quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

A Origem da Grande Depressão de 2008 (XXIV). Novela


Enquanto existirem bancos, banqueiros e políticos, nunca haverá paz.
Banco Millennium Angola. Um banco fora da lei.

- Estás a falar da Igreja antiga, os tempos mudaram.
- Sim, mas a merda é a mesma. Com os bons exemplos que a Igreja deu, nações constituíram-se em grandes impérios. Para isso matavam e roubavam, e as populações que restassem, porque é impossível matar a todos, ficavam, e ainda ficam, a viverem como escravos. E ainda hoje o fazem. Depois da matança oram a Deus, a agradecer-lhe, talvez aborrecidos, porque não conseguiram matar os que desejavam.
- Elder, insisto… hoje, a Igreja já não é a mesma.
- Fazem algumas tentativas para darem a entender que mudaram. Mas a sua estrutura mantém-se. Sem alterações de estruturas não existem mudanças. Em dois milénios não conseguiram dar o bem-estar às populações. Pelo contrário, cada vez pior. Deviam pregar que as populações têm direitos, e quem os viole, deviam explicar-lhes que os esfomeados têm o direito de se revoltarem, para pedirem aquilo que lhes foi roubado. Mas, pelo contrário pregam a ideologia de Job. Isto é: vive na miséria que o Senhor no fim te recompensará, para que quantos mais esfomeados existirem melhor. Este é o terreno fértil em que a Igreja adora vegetar.
- Elder, não podem passar sem o Divino. A nossa alma, quando menos esperamos, sente-se vazia. Nas vicissitudes do quotidiano estamos constantemente a apelar para Ele. Vê o número da proporção divina que existe no Universo. Não sentes o equilíbrio do infinito do Universo?! Isso não te é revelador?! O nosso pensamento funciona como? Porquê?! Isso não é uma coisa divina?!
- Mas o que é que tu queres?! Neste momento só sinto o equilíbrio do infinito do Dão Meia Encosta. Toda esta merda tem uma explicação muito simples. É a história da acumulação mundial, em que meia dúzia ficou com tudo até hoje, e os outros ficaram sem nada. Quando tentam reivindicar os seus direitos, atiram-lhes com a polícia e o exército para cima. A História da Humanidade resume-se apenas nisto: Quem roubou, roubou, quem não roubou ficou sem nada. Por isso eu roubo tudo o que puder. E mais; a História da Humanidade é a história da maldade humana. É a história do ser humano, que sente imenso prazer em matar outros seres humanos. E digo-te ainda mais: neste mundo não há lugar para a compaixão.
- Já suspeitava que és desumano. Agora tenho a certeza… lembra-te que não é possível viver num mundo sem amor. Não entendo um economista formado na Alemanha, RFA, a proceder assim. Será que és mesmo economista?!
- Amor (?). Diz-me onde é que isso existe. Amor só em troca de bens materiais? Mas tu achas que uma gaja te abre as pernas por amor? Deixa de ser ingénuo. Contrariamente ao que tu pensas, gosto muito de plantas e animais. Não consigo matar formigas, abelhas, borboletas. Osgas, só no meu quarto existem umas seis, enfim…não gosto de matar nada. Mas mato baratas e ratos. Quem sabe se não estou a cometer um tremendo erro?
- Mas sem amor a humanidade extinguir-se-á.
- Deixa-a extinguir-se. Quem vier depois que se safe. O que interessa é viver o dia a dia. E na dúvida se sou economista ou não, tenho o meu diploma, e não é em vão que assino os documentos das empresas com DR.

Gil Gonçalves
Imagem: http://www.elpais.com/articulo/portada/Viaje/corazon/tinieblas/elppgl/20090111elpepspor_8/Tes

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