sexta-feira, 22 de julho de 2011

Críse de liderança na Unita é um retrocesso para a democracia angolana


Hoje, 22 de Junho de 2011, a actual direcção da União Nacional para Independência Total de Angola (Unita) cessa o seu mandato e a partir de amanhã, a direcção será ilegítima enquanto a mesma não convocar o tão esperado congresso dos maninhos.

ANGOLA24HORAS

A críse de liderança na Unita é um passo de retrocesso para a democracia angolana após 9 anos da chamada paz, porque a democracia em Angola depende estreitamente do bem estar interno dos principais partidos políticos.
Se a Unita não consegue arrumar a sua própria casa, é natural que os angolanos estejam cépticos com o tipo de liderança que essa formação política pode propocionar ao país.
A críse interna da Unita, sendo o partido da oposição com mais assentos no sistema legislativo, afecta a incipiente e diminuta democracia angolana por haver violações dos princípios democráticos que o partido julga aderir.
Sendo o principal partido da oposição angolana, a Unita, que se reve como uma formação política alternativa para governar Angola, deve reflectir sem óbvias sombras de dúvidas, os princípios de liberdade, união, transparência e democracia, se ainda sonha em um dia ser o elemento crucial na direcção deste país que tanto clama por esses valores.
Infelizmente, embora que a Unita profetiza valores democráticos, o partido, actualmente practica o jogo sujo e ditatorial do MPLA por censurar, intimidar, agredir os seus próprios militantes e infelizmente despois de hoje, o líder da Unita, Isaías Samakuva, passa a assemelhar-se ao ditador José Eduardo dos Santos pela sua ilegitimidade no poder.
Quais são as razões da não realização do congresso que pode garantir uma transição ou continuidade de liderança de forma democrática? Quão grave são estas razões que levou a demissão do secretário para informação da Província do Uige? Porque que vários secretários provinciais (JURA, Lima e do Partido) prometem se demitir caso não se convoque o congresso para este ano? Porque razão a direcção da Unita censurou a JURA a não debater o assunto sobre a realização do congresso na sua reunião em Benguela? Porque que o secretário-geral da JURA, Mfuca Fuacaca António Muzemba, está a ser victimizado por tomar tal iniciativa? Porque razão o militante Joaquim Muafumba Icuma, ex-ministro, foi agredido por dizer que Isaías Samakuva “já deu tudo que tinha para dar”? O porque que a direcção da Unita não se pronuncia no assunto mas impede outros a questioná-lo? Não é isto autocracia? Não é isto violação de direitos de liberdade de expressão?
Depois da longa guerra civil em Angola, muitos à nivel nacional e internacional têm percepções horríveis acerca da Unita pela propaganda que o MPLA fez ao longo dos anos e, actualmente o partido dos maninhos tem tido a tarefa difícil de convencer as mentes o contrário de tudo o que foi dito à seu respeito mas estes incidentes recentes torna difícil as pessoas acreditarem que a Unita é realmente um partido político democrático como alega.
Noutro lado, a razão pela qual convoquei a manifestação do dia 7 de Março deste ano, não foi precisamente pelo facto de que José Eduardo dos Santos está no poder à 32 anos mas sim porque apesar da extrema miséria e a ditadura existente em Angola, dos Santos não mostra índices de transição legítima, transparente e democrática do poder político em Angola após 9 anos da chamada paz.
Do mesmo modo que pode ser explicável a não transição política concreta durante os horríveis 23 anos de poder de graça de José Eduardo dos Santos que terminou pela morte do malogrado Jonas Malheiro Savimbi, os longos anos de liderança da Unita por Jonas Savimbi também podem ser explicados e entendidos no contexto de guerra que assolou tudo e todos no território angolano.
O debate de quem foi o real culpado pelos 27 anos de guerra civil em Angola, é assunto a ser debatido noutra ocasião mas os longos reinados, tanto de Jonas Malheiro Savimbi, como de José Eduardo dos Santos até 2002, embora dolorosos, foram anos de confrontos políticos interpartidários onde intencionou-se a democratização de Angola mas que infelizmente terminou nesta autocratização em que vivemos hoje.
Hoje, no tal dito tempo de paz onde felizmente os princípios democráticos paulatinamente estão a fazer-se sentir, o silêncio da direcção da Unita quanto ao congresso, desvaloriza os esforços democráticos evidados e questiona as verdadeiras intenções dos líderes desta formação política.
A actual direcção da Unita tem a obrigação moral, profissional e patriótica de esclarecer as razões na qual não se realizou o congresso da Unita até o dia de hoje, tanto aos militantes do seu partido como a Nação Angolana em geral e, o partido deve imediatamente marcar a data para a realização das mesmas vistos que cessou o mandato da actual direcção.
Lembrem-se que o mundo moderno cansou-se de criar homens-deuses e optou por estabelecimento de instituições democráticas superiores à qualquer líder.
O esclarecimento e a realização do congresso não é um favor a ser feito a ninguém mas um dever patriótico obrigatório pela democrácia e transparência de Angola e de quem se acha dígno do voto e confiança do povo angolano.
Em Anonimato NP Aangola24horas

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