Viaturas
atacadas, passeios destruídos, sinais de trânsito danificados e, de estrago em
prejuízo, as denúncias de vandalismo não param de aumentar na capital do país,
perante a passividade dos agentes da ordem pública.
"Partem
os faróis e os vidros dos carros, furam os pneus e, em alguns casos, também
vandalizam a via pública". O relato chega ao Agora pela voz de José
Fernandes, que viu a sua viatura danificada, "por se ter recusado a pagar
para estacionar" o veículo.
"Os
jovens lavadores de carros e engraxadores de rua, que frequentam os parques de
estacionamento e os largos de empresas, estão à frente destas práticas
indecorosas", acusa o luandense, que já apresentou queixa à Polícia contra
o que diz ser um esquema de coacção.
"Eles
ameaçam quem não queira satisfazer a suas imposições", conta José, que
viveu o ataque às portas do Governo Provincial de Luanda, na Maianga.
A
situação alastra-se por outras zonas do centro da cidade, segundo testemunhos
recolhidos pelo Agora, junto de taxistas e funcionários de empresas localizadas
na baixa.
RETROVISORES
DANIFICADOS POR SE RECUSAR A PAGAR 1.000 KZ
No
caso da professora Elisandra Gouveia, a Mutamba serviu de palco para os actos
de vandalismo.
"Um
rapaz, que aparentava ter 20 anos, ofereceu- se para lavar e controlar a minha
viatura nos arredores da Igreja do Carmo, na Mutamba, em troca de 1.000 mil
Kz", recorda a docente, que, tal como José Fernandes, sentiu no carro os
efeitos de um não. "Como recusei, encontrei a viatura com os retrovisores
danificados".
O
fenómeno dá expressão às estatísticas da Direcção Nacional de Investigação
Criminal (DNIC), que vem alertando para o aumento da criminalidade
infanto-juvenil. Segundo os últimos dados, divulgados na semana passada, em
2011 registaram-se 964 crimes cometidos por crianças e jovens, número que, em
2012, subiu para 969 e, em 2013, para 991.
EXCESSOS
NOCTURNOS REFLECTIDOS NA DESTRUIÇÃO DE SINAIS DE TRÂNSITO E ÁREAS VERDES
Neste
âmbito, outra situação constatada pelo Agora prende-se com a danificação das
sinaléticas de trânsito, nomeadamente nas ruas Deolinda Rodrigues, Estrada
Direita de Catete, Lweji-a-Konda, Ngola Kilwanje e Estrada Direita do Benfica.
"O
derrube dos semáforos e outros sinais de trânsito acontece com frequência nos
finais de semana, quando muitos jovens regressam embriagados das casas
nocturnas", relata Amadeu Jacinto, residente no Sambizanga há 22 anos.
Por
sua vez, a ambientalista Sónia Veríssimo lembra que os efeitos do vandalismo
também se estendem às zonas verdes.
"Há,
em quase todos os cantos de Luanda, jardins vandalizados, árvores perfuradas,
queimadas e pintadas indiscriminadamente", sublinha, apontando o dedo aos
taxistas e à juventude que, depois de uma noite de farra, extrapola os limites
da condução.
"Os
jovens estão a arruinar a ecologia, e a Polícia de ordem pública deve agir
antes que a situação tome contornos alarmantes", sublinha Sónia.
Sobre
a situação, o Agora ouviu uma fonte da 2.ª Esquadra da Polícia Nacional do
distrito da Ingombota, que garante estar a par dos acontecimentos, embora tarde
em apresentar uma solução.
"Temos
conhecimento da situação e estamos a coordenar directrizes de actuação, a fim
de dar resposta a estes actos de vandalismo".
O
Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos vai realizar, de 8 a 9 de Abril,
no Centro de Convenções de Talatona, a Conferência sobre a Cooperação Jurídica
e Judiciária Internacional da Comunidade dos Países de Língua Oficial
Portuguesa, com o tema: "A globalização e os crimes transnacionais - Os
instrumentos legais em matéria de cooperação cível, comercial e criminal".
O
certame, a ser aberto pelo ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Rui
Mangueira, visa capacitar os magistrados, operadores do Direito e os pontos
sobre os instrumentos jurídicos internacionais, bem como harmonizar os
procedimentos entre os Estados membros da CPLP. Visa também colher subsídios
para o enriquecimento do anteprojecto de lei da cooperação judiciária
internacional em matéria penal.
O
encontro discute ainda sobre a "Importância da Rede Lusófona e dos Pontos
Focais no âmbito da Cooperação Judiciária Internacional", além do estudo e
apresentação dos casos práticos e contribuições para a elaboração do manual de
boas práticas e modelos uniformes de todos os instrumentos de cooperação
(experiências dos diversos países da CPLP, na sua relação com outras redes).
Os
documentos a serem produzidos serão apresentados na próxima conferência de
ministros da Justiça da CPLP, a ter lugar este ano, na República Democrática de
Timor Leste.
AGORA
ANGOLA24HORAS
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