negro que arrasta tudo e todos, nada lhe escapa, tudo desaparece no seu interior. É assim que a corrupção do Politburo terminará, num buraco negro. E dadas as actuais circunstâncias, torna-se possível, é um olfacto consumado. O Politburo, à implosão não sobreviverá. O Politburo está na derradeira etapa e levará uma estrondosa derrota. Na corrupção não há vencedores, só vencidos, vendidos. Desta maratona não beberá, o Politburo não passará.
Participar nas eleições, votar, sem uma Comissão Eleitoral Independente, é legitimar a fraude eleitoral. E a primeira fraude já está consumada. Afinal os mwangolés residentes no estrangeiro são… estrangeiros. E por isso mesmo proibidos de votarem. A escalada da perseguição política à Estaline, serve-se de contornos paranóicos. É que nem os militantes do partido faz-de-conta escapam do seu feitiço. A feitiçaria está tão desenvolvida que até já nos chamam de República de Angola e China.
A TV-CABO funcionava de modo aceitável. Desde que foi adquirida pelo principado, está quase como a agência de notação Moody’s faz da dívida portuguesa, lixo. Consta por aí que a secreta está lá numa missão patriótica, na introdução da vigilância revolucionária. A propósito de lixo: a dívida portuguesa é-o de facto, a começar pelos bancos que todos sabemos do seu comportamento, eles rebentaram Portugal e os portugueses e nada lhes acontece. Assim como José Sócrates, o continuador do afundado, sai ileso. Não há justiça, e isto infla as multidões que exigirão o que lhes é devido, a honestidade de quem os governa. Afinal, governar é afundar? Não foi José Sócrates que apoiou descaradamente a corrupção em Angola, para daí retirar dividendos políticos? E em consequência denegrir Portugal, que é apesar de tudo, e ainda bem, uma “colónia de férias internacional”. Ainda me recordo de Durão Barroso, há já vários anos, então primeiro-ministro afirmar em pleno debate na Assembleia Nacional Portuguesa, acusando o Partido Socialista: «Vocês deixaram-nos de tanga.» O lixo não é de agora, já vem de longe. As políticas económicas são péssimas quando os políticos também o são.
Em Roma sê romano, em Angola sê mwangolé. Isto é, comporta-te de acordo com a actual conjuntura. A bandalheira da incrível desordem da lei do faroeste e de Lynch. Aqui não se prende ninguém, arrasta-se, executa-se. (Antepositivo, do ing. (to) lynch 'executar sumariamente, sem julgamento regular, por uma decisão coletiva, o autor de um crime grave', der. de Lynch law 'lei de Lynch' (1838), de William Lynch, fazendeiro de Pittsylvania, no Estado da Virgínia (E.U.A.), que no final do sXVIII instituiu um tribunal privado a que incumbia julgar sumariamente os criminosos apanhados em flagrante;) in Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.´
Com tantos incendiários na “TV das nuvens dos deuses”, na “Rádio da verdade” e no “Diário do Ruanda”, com tantos pirómanos Angola arde. Quem é que está interessado em suportar incendiários nesta nova versão do Titanic? Nesta república de cabos eléctricos e de condutas de água rebentadas?
Eis a maior aberração de todos os tempos: mas quem em quase quarenta anos, quem obrigou, e abriga, as populações na miséria? E agora decide de um momento para o outro que lhes promete uma nova vida? É mais miséria que virá, só pode ser.
E os oceanos começaram com uma tempestade num copo de água.
E se tiver problemas com a sua fraude eleitoral, não se preocupe, a experiência do nosso Politburo ajuda-o numa vitória de quase cem por cento dos votos.
O campus universitário, é bom, ninguém tem dúvidas disso. Mas, enquanto insistirmos no péssimo, fingir, fornecimento de energia eléctrica e de água, conseguiremos que esses, todos, projectos se tornem insignificantes. Todas as manhãs quando procuro o retorno do ar livre, entro em pânico, porque Luanda tresanda ao aroma mortal do gasóleo. O mais importante, premente, é resolver os problemas da energia eléctrica e da água, para que se possam resolver os problemas do povo. E com a nossa também difícil Internet, depressa chegaremos ao pombo-correio. Enquanto qualquer gato-pingado aqui chegado, gozando da impunidade da corrupção peculiar, escava, e com isso destrói o cabo de fibra óptica da Net. Quem paga os prejuízos daí decorrentes, difíceis de avaliar, mas com toda a certeza de milhões de dólares perdidos. Isto é o mais vil crime não contemplado na Lei contra os Crimes da Internet.
E as manifestações dos povos do bairro Cazenga em Luanda, e dos professores na Província do Bengo, adiadas devido aos excessivos dispositivos policiais repressivos, concentrados nos locais das manifestações, como noticiado na Rádio Ecclesia?
Angola segue o caminho irremediável das outras ditaduras que tudo reprimiam, reprimem. O regime está no estádio da paranóia, a etapa final de uma ditadura. Quando tentamos alterar o rumo do kissonde, sabemos o que acontece. O kissonde, formiga, toma novos caminhos, isto é, novas formas de luta contra quem o obstaculiza.
E com a nossa frota de pombos-correios, a nossa Internet voa alto e rápida.
E os senhores do petróleo investem na destruição de Luanda, que prossegue a passos de gigante. De apetite tão voraz, que até os passeios das ruas não lhes escapam. Estamos completamente sitiados pela negociata aberrante e mortal dos geradores eléctricos. Pergunto: quem conseguirá viver nestas condições? Quem? Só os loucos que nos comandam. Remanescentes ruínas de uma luta primitiva de opressão nacional. Em poder dos latifundiários e dos bancos salafrários.
Convém insistir que enquanto não tivermos uma universidade em condições, água, energia eléctrica, Internet, o flagelo da feitiçaria e da corrupção... já não existem borboletas sorrindo para as flores.
Não vais mais regressar, mas os teus sorrisos, a tua voz, permanecem, assim como os encantos do teu doce olhar.
O teu espírito paira nas nossas mentes tristes, sempre na recordação que colocavas no amor, sempre na preocupação da tua imensa atenção.
A morte é a recordação da vida, o que os vivos sentem.
O pó do tempo acompanha a morte e lá todos nos reuniremos. Todos temos um lugar assegurado, não há pressa. Tudo se compõe de morte. Entretanto vamos vivendo na ilusão da vida, enquanto o abraço da morte se faz sempre presente. Parece que teimamos em viver, como se nunca acontecesse o morrer.
Mas as doces recordações alimentam as nossas inspirações. A vida é um ténue momento de um sonho irrealizável, porque a morte se lhe sobrepõe.
É o combustível do amor que inaugura a vida. As nossas emoções são os desejos incontidos da incompreensão do amor.
O paraíso é, pois, a morte, a libertação da bestialidade da vida.
O navio do destino sulca as águas, e nas suas amuradas debruçamo-nos contemplativos, revivendo os sonhos desfeitos, rumando na única certeza que nos aflige: a morte.
Descansa em paz no lago, na vegetação e nas montanhas circundantes. E que a sua beleza efémera te acompanhem, te saúdem. Que nós vivos, por mais que façamos nunca venceremos nenhuma batalha do exército da morte.
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