Paris - A UNITA em
França dirigiu nesta terça-feira, 29, uma carta aberta ao ministro dos Negócios
Estrangeiros francês, à imprensa e aos defensores dos direitos humanos naquele
país denunciando o governo do Presidente angolano pelos abusos cometidos em 35
anos no poder.
Fonte: Lusa
Club-k.net
O
Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, é recebido hoje no Palácio do
Eliseu, em Paris, pelo Presidente francês, François Hollande, por ocasião de
uma visita oficial para reforçar as relações entre os dois países.
"Na
Angola do senhor José Eduardo dos Santos não há progresso humano ou económico,
menos ainda político. Ao invés disso, ele dirige o país com mão de ferro há 35
anos como um partido único e a dita democracia faz-se ainda esperar",
referiu a carta aberta da delegação da UNITA (União Nacional para Independência
Total de Angola, na oposição) junto da diáspora angolana em França.
De
acordo com o documento, "todos aqueles que se opõem aos ditames do senhor
dos Santos, definham nas prisões ou são simplesmente suprimidos
fisicamente".
"(...)
Os dirigentes [angolanos] torpedeiam sem cuidado sobre qualquer tipo de acordo
ou compromisso político, que vise levar permanentemente a paz e a estabilidade
social, que a maioria do povo angolano reclama com determinação há três longas
décadas", sustentou ainda a carta.
O
documento sublinhou ainda que "sozinhos a bordo (do poder), submetem a
população angolana à fome mais lancinante. Isto, sem lhes dar uma oportunidade
de sair do caos que reina em todo o território nacional".
"O
MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola, no poder) lidera uma
campanha desenfreada fazendo crer que estão a implementar o multipartidarismo
em Angola. Na realidade, não há nada disso! Esta abertura política, da qual se
vangloriam tanto, não passa de um simulacro de democracia", indicou ainda.
O
documento referiu as mudanças feitas na Constituição, criticando a forma pela
qual o Presidente deve ser escolhido, através de eleição indireta, pelo
parlamento, sendo uma forma de não permitir a participação de outros partidos
no Governo.
De
acordo com o texto da carta, há perseguição aos opositores ao Governo angolano
e mesmo o "assassínio de manifestantes", dando como exemplo o caso de
Alves Kamulingue e Isaías Kassule, assassinados por terem organizado uma
manifestação em 2012.
Na
carta, a UNITA afirmou que "a liberdade de imprensa é desrespeitada em
Angola", há censura, perseguição e a imprensa privada tem um "espaço
residual".
"Hoje,
o Presidente angolano, no poder desde 1979, enriquece a sua família com o
dinheiro do petróleo em detrimento do seu povo", acrescentou.
"A
produção petrolífera de Angola gira em torno de 1,625 milhões de barris por dia
atualmente, prevendo-se que para 2015 seja 2 milhões de barris diários. Isso
explica, em parte, que Isabel dos Santos, filha mais velha do Presidente de
Angola, seja a primeira bilionária africana", sublinhou o documento.
"A
maior parte dos angolanos vivem com menos de dois dólares por dia, numa miséria
extrema, num país que se tornou o Eldorado da África", referiu,
acrescentando que, muitos não têm acesso a água potável e a eletricidade.
"Nós
apelamos solenemente à opinião pública internacional em geral, aos investidores
e aos organismos defensores dos direitos humanos em particular, a estarem
vigilantes, porque o povo angolano sofre enormemente com os efeitos nefastos da
política do Presidente dos Santos e que não esqueçam que, antes do petróleo, já
havia um povo que sofre há cinco séculos. Um povo que precisa de
proteção", finalizou o texto.
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