quinta-feira, 28 de julho de 2011

NAUFRAGANDO EM CENTRALIDADES


O rio Kwanza é uma das nossas maravilhas, mas as suas margens estão violentadas, carregadas de munição, de repressão.
Parafraseando: violentas se dizem das manifestações, mas não se diz violento o poder que as oprime.
A tua beleza derruba-me os dias, mas fortalece imenso o meu coração. E quando as cabeças não funcionam, sai pancadaria.
Nos nossos jardins arrancamos as ervas daninhas, corruptas. Na governação não arrancamos a corrupção, porquê?! Em Angola, pobreza também é uma mina inesgotável.
Não é construindo muitos hospitais que se acabam com os problemas da saúde. Pelo contrário, acabando com a corrupção, que automaticamente acaba com a pobreza, a saúde das populações torna-se um facto, e a construção de mais hospitais desnecessária. Porque a pobreza também é uma negociata de quem nos governa.
Quando daqui a mais ou menos dois meses, o Novo Código Penal entrar em vigor, não haverá mais manifestações. Disse o jurista, Pedro Kaparacata na Rádio Ecclesia. Ele referia-se, que não serão permitidos ajuntamentos de pessoas. E em Luanda proibiram-se os passeios das ruas. São para uso exclusivo das construções anárquicas do nosso principado
E esta governação não sabe que a população necessita de unidades médicas para a sua saúde. O mais importante é a aposta numa população doente, mórbida, matadouros humanos locais, municipais, centrais nas centralidades.
Os velhos eleitos doentiamente agarrados ferreamente ao poder nele apodrecem e apodrecem-nos. Uma cidade e um país têm regras de convivência. Nunca se viu, ou imaginou, tanta apetência por destruição. Até as famílias destruíram.
Apenas uma coisa tem regras: a sofreguidão pelo manancial do ouro petrolífero que lhes cai nos bolsos exclusivos. E ousam, como resposta, exortarem-nos com uma nova vida no inferno, e ninguém lhes dá a tenaz da manifestação para acabar com a corrosão da corrupção. Quanto mais tempo ganharem, também os tumultos evoluirão até se descontrolarem. Tudo o que acontece, já não existem palavras para o definir, resta apenas uma: inqualificável.
Luanda é uma destilaria de gasóleo. Quem é que não lhe sente o cheiro? Vejam a apreensão de Dedaldino Conceição no Facebook: Cheira a gasóleo, cheira mal, cheira a Luanda. Não consigo entender como não se arranja uma solução para a luz no país. Tanta água, tantas barragens e hoje o anormal é não ter um gerador, como se vivêssemos todos no mato. Pelo ministério de tutela já passaram "n" ministros nenhum com um projecto a médio, longo prazo. Estamos a caminho dos 40 anos de independência e os problemas são sempre os mesmos. No fim-de-semana, descobriram as ligações clandestinas da água como se não soubessem, aliás como se tivessem encontrado ouro. Para mim sempre houve conivência com os administradores. Há tempos um episódio caricato na TV angolana. Durante anos a fio, água só de cisterna em pleno Alvalade, quando as casas adjacentes tinham-na da rede normal. Investigou-se, afinal os directores decidiram fechar os canos para permitir que os seus camiões cisternas abastecessem a empresa e pudessem ter lucros semanais. Autêntica roubalheira que acredito se estenda à energia que não temos. Muitos lucram com o negócio dos geradores.
E para tudo isto funcionar, o que necessitamos é de uma comissão eleitoral independente, se isso não acontecer, vai sim senhor o vulcão acender, estender.
Sem uma comissão eleitoral independente, sem uma rádio, por exemplo a Ecclesia em toda a Angola, sem liberdade de imprensa, sem liberdade de expressão, sem liberdade de manifestação, imposição do terror, prisões arbitrárias. Não dá para participar num acto eleitoral, mas sim numa grande palhaçada, em que já se sabe qual é o palhaço vencedor. Angola necessita urgentemente de paisagistas.
É uma cópia fiel dos tempos da escravatura: o senhor está no casarão, ordena aos seus capatazes que muito solícitos, bajuladores, de chicotes nas mãos dirigem-se para os locais sórdidos que servem de habitações aos escravos, aos que lhes pertencem como propriedade pessoal. Não têm direito a nada, quando tentam construir algum casebre, este é logo arrasado. Não têm direito a água, por isso aproveitam a urina para beberem. Só quando forem para as plantações conseguirão beber algo… se chover. Iluminação nem pensar porque o senhor dos escravos a proibiu devido aos custos elevados das velas. Não se pode gastar dinheiro com escravos. Quando morrem, coisa mais natural, substituem-se logo por outros. Escravos são o que não faltam por aqui. Alguns já tentaram manifestar-se e foram amarrados e chicoteados até à morte. E muitos são amarrados e chicoteados por puro prazer. E vão trabalhar de sol a sol sem nada para alimentar. A comida que existe (?) está podre, é importada assim pelos seus capatazes. É a vida de todos os dias neste casarão, de apenas um patrão.
Isto está a tomar contornos horripilantes. Há pouco um jovem entre os quinze, dezoito anos, devido ao frio, deitou-se no lixo e tapou-se com ele. Primeiro seleccionou os cartões de papelão e depois espalhou o resto do lixo por cima a fazer de manta, porque não tem onde se recolher… não tem pátria, só quem a tem são os senhores do petróleo. Um segurança aproximou-se e intimou-o a abandonar o local, porque o carro da recolha do lixo não tardaria a passar e poderia carregá-lo como lixo, o que na realidade ele já é, como outros, muitos mais milhões, SÃO, SOMOS LIXO! E ele, renitente, lá abandonou o local quentinho, a sua casa de ocasião, de papelão. De seguida apareceram mais seis jovens abandonados pelos lucros petrolíferos, fuçaram, fuçaram, espalharam, seleccionaram o que acharam, tinha importância. Bom, quem não tem nada, qualquer coisa no lixo lhe serve.
Quanta mais corrupção grassar, mais miséria, tumultos violentos vão rebentar. E se o lixo da corrupção não for imediatamente removido, isto está mesmo muito f……
É que estou a ver coisas inimagináveis.
Os campos de concentração nazis tinham água e electricidade 24/24 horas, e uma tarimba para dormir. Mas que recordação: Sem informação não há oposição.
Onde o patrão está, a miséria galga as mais altas montanhas do Mundo. Não há terra que chegue para enterrar os cadáveres desta recordista mortalidade infantil. E se continuar com o nosso cativeiro do poder imposto, de Angola restará apenas um pequeno monte de cinzas, e das suas populações também apenas esqueletos. A sua missão é pois de exterminação. E os escrivães da corte/principado dizem que agitação ou qualquer convulsão nunca atingirão Angola. Os bobos da corte referem-se ao que se passa nos outros países, incluindo a Europa democrática onde há protestos contra a democracia dos ricos e a democracia dos pobres. Já antes os nossos bobos de serviço garantiam que o choque económico do Subprime, ou seja o que for, nunca atingiria Angola. Porque Angola, nunca é demais repetir, é especial com um patrão, um partido e um governo especiais. E também com uma corrupção super especial. Mas esta ditadura é diferente das outras? Em quê?
Então, e especialmente para o circo de bobos, atentem no texto a seguir do
Africamonitor.net: Em certos meios diplomáticos é especialmente comentado o caso de Mihahela Weba, uma jovem jurista (AM 559) pertencente a uma família tradicional de Luanda, que já foi membro da JMPLA. É nitidamente marginalizada sua vida académica, mas também sua mãe, Josefa Weba (ambas com mestrados na Universidade de Coimbra).
3 . O carácter ambíguo notado na política de reformas do regime é encarado com preocupação em meios internos e externos que, em geral, vêm o fenómeno como potenciador de riscos de convulsões capazes de produzir efeitos nefastos em toda a região, devido à dimensão da natureza geopolítica do país.
Casos concretos registados:
- Numa reunião recente do BP do ANC (George Hotel, arredores de Pretória), e à margem da mesma, foram feitas alusões à “situação de impasse” em Angola; a tónica geral das apreciações foi a de encorajar o PR, Jacob Zuma, a apelar a JES no sentido de acelerar reformas.
- Hillary Clinton, em Adis Abeba, exortou os dirigentes africanos a porem em marcha reformas democráticas, destinadas a pôr termo a “antigas formas de governar”, sob pena de os seus regimes se exporem a riscos; declaração de sentido geral, mas interpretada como tendo Angola entre os destinatários.
- Mo Ibrahim advertiu especificamente os responsáveis angolanos a lançarem reformas políticas e outras, na ausência das quais o regime poderia cair.
4 . No próprio regime do MPLA estão identificadas figuras que, de forma discreta, defendem a urgência de reformas no sentido de um afastamento real de modelos e métodos políticos do passado, que de facto ainda perduram, assim como de uma efectiva promoção de justiça social.
Um ponto de vista comum a tais figuras, nalgumas das quais se notam atitudes de crescente animosidade e distanciamento em relação a JES, é o de que naturais influências de Angola estão a ser ofuscadas em favor da África do Sul, esta cada vez mais prestigiada e considerada internacionalmente como parceiro regional fiável.
Entre os descontentes são conhecidos gestos como o de preterirem ostensivamente a definição Executivo, de uso ultimamente generalizado para identificar o Governo (a terminologia Executivo terá sido imposta por JES como forma de estabelecer uma afinidade mais estreita entre o mesmo, como chefe do executivo, e o Governo).
Só estaremos serenos se o que nos rodeia também estiver. A serenidade é algo que devemos cultivar quotidianamente, só assim atingiremos qualquer êxito, a nossa alma rejubilará e o amor também.



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