segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

O HOMEM REVOLTADO


Parafraseando Albert Camus: não dispararias tanto sobre as multidões se delas soubesses extrair o máximo.
Nas outras revoluções utilizavam-se pombos-correios, sinais de fumo, o tam-tam, e as revoluções aconteceram. Num futuro não muito distante, quando o pensamento for o meio de comunicação, as revoluções nascerão à velocidade da luz. Vêem-se nos rostos das multidões a avidez da retirada da máscara da democracia e da libertação que nunca aconteceram. Nada se moveu, apenas a avassaladora escravatura de alguns que lhe chamam a vida nova alicerçada nos comités de defesa da revolução. Finalmente os povos seguem a sua marcha gloriosa e o poder espera-os. E tudo se renova num jasmim amadurecido e noutro que desponta e nos perfuma a vida. Não é possível nos tempos de hoje viver lado a lado com ditadores. As suas mentes são como desertos muito ressequidos, a estalarem, a rebentarem, a abismarem.
Finalmente nos libertaremos das conceituadas duas democracias: uma Ocidental, e a outra? Vejamos a opinião de Mário Vargas Llosa, Prémio Nobel da Literatura: «A lentidão (para não dizer cobardia) com que os países ocidentais – especialmente os da Europa reagiram, vacilando primeiro face ao que estava a acontecer e, logo a seguir, com declarações vazias de boas intenções a favor de uma solução negociada, em vez de apoiar os rebeldes, terá de ter causado uma terrível decepção aos milhões de manifestantes que saíram às ruas em países árabes, pedindo "liberdade" e"democracia" e descobrirem que os países livres olhavam-nos com desconfiança e por vezes pânico. E comprovar, entre outras coisas, que os partidos políticos de Mubarak e Ben Ali eram membros activos da Internacional Socialista!»
Porque o senhor dos anéis da ditadura de quem se manifestar vai apanhar, nos deixará ouvir o despertar dos pardais, por quanto tempo mais? Os regimes repressivos esquecem-se de uma coisa muito simples: quanta mais repressão e terror, mais resistência criam, e originam o estado latente de revolta na população. Até que chega o ponto ómega limite. Não é assim que sempre sucede? E a conversa é sempre a mesma: de que somos os garantes da estabilidade, e a ameaça revolucionária de que «Há que se ter cuidado para ninguém confundir as coisas». Que somos um país com um governo democraticamente eleito com quase cem por cento de votos dos eleitores nas urnas, etc., etc. O Egipto era muito poderoso, e o seu ditador não imaginava tal coisa, e aconteceu, sempre acontece. Neste campo de concentração, qualquer chefe de campo é garantia de estabilidade, numa revolução sempre em marcha de quase cinquenta anos, que os chefes não sabem como vai acabar, mas nós, os sem futuro, sem terra, sem casa, sem petróleo, sem diamantes, enfim, os desta cabana do Pai Tomaz sabemos. Mais, os prisioneiros neste arame farpado, sabem-no muito bem. Nas câmaras dos palácios ouvem-se com deleite as notícias palacianas. Nos miseráveis guetos, escutam-se os noticiários especiais das ruas, dos esgotos na companhia inseparável dos ratos. E este é um palácio com milhões de deserdados, esfomeados, sempre em prontidão combativa. São eles que depois dominam as ruas da miséria, e fazem o poder soçobrar. Os países não dependem de pessoas, dependem isso sim, da justiça das suas leis. Se a justiça funciona, tudo bem. Se em contrário, as pessoas que governam, os corruptos, o fazem falsamente para enriquecerem, e como tal, mais dia menos dia, vergonhosamente cairão. Atente-se no alerta do «Canalmoz canal de Moçambique. «É preciso que se entenda e se compreenda em todas as suas consequências que governar não é exactamente o mesmo que ser comissário político ou especialista em retórica e demagogia. Impõe-se repensar profundamente o que significa governar um país. O compadrio e a auto-protecção vigente entre os regimes da África Austral não vai ser suficiente para travar os ventos da mudança. Os cidadãos estão manifestamente esgotados e já não aguentam mais tanta sujeira governativa».
O desejo que não se sente, permanece insensível. Os nossos sentidos, perseguidos pelas vendas do sistema inconsciente, cumprem, compram de acordo com as instruções programadas da ditadura. Há muito que deixámos de ser quem somos, seguimos numa estrada ao ritmo do consumo da imposição que os nossos sentidos só distinguem, uma direcção: o rumo do conhecido, porque do desconhecido nada sabemos, porque não nos deixam. Receiam que o lado misterioso da vida surja e nos revele a verdade. Aqueles em quem votámos conduzem o nosso destino para o grandioso Vale da Morte e da Miséria. E ainda acham que são iluminados, garantes do nosso quotidiano e do nosso futuro. E continuamos neste marasmo porque nos cercearam os segredos das pirâmides. E já não sabemos construí-las. Cada vez mais nos limitam, nos roubam o tempo, até que fiquemos irremediavelmente sem ele. E depois, que faremos? É possível viver sem tempo?
A mãe acariciava a cabecinha da sua tenra filhinha, mas não conseguia que ela parasse com o choro. Não, não tinha fome, também não estava doente, estava sã, bonita como a sua progenitora. Mas, porque não parava ela então de chorar? Já se tinham vasculhado e debruçado muitos médicos com as suas medicinas, mas nada. Até que desencantaram um médico místico, desses que alcunham de malucos, mas maluco hoje em dia é quem sabe das coisas, e ele, num ápice curou-a. A doença? Era mais uma vítima da epidemia desta civilização ditatorial.
Descansar, navegar, andar, e sonhar o amor, como num rosto feminino de donzela a jardinar no perfume jasmináceo. Com amor nasce uma mulher e um jasmim. E os seus perfumes enaltecem-nos, porque com amor a nossa mãe nos gerou. E com amor serás sempre mãe, e nunca te lamentarás. Com amor serás universalizada, imortalizada, e pelos jasmins libertada.
Hércules é a força, os partidos políticos são a farsa, a nossa forca. A nossa fraqueza reside na actual classe política da democracia bancária e petrolífera.
Sais de casa, entras na rua e nela te perdes. E no entanto caminhas por instinto, como todos fazem automaticamente. E nessa ruidosa agitação não consegues pensar, essa função primordial, fundamental das nossas aspirações ultrajadas. Movemo-nos sempre nas ondas revoltas do mar multitudinário, sem tempo para amar, sem tempo para sonhar. Apenas para lamentar o passado, na esperança que finalmente inventem a máquina do tempo, e nela viajemos no infinito do amor e do sonho. Está muito difícil reencontrar o amor, porque o diabolismo espreita-nos, espera-nos nos penhascos dos palácios. E te augura: sem amor nunca serás minha, nem de ninguém, nem de ti.
Há muito que o dinheiro do petróleo destrói Angola e os angolanos. Há muito que sabemos que errar é humano, mas errar com o dinheiro da ditadura do petróleo é muito desumano. E nos seus discursos, os nossos bajuladores-peritos das relações internacionais lembram-nos o Estado Novo dos antigos ministros das colónias. Como as obras da ditadura chinesa que não duram muito tempo, os materiais são de má qualidade. E aprestam-se aqui como novos colonizadores autorizados por quem de direito. Chegam nas mulheres que vendem cigarros e ameaçadoramente exigem-lhes dez kuwanzas por um maço de cigarros que custa cem ou duzentos kwanzas. Agem com total desprezo pelas cercanias das suas obras em construção. No afã de despacharem o trabalho, atiram, desviam a saída das águas para a vizinhança. Facilmente se adivinham os prejuízos materiais e mortais das chuvadas.
O que faremos de uma igreja ainda de concepção medieval? E enquanto nos palácios os ditadores festejam, nas ruas as populações abandonadas na miséria revoltam-se. Há tempo para o Senhor amar, e tempo para as ditaduras derrubar. Viver numa ditadura, é como caminhar numa noite terrivelmente nebulosa. Todos os caminhos esburacados, abandonados, onde a miséria impera, conduzem-nos à abominável tirania da ditadura, ao nosso futuro asfixiado. Viver sob a ameaça constante de qualquer ditadura, os nossos pés tropeçam nos cadáveres assassinados dos opositores políticos, ou apenas dos de delito de opinião. A independência ainda não chegou, apenas mais se escravizou. Quando uma ditadura que se diz democrática, e se reforça no socialismo cientifico, promove a proibição de manifestações pacificas, e envia todo o seu aparato policial e militar repressivo para as ruas, significa que está em pânico, e o seu fim, como é óbvio, está com os discursos contados. E o notório das ditaduras é o apoio que as democracias lhes dão. E então, quando naquelas ditaduras especiais do petróleo, onde se implantam democracias fantasmas. Ó ditaduras e reinos! Da maneira que as coisas estão, pela banda não é muito difícil perceber o que em seguida vai suceder.
Os ventos da nossa alma: e por entre tempestades se movem ainda os nossos anseios subjugados, milenarmente destroçados. E no poder insistem bárbaros ditadores que nos fecham nas masmorras odientas em nome do amor. Mas os ventos sopram os ditadores para o seu local de origem: o Inferno. Que estranho, até as flores se regozijam na sua beleza liberta. O Sol libertou a sua luz e os insectos renovaram o seu trabalho de adoração floral. A Natureza comovida abraçou-os e reiniciaram a dança do dia-a-dia. E todos se extasiaram, festejaram. Rápido, o fim do dia aproximava-se, o Sol escondia-se. E já todos cansados, regressaram aos seus locais de descanso. A seguir outro dia virá, e outra vez se festejará.
Sim, a festa do terror que nunca falta em Luanda: Polícia antiterror ao ataque. No dia 21 de Janeiro, cerca das dez horas da manhã, nas imediações do Zé Pirão: Sem garantias de empregos, sem direito a um kwanza do petróleo, apenas o direito à mais inescrupulosa escravidão, os jovens vendiam óculos para sobreviverem. A polícia antiterror atacou-os, destruiu-lhes os óculos e prendeu-os. Os que roubam o erário público e as suas empresas que sistematicamente fogem ao fisco, a especulação imobiliária criminosa, esses estão felizes da vida. O nosso futuro é cada vez mais incerto. O que nos acontecerá, ou virá a seguir? Outro Vesúvio, certamente.
É importante não esquecer que Angola ainda não tem contabilidade organizada. É intencional, claro. Ora, como inexistente é fácil roubar à vontade. Convém notar que o poder tudo faz para que a contabilidade não funcione. A que existe não passa de uma brincadeira. E o dinheiro desaparece muito facilmente sem ninguém dar conta. Só depois quando se está com a corda no pescoço, alguém aparece a dizer que estamos muito mal de finanças. O que é muito elementar, tipo creche. Estamos bem entregues e muito mal tramados. Trinta e dois anos sempre com as mesmas pessoas, sempre com os mesmos discursos. Não resolvem nada, muito pelo contrário, tudo piora, se complica.
Quanto à Igreja, se ela quisesse, há muito que este poder nos deixaria em paz. Mas não, a Igreja bebe e come do mesmo prato petrolífero. O petróleo também é uma religião. E não se pode servir a dois onshores e offshores ao mesmo tempo. Isto é, a mais estas duas ditaduras: deus e petróleo.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A rua do sol nascente


Estou com as catorze horas da tarde no vulcão solar da terra. É que o ar não está quente, está ardente, como se o inferno adquirisse morada, e daqui não mais desejasse sair.
Desloco-me na rua dos cidadãos sem pátria, onde qualquer automóvel depois de a passar, deixa um rasto de pó vermelho da cor da miséria. A azáfama é a habitual. Bebés que passeiam nas costas das mães, enquanto elas se esforçam na magnetização de alguém, a maioria utiliza o feitiço, que lhes compre algo da escravidão da sua sobrevivência.
A ronda dos ditadores faz-se omnipresente com exército, guarda presidencial, forças de segurança especiais, polícia anti-terror, polícia secreta, e outras tantas forças apenas para carregarem sobre as populações se ousarem manifestar o seu descontentamento. Vida de ditadura é repressão permanente de canhão.
As desgraçadas estão na rua porque lhes espoliaram as lavras, as terras, destruíram-lhes as casas, a que lhes chamam de casebres, e onde antes vendiam edificaram palácios pagos com dinheiros ilícitos. Aliás, tudo se compõe de ilicitude. Mas não é por demais evidente que casa de espoliado é casebre? Os maridos, os idiotas que acreditaram na tal luta de libertação, esperam pela mesada em vão. Só a tudo têm direito quem é eleito do partido da família sem restrição.
Os ataques dos polícias são constantes, esvoaçantes, verdejantes como as moscas de bojos possantes. Os cumpridores da lei ficam contentíssimos quando lhes ordenam executar a lei nas zungueiras e similares, que é o que existe demais. E atiram-se desumanamente sobre as infelizes que nasceram por muito azar num Golfo da Guiné onde o petróleo transpira por todos os poros. Aqui já não existe terra, nação, pátria, população, mas apenas o martírio diário dos barris de petróleo. Mas os polícias não vão policiar as empresas e os empresários da corrupção, não. Apenas policiam a estrema pobreza da expiação. E carregam à Khadaffi sobre as miseráveis que totalmente indefesas, são tratadas, injustiçadas, queimadas como feiticeiras. E os barris de petróleo sucedem-se, enquanto nos palácios da ditadura se festeja mais um acontecimento importante: o preço do petróleo sobe, sobe… dá e sobra para pagar a mercenários.
Frequentemente como se acompanhadas de nuvens de pó, passam desabridas escoltas de dirigentes fingindo que resolvem os problemas do povo, quando na verdade, resolvem os seus interesses pessoais e das suas famílias. Porque ainda existe a teimosia que governar é colocar toda a família no poder, para que se mantenham os negócios, os palácios, e a miséria das populações seja sempre abrangente. O povo é um jardim zoológico, com a diferença, de que no zoo é habitual darem comida nos animais, neste zoo humano não. Cada um que assalte o seu pão de cada dia.
A actividade da especulação imobiliária progride como coelhos que se multiplicam extraordinariamente: o único trabalho é alimentá-los e nascem, reproduzem-me epidémicos como os mosquitos do paludismo. De tal modo que dentro de pouco tempo não existirá nenhum local livre, porque tudo se destruiu com novos... estruturantes.
E dos muitos carros luxuosos pagos astronomicamente com as contas da contabilidade que não existe, descem novas-ricas na anedótica tentativa de imitação de figuras famosas do cinema e musicais, com reluzentes pulseiras de diamantes pagas a cento e cinquenta mil dólares. Enquanto na rua do sol nascente morre-se facilmente porque não se tem dinheiro para comprar coartem para curar a malária.
O nosso futuro é inevitavelmente revolucionário.
Assim não, porque a revolução é inevitável. Pode-se colmatar por agora, mas ela acontecerá, infelizmente com extrema violência porque ninguém está interessado em travá-la. Os milhões, biliões de dólares do petróleo são muito mais importantes que qualquer ser humano, cidadão angolano perdido na rua do sol nascente.

Imagem: flickr.com

Editorial. Quem tem medo de rever os contratos dos mega-projectos?


O Banco de Moçambique saberá melhor do que ninguém que os cofres estão praticamente vazios e se nada for feito isto poderá arder mesmo que desliguem as redes sociais e de telefonia móvel.
Estamos na terra do batuque. Não vamos esquecer que quando não há maçaroca para comer há maçaroca para bater. A própria Frelimo sabe bem que quando não havia sequer telefones foi possível levar a luta do Povo avante.

Maputo (Canalmoz) - Quem tem medo de rever os contratos dos mega-projectos? O que distingue os que têm medo de pôr os mega-projectos a render para o País, a render para o Estado, dos outros que insistem em querer que o assunto fique como está, aparentemente a render para alguém que se esconde? Porque será que o governador do Banco de Moçambique, Dr. Ernesto Gove, foi tão objectivo quando alertou o Governo da República que é mesmo necessário rever os contratos com os Mega-projectos para se salvar o País nesta fase tão delicada? Será que só ele foi capaz de perceber que o que se está a passar na África do Norte e no Médio Oriente pode acontecer aqui também?
Será que só o Dr. Ernesto Gove foi capaz de perceber que não tarda muito, se o Governo da República continuar com a sua política cega, a alimentar “pançudos” e seus veneradores, um dia destes os actuais senhores ministros já não terão muito mais a dizer e ainda menos a fazer que possa evitar uma explosão social sem precedentes que até o 1 e 2 de Setembro há-de parecer uma brincadeira?
Querem os senhores do Governo da República continuar a esquecer-se que o Povo já não pode esperar mais? Não compreendem que o Povo já não está a apertar o cinto na cintura? Não compreendem que o Povo já está a sentir o pescoço apertado e entre isso e a morte tudo o que possa suceder é gorjeta?
Acham que é possível com fome suportar-se mais este estado de coisas em que uns ditos “patriotas” de barrigas inchadas pedem aos outros que suportem as suas exibições de fausto, quais insistentes provocações, e ainda batam palmas à esperteza rara de meia dúzia de figurões armados em donos de Moçambique?
Alguém no seu juízo perfeito poderá julgar que o Governador do Banco Central de um momento para o outro enlouqueceu ao reconhecer publicamente que é hora de se ouvir quem tem vindo a propor a renegociação dos mega-projectos? Ou quererão que todos fiquemos a pensar que temos um governo de loucos?
Não será até que os próprios gestores e accionistas dos mega-projectos também já se aperceberam de que eles próprios já estão também interessados em rever as coisas para salvar o seu património?
Não será que o Dr. Ernesto Gove finalmente se convenceu que está a lidar com garotos, aventureiros, ignorantes e irresponsáveis que não entenderam que a “governar” (?) desta maneira vão todos voar como estão a voar todos os teimosos de outras latitudes que se sentiam com o rei na barriga?
Ernesto Gove está a alertar o Governo da República para os riscos que o País está a correr com as políticas de subsídios sem sustentabilidade como aliás o Canalmoz e o Canal de Moçambique vêm alertando dando eco a vozes com créditos há muito confirmados.
O País não tem mais por onde escolher. Ou o Governo acaba com os subsídios, revê as suas políticas absurdas, renegoceia os mega-projectos e dá uma moratória fiscal às empresas para ganharem novo fôlego sem ser através de mais um bluff como o novo subsídio às pequenas e médias empresas recentemente anunciado mas que não dá para tapar o buraco de um dente cariado, ou isto vai acabar muito mal.
Subsídios não resolvem nada. Só agravam a situação porque já todos percebemos que os subsídios não são aplicados aos seus propósitos, pois acabam sendo mais “sacos azuis” para os “pançudos” continuarem a farra. É preciso é que o Estado deixe mais dinheiro nas empresas, já que não faz nada. O dinheiro que o Estado recebe das empresas em impostos que o Governo derrete em farras, seria melhor empregue a pagar melhores salários.
O Governador do Banco Central teve o mérito de não se acobardar, pondo até o seu cargo em risco – numa atitude inédita, de grande honradez, que há muito não vemos na “ala dos namorados”.
Ernesto Gove provou ser homem para momentos difíceis. Acabou de se posicionar de tal forma que não lhe caberá daqui em diante qualquer responsabilidade se quem de direito preferir continuar a olhar apenas para o seu umbigo e de sua Família, como os outros seus pares distraídos, da Tunísia ao Egipto, a quem, mais recentemente, se juntaram outros, até aquele que queria ser o presidente de África e agora já diplomatas e amplos sectores das forças de Defesa e Segurança que lhe eram fiéis, fartas das suas mentiras e exercícios de ilusionismo, a passarem-se para o lado do Povo, honrando os militares e a diplomacia Líbia.
Kadhafi agora com as calças nas mãos passa pelo que até há pouco se julgava impossível. Pensava que montado que estava em tanto petróleo punha e dispunha dos seus concidadãos. Esqueceu-se que não há nada mais incendiário que o Povo revoltado, que o Povo oprimido, que o Povo enganado, que o Povo traído.
Deseja-se é que o civismo dos egípcios sirva de exemplo a outros povos. Os egípcios deram uma lição ao mundo. Souberam pôr a andar o ditador, evitando estragar o País.
Os mega-projectos já andam há mais de uma dezena de anos a exportar as riquezas do País sem aqui deixarem mais nada a não ser umas boas boladas para os bolsos de quem entre aldrabar eleições e encher as suas contas pessoais vai hipnotizando os pobres prometendo-lhes dias melhores e iludindo os outros moçambicanos fazendo-se passar por quem ama esta pérola do Indico mais do que ninguém.
O que o Governador do Banco de Moçambique disse não é mais do que reconhecer o que muitos cientistas liderados pelo IESE já vêm dizendo há muito tempo e ainda esta semana o professor Carlos Nuno Castel-Branco repetiu na sua aula de sapiência na “A Politécncia”.
Também muitos outros moçambicanos da oposição se associaram a esses cientistas e há muito que vêm pedindo ao Governo que renegoceie os mega-projectos para que eles passem a contribuir para o desenvolvimento de Moçambique de uma forma significativa e não apenas de uma forma caricatural.
Ernesto Gove e os seus assessores e colaboradores terão compreendido que a corda já está esticada demais.
O Banco de Moçambique saberá melhor do que ninguém que os cofres estão praticamente vazios – ou a supervalorização do Metical não fosse evidência de que se está já no vermelho.
O BM sabe que se nada for feito isto poderá arder, mesmo que desliguem as redes sociais e de telefonia móvel.
Estamos na terra do batuque. E não podemos esquecer que quando não há maçaroca para comer há maçaroca para bater.
A própria Frelimo sabe bem que quando não havia sequer telefones foi possível levar a luta do Povo avante.
O Banco Central saberá melhor do que ninguém que já não se pode continuar a brincar com coisas sérias.
O Governador do Banco Central tem de ser ouvido e respeitado.
É urgente que os senhores ministros que andam a defender o quinhão do Patrão Grande e os seus tachos acordem porque a temperatura do Sol já vai alta!… Muito alta mesmo!.. Nem os melhores aparelhos de ar-condiccionado conseguirão arrefecer o ambiente se a cegueira dos obnóxios persistir!...
É completamente irresponsável quem quiser continuar a ignorar que o rastilho do barril de pólvora já está a arder. Quem o apaga? (Canalmoz / Canal de Moçambique)

Imagem: falataquara.com

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

DINO SÁURIO


Os ditadores ao levantar e ao deitar tomam banhos de sangue. As suas vidas, as suas vestes e as suas famílias andam surpreendentemente tingidas pelo rio sangrento, vermelho de sangue. Até os palácios são decorados com o sangue das suas vítimas inocentes.
Há muitos e muitos milhões de anos quando os dinossauros instituíram a primeira ditadura, que não diferia muito da dos tempos actuais. Pois que ao longo da história e dos tempos, os ditadores são todos iguais.
Claro que o descontentamento era permanente, presente. E a nossa personagem, o Dino Saúrio, já ostentava bruta luxúria enquanto milhões de dinossauros viviam na estrema penúria. Dino Sáurio tinha um magnífico palácio construído no cimo de uma montanha. Para isso, destacou a desafortunada população que durante mais de uma vida escavou, esculpiu na dura rocha as instalações palacianas. Então, Dino Sáurio alterou as regras do estádio de futebol. Queria ficar ele e a sua família no poder, uma dinastia dourada pelo sol terno e eterno. Já não havia população, apenas um mar de escravidão. E quando contestado, Dino Sáurio dava lição de mestre saurisquiano: «Há que se ter cuidado para ninguém confundir as coisas».
O tempo passava, quase que não existia, porque Dino Sáurio o corrompeu. E quase trinta e dois anos amargurados, perdidos, perecidos no poder, onde apenas se destacavam as trevas do Além, que acenavam vitoriosas por tanta miséria circundante. Até que as populações dinossauras cansadas, fartas de aturar tanta injustiça, corrupção, brutalidade policial, e outros infindáveis roles, gritaram basta, e decidiram seguir os trilhos de uma manifestação. Mas Dino Sáurio foi rapidamente alertado pelos serviços da sua polícia dos documentos de lagarto. E no alto da fortaleza do seu palácio comunicou, amedrontou: «Alerto os dinossaurianos, quanto a não confundirem o que se passa nos países da Gonduana, com a realidade sáuriana».
E alguns conselhos e garantias foram jogados pelo governo de Dino Sáurio: «O povo dinossauriano já sofreu uma guerra que durou cerca de 30 anos, e há ainda os 14 anos de luta para a libertação do jugo colonial. Sabemos o que é que aconteceu, perdemos vidas, muitas infra-estruturas foram destruídas quase que não havia empregos para as pessoas e as famílias estavam desavindas. E neste momento estamos a trabalhar para a estabilidade do país». Mas os acontecimentos precipitavam-se, já ninguém acreditava numa palavra discursada pela ditadura. Havia um frenesi, um cheiro a perfume jasmináceo. E os sem futuro marcharam para a manifestação enquanto Dino Sáurio em pânico ameaçava nas alturas de uma sinistra falésia juncada de caveiras: «Nestas circunstâncias podem ser tomadas medidas sérias, porque o poder não pode estar nas ruas. Nós temos uma nova Constituição pedrada, e temos Leis, e é com base na Nova Constituição e nas Leis que temos no país que vamos agir. Quem se manifestar vai apanhar».
E de imediato Dino Sáurio ordenou aos seus comités de defesa da revolução, que os pterodáctilos da sua força aérea levantassem voo e atacassem os manifestantes com os seus bicos mortais e os devorassem. Era por isso que as lúgubres falésias estavam amontoadas de milhares de esqueletos. Mas já com muitas baixas e não tendo nada a perder, pois as suas vidas há muito que estavam nas mãos do Inferno, os manifestantes não recuavam até à vitória final. Mesmo atacados por um esquadrão especial de pterodáctilos que voavam a grande velocidade com os bicos em formação de míssil, os heróicos manifestantes gritavam: «Fora com o ditador!!! Fora com o ditador!!!». E em pouco mais de duas semanas, como numa antecipação do quadro pintado por Delacroix, onde a Liberdade conduz o seu povo para a vitória, as massas populares do socialismo científico preferiram a democracia de Péricles. O ditador e a sua família finalmente derrotados refugiaram-se num local secreto algures no Golfo da Gonduana. Entretanto os seus bens foram confiscados, o que prova que ditador é profissão sem futuro. E outra Ode à Alegria nasceu, cantou-se, e imortalizou-se a nobreza de um povo renascida e da sua identidade cultural reconduzida.

Imagem: bg4bg.wordpress.com



quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Protestos a prova de apagão. Stephanie B - Avaaz.org


Caros amigos,

Uma onda extraordinária de mobilização popular está inundando o Oriente Médio, mas os regimes autocráticos estão respondendo com violência – e apagões da Internet como no Egito. Vamos furar o apagão anti-protesto provendo tecnologia de comunicação via satélite para organizadores chaves dos protestos:

Por todo o Oriente Médio – Bahrein, Líbia, Iêmen e mais países, regimes autocráticos estão tentando esmagar a disseminação sem precedentes de protestos pacíficos, usando a brutalidade e bloqueando meios de comunicação. Estes países estão em uma encruzilhada entre a libertação e a violência – e a habilidade dos manifestantes conseguirem transmitir informações para o mundo poderá definir o resultado.

A Avaaz está trabalhando para “furar o apagão anti-protesto” -- garantindo modems e telefones via satélite, filmadoras minúsculas, transmissores de rádio portáteis e provendo equipes especializadas nas ruas – para permitir que os ativistas transmitam vídeos ao vivo mesmo com a Internet e linhas telefônicas bloqueadas, garantindo que os olhos e solidariedade do mundo fortaleçam estes movimentos corajosos pela revolução social.

O tempo disponível para entregarmos a ajuda está acabando, os regimes estão agindo rapidamente para bloquear as fronteiras e as conexões de Internet. Pequenas doações de 15.000 pessoas poderão financiar a tecnologia crucial e equipes de apoio onde a ajuda é mais necessária. Vamos contribuir para fortalecer aqueles que estão carregando o destino do Oriente Médio em suas mãos pacíficas -- doe agora:

https://secure.avaaz.org/po/blackout_proof_the_protests/?vl

As incríveis transmissões ao vivo da praça Tahrir no Cairo foram vitais para manter o apoio popular, ao expor a violência descarada do regime do Mubarak contra os manifestantes egípcios. Ao assistir aos protestos do mundo todo, centenas de milhares de nós assinamos a petição de solidariedade da Avaaz, que foi anunciada na rede de televisão Al Jazeera, mostrando aos egípcios que o mundo os apoiava. Hoje, líderes dos protestos no Egito dizem que o apoio mundial sobre a sua causa os ajudou a impedir que os momentos de violência se transformassem em tragédia.

Quando a censura da Internet se agravou, a Avaaz e parceiros trabalharam para enviar equipamento de Internet via satélite para os organizadores lá. Agora, Bahrein está se desdobrando para implementar o seu próprio apagão da Internet e nós temos a chance de prover um apoio fundamental para impedir a censura. O equipamento de comunicação e equipes de apoio vão ajudar os organizadores fazerem transmissões locais para organizar os protestos, se comunicar com outros ativistas na região e prover informações para o mundo se houver um apagão. Assim eles poderão contrapor a propaganda do regime e proteger os manifestantes através da exposição na mídia.

Se a mídia internacional for expulsa, os manifestantes poderão manter um canal direto e ao vivo de informações circulando pela Internet. Com os recursos captados, a Avaaz poderá despachar imediatamente os equipamentos e uma equipe especializada para o Oriente Médio.

https://secure.avaaz.org/po/blackout_proof_the_protests/?vl

Há momentos na história que o impossível se torna inevitável. Assim como a dissolução da União Soviética pouco antes da sua queda, as mudanças varrendo o Oriente Médio eram inimagináveis apenas um mês atrás. Mas o poder da sociedade tem uma lógica própria. Enquanto muitos de nós nunca pisou no Oriente Médio, a esperança deste povo está entrelaçada com a nossa e ao redor do mundo. Em momentos como este, é inspirador saber que a nossa solidariedade, em forma de esperança e ação, pode ter um pequeno papel em uma transformação histórica.

Com determinação,

Stephanie, David, Alice, Morgan, Ricken, Rewan, Maria Paz e toda a equipe Avaaz

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Não Alinho Com O General Dino Matross - Marcolino Moco




Luanda - Nos meus telemóvel e e-mail, recebo reiterados convites anónimos ( embora alegadamente orientados pelo plurínomo “Agostinho Jonas Roberto dos Santos”) para participar da manifestação que se diz vir ter lugar no dia 7 de Março, à semelhança e na sequência do que se vai passando no mundo árobo-muçulmano, com sucessos já consumados contra regimes pessoais, instalados durante décadas, na Tunísia e no Egipto; por enquanto.

Fonte: marcolinomoco.com Club-k.net

A Tunísia, o Egipto e quejandos
Se eu estivesse convicto de completas semelhanças do nosso caso com os precedentes tunisino e egípcio, mesmo que não tomasse parte da manifestação, apoiaria com certeza, a iniciativa, sem vacilar. O problema é que tenho muitas dúvidas sobre a pertinência dum acto dessa natureza, aqui e agora. Por tantas razões que enumerá-las e fundamentá-las consumiria tantos “rios de tinta” e tempo aos meus leitores, baseado na minha experiência pessoal e nas constantes reflexões sobre as lições da História, da Ciência e Filosofia Política e do Direito; e sempre partindo do princípio da necessidade da exaustão dos meios pacíficos antes de qualquer recurso a meios aventureiros que podem custar o preço de vidas ou da deterioração maior dos níveis de precariedade humana com que convivemos.

É evidente que se torna difícil adivinhar o que pode efectivamente resultar (de positivo ou de negativo) de tal tipo de acção, especialmente porque, sendo comandada por uma estrutura clandestina, não podemos avaliar os seus pressupostos organizativos para aquilatarmos da seriedade das suas intenções ou para se saber se não estamos perante uma simples brincadeira ou até um disfarce de quem menos se espera, a fim de tentar apanhar mais algum peixe nestas já intemperadas águas turvas.

É evidente também que não alinho, de modo nenhum, com o actual Secretário-Geral do MPLA, o General Dino Matross, quando depois de alardear um “Cuidado que isto aqui não é nem Tunísia nem Egipto!” tenta explicar que aqui os “donos do poder” nunca contribuíam para que tal tipo de analogias fossem estabelecidas. Na verdade, é nesta hora que mais uma vez se evidencia que tenho toda a razão em divergir com a actual direcção do MPLA sobre a forma como devia terminar a alegada transição de regime.

Com efeito quando, com o fim da guerra em 2002, se devia continuar a prosseguir a abertura do país às regras democráticas que encetámos em 1991-92, com o consenso de todas outras principais forças políticas e sociais e sem qualquer perigo para a supremacia do MPLA na sociedade angolana, empurrado pelo grupo presidencial (em que não se distingue onde começa a presidência do partido e acaba a da República) a direcção actual desse partido aceitou subverter todo um conjunto de princípios consensuais que acabavam de ser sufragados pelas eleições legislativas de 2008: foi retirado o direito adquirido dos angolanos de elegerem directamente o Presidente da República, mesmo com poderes tão expressivos que quase apagam a força dos outros poderes soberanos; o actual Presidente da República, nessa altura já com 30 anos de exercício efectivo do poder, foi reconduzido, sem eleição, para cerca de mais três anos com plenos poderes; foi eliminada a possibilidade de candidaturas independentes; a tudo isso junte-se o apagamento material de vários direitos fundamentais formalmente enunciados na Constituição, durante os dias que correm. Como é que querem que as pessoas não estabeleçam semelhanças com os regimes que pela África e pelo Mundo ainda não apreenderam que com fechaduras e autismos, mais cedo ou mais tarde não se vai a lado nenhum?

A História ensina que só regimes transparentes e respeitadores das normas consensualmente estabelecidas se subtraem à emergência de situações imprevistas e que por vezes podem ser incontroladas. Independentemente das consequências desses convites para certa manifestação, provenientes de alguma platónica caverna, uma lição deve ser tirada da sua simples alusão: como políticos deste tempo, deixemos de fazer da política um campo de exercício para os nossos próprios caprichos para fazermos dela um palco de transparência e promoção da participação de todos os cidadãos. Assim, nunca teremos, com certeza, o surgimento de convites clandestinos para manifestações, que são um direito consagrado interna e internacionalmente. Doutro modo, não estaríamos aqui apavorados nas nossas incertezas e desconfianças.

Temos que acabar de vez com os pretextos para acções clandestinas, neste tempo (que não começou ontem!) onde mais do que a riqueza material e o poder político que tanto ofuscam alguns, o conhecimento e as novas tecnologias de informação são o verdadeiro novo poder, ao serviço das liberdades e de outros direitos dos povos. Não há regresso na História. Só as aparências é que por vezes nos iludem.

A ditadura do Banco Millennium Angola colabora na matança da população, no melhor estilo Khadafi


O que pretende mais espoliar o Banco Millennium Angola?
Ilegalmente situado nas traseiras da rua Rei Katyavala 109, Zé Pirão, Luanda. Espoliou o terreno, mantêm um gerador que assassina lenta e seguramente para a morte os moradores do prédio. Agora, 13 Jan11, dois mercenários portugueses tiraram cerca de uma trintena de fotos, a quem estivesse ou assomasse nas varandas do prédio, e demais locais, como numa missão de espionagem. Pelos vistos procuram um pretexto para nos espoliarem o prédio. A banca portuguesa está falida, e Portugal também, claro. Agora vêm para Angola reiniciar outra guerra de colonização? Não lhes é suficiente a destruição de Portugal? Olhem! A situação económica e social por aqui está demasiado perigosa. Não acirrem mais os espíritos, porque só de pensar no que actualmente acontece, e a seguir acontecerá, causa arrepios.

A foto captada em flagrante delito não é demasiado convincente para julgamento e competente indemnização? Brevemente a justiça triunfará.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

DITADURAS EM CRISE


Para Jean Paul Sartre, História, é o movimento das multidões que aspiram ao poder. Bem-vindo à jangada desta democracia à deriva, neste sonho de liberdade que afinal é um terrível pesadelo. Todo o alvoroço social é sempre uma questão política. Sim, vamos indo na graça do senhor e de todos os santos.
Mas, as democracias têm sempre bons amigos ditadores que asseguram as suas sobrevivências. Quer dizer, sem ditaduras, não é possível a sobrevivência da democracia. Senão vejamos o que nos diz o canalmoz, canal de Moçambique: «Quando se trata de amigos é diferente o ânimo de denúncia de crimes que certos governos impunemente praticam contra os seus povos. Os ventos de mudança que sopram no norte do nosso continente e que se alastram às regiões vizinhas, com tendência para descer até ao Sul, começam a colocar os governos de países, com alegados regimes democráticos sólidos, na embaraçosa situação de terem, de repente, de colocar, nas respectivas agendas, questões tão elementares como o direito a eleições livres e justas, e/ou o fim de regimes totalitários ou autocráticos em países com constituições democráticas mas com práticas insanas. Se os países que violam os Direitos Humanos são aliados das potências democráticas, estas fecham os olhos. Com processos eleitorais viciados em muitos países africanos, as “derrotas” das oposições não se registam à boca das urnas, mas nos centros de informática e de bases de dados criados e sustentados financeiramente pela chamada comunidade doadora. Até querem saber, bem antes dos cidadãos irem votar, quem é a alternativa aos poderes instalados, como se a democracia pelo sistema de um homem um voto não fosse precisamente para se apurar qual é a alternativa pela soma dos votos. A benevolência perante a fraude está a desacreditar a democracia.»
A idosa carrega sessenta e dois anos, vinte e sete de colonialismo e trinta e cinco de ditadura de libertação. A sua perna direita está, pode-se dizer, danificada. Nem o cheiro do petróleo lhe chega ao nariz, porque proibiram-lhe de o cheirar. Vai na rua, foge da loucura do infernal trânsito da ditadura. Por milagre consegue alcançar o passeio, como um navio em porto seguro depois de uma violenta tempestade. A perna falha-lhe e quase a estatelar-se no solo, estica a mão e consegue apoiar-se no carro luxuoso de dois comendadores do nosso erário público. Um deles olha-a como se visse algo que transmite terror. Decerto, bem adestrado, apalermado nessas coisas do feitiço, amedrontou para a idosa: «Tira já daí essas mãos do carro.» A desafortunada, em nada contemplada por qualquer benefício petrolífero, ripostou-lhes: «Isto é tudo vosso, até já não se pode andar em lado nenhum. Para onde vão, o vosso carro também será enterrado ao vosso lado.» E a figura da grotesca nomenclatura, ameaça-a, em nome do poder do deus do petróleo: «Cala-te já, e não me faltes ao respeito.»
A poucos metros, um andarilho do lixo, escorraçado dos poços petrolíferos e diamantíferos, vasculha no supermercado popular dos caixotes do lixo algo que valha a pena para não morrer de fome. Hábito aliás muito agora em voga, pois há muita concorrência nos caixotes do lixo. Sinal de que o nosso PIB se fortalece. O andarilho do lixo carrega os seus sacos de compras. Não necessita de cartão de crédito, nem de qualquer outra coisa monetária. Esta é a sopa dos pobres dos eleitores da maioria que votaram… e acreditaram numa nova vida. O andarilho, o sem pátria, encosta-se à árvore rodeada de lixo. Desliza, deita-se com a cabeça encostada ao tronco da árvore. E ali fica, como se estivesse no seu casebre demolido. Já não tem forças para se mover, e parece que ali vai morrer. Em frente está um banco, mas os bancos não dão crédito a estas coisas. Os bancos estão aqui para desgraçarem as nossas vidas. Onde chegam, a paz acaba e os tumultos começam. A cada dia que passa, a vida foge-nos. Não é por acaso que Angola é invadida por estrangeiros, é um bom negócio. Eis os objectivos do milénio cumpridos a cem por cento.
Por vezes arriscamos as nossas vidas por causas que mais tarde se revelam completamente inúteis. Como é o caso deste poder, onde um general e um banco espoliaram as traseiras de mais um prédio, sob ameaças do estilo: tens os dias contados. E estrangeiros que nos roubam os empregos. Este poder é o cemitério no palácio da ditadura da opressão.
Trinta anos debaixo de uma ditadura, e mais trinta nesta. A mais velha estava na entrada do prédio a conversar, chegaram os fiscais da libertação estalinista, querendo arrastá-la. Porque ela estava com o saco das compras, e eles acreditavam que ela trocava dólares. Este poder vive no palácio arruinado da ditadura da opressão.
A liberdade e a democracia continuam um sonho. Há quatro anos atrás, o nosso filho de trinta, estava no Hospital Josina Machel. Necessitava de uma urgente transfusão de sangue A-. Apesar dos apelos na rádio, estava impossível. Já lhe dizíamos adeus. Até que um candongueiro do hospital disse que bastavam cem dólares. E o nosso filho salvou-se in extremis. E um médico amigo do comité de especialidade do Politburo abandonou-me por motivos políticos. Este poder é o zero no palácio da ditadura da opressão.
O que está a bater, o que está a dar, é a Igreja Mundial. Os crentes ao entrarem retiram-lhes as roupas sujas dos corpos e substituem-nas por outras lavadas. E mantendo este hábito acabam na riqueza, ficam ricos. Os povos dizem que a Igreja Mundial está a fazer maravilhas. E que os adeptos da Universal, da Católica e de outras igrejas estão a debandar para a Mundial, que é, pelos vistos, a número um, uma igreja de confiança.
Para eles está tudo bom, para nós fica tudo péssimo. E por isso mesmo somos muito pessimistas. E tudo isto é a mais perfeita idiotice. As igrejas funcionam às mil maravilhas quando têm o apoio do poder, como muito bem demonstrado no O Apostolado: «PR reafirma importância da igreja católica em Angola. Nesta correspondência, o estadista angolano exprimiu «o desejo de continuar a contar com o apoio e o papel relevante da Igreja Católica na sociedade angolana, mormente na pacificação dos espíritos e no resgate dos valores morais e cívicos».
Angola, o paraíso dos desempregados estrangeiros, e o Inferno dos desempregados angolanos. Se a guerra já acabou, porque é que a nomenclatura continua na destruição de Angola? Por incrível que pareça, o Politburo destruiu mais em Angola em tempo de paz, do que no tempo da guerra com o outro destruidor. Um exemplo: a destruição de milhares de casas em tempo de paz.
Luanda é o pulmão canceroso da especulação imobiliária e da corrupção. Luanda é o êxodo de Angola. Quantas mais conferências, seminários, e outras coisas tais, que só servem para alguns ganharem uma boa grana, Luanda mais se afunda. Das províncias nem vale a pena falar. Luanda é Angola. Não será preferível nova denominação para: República de Luanda e arredores?! E mais, e mais seminários nesta nova república que mais a abismam na miséria, uma normalização já institucionalizada. Noto que existe um tremendo erro: nunca há crise económica, há sim crise política. O mais importante é a divisão do nosso filão petrolífero. Os fabulosos lucros do petróleo investem-se na miséria da população. O petróleo não é nosso, é indivisível só neles.
Sem o apoio, e especialmente o exemplo do governo, nunca será possível qualquer plano de trabalho que funcione em Luanda. E tudo são más propagandas. Um acto de hostilidade à população, que há muito deveria receber orientações de governantes que parece não as sabem dar.
Os ditadores estão convencidos que as suas ditaduras são eternas. E edificam-se em palácios cercados por exércitos de forças especiais para dormirem e se protegerem das populações espoliadas, desempregadas, martirizadas. E caso curioso, prometem-nos amiúde que a democracia já vem a caminho. Mas ela nunca chega, pelo contrário, cada vez se afasta mais, lá para muito longe, no Inferno. Só existe uma ditadura eterna, a do amor.
Vivemos entre paredes que se movem e nos querem esmagar. Fomos outra vez ludibriados com a promessa de liberdade e democracia pelos revolucionários, que afinal queriam o poder para nos roubarem tudo… na legalidade. Basta ver quem são os melhores amigos dos bancos sem escrúpulos. E continuam a prometer-nos o oásis nesta terra.
Tantos anos, tantos aniversários decorridos que finalmente acabaram debaixo de regimes que até os vencimentos nos cortam, acabam-nos com as regalias que conquistámos ao longo de uma vida de luta. E agora aplicam-nos a mais reles ditadura democrática. Onde já se viu um trabalhador perder o que conquistou, o que trabalhou? E os banqueiros que nos destruíram, e destroem, riem-se nas nossas costas.
Nunca tanto se roubou como nestes tempos democráticos. Nunca tanto se destruiu como nestes belos tempos de governos democraticamente eleitos pelo voto popular. E fazem-se novas eleições e os eleitos que nos governam, adernam o barco da governação, e afundam-nos. E que está tudo bem, basta ver a taxa de inflação. Sim, está tudo bem… nos caixotes do lixo. Onde os eleitores buscam algo para sobreviverem.
Os nossos sonhos são o constante verde da vegetação perdida, porque vivemos gradeados por poderosas florestas de betão. Porém, que a felicidade dos dias esteja sempre contigo.
Não é de surpreender o apoio dado às ditaduras pelo poder igrejeiro, aliás denunciado pelo Club-k.net: «O novo director de informação da Radio Ecclésia, Walter Cristóvão, ordenou na segunda-feira (10Jan11), aos técnicos da emissora católica para não reporem em reposição o conteúdo do debate radiofónico de sábado, por considerar que a posição de dois convidados, Fernando Macedo e Luizete Macedo Araújo atacavam os Bispos e o Presidente da República, respectivamente.» E daí que vozes conclamem: O Mpla não é um partido político, é uma espécie das quase mil igrejas existentes em Angola. Claro, não é religião, é comércio. As igrejas parecem empresas comerciais, vendem religião. No fundo, tudo não passa de um negócio. E a actividade humana não se limita apenas em comprar e vender!?
A religião é seguramente a maior causa do analfabetismo. Em Angola as igrejas estupidificam tanto as populações que os cérebros ficam amarrados, fanatizados. E todos na crendice: «Estamos à espera de Deus para o Juízo Final. Ele está a chegar. Terão que lhes prestar contas». É muito lamentável… triste… como a religião fanatiza, a superstição permanente. E a feitiçaria fortalece-se, claro. O governo contenta-se: O povo quanto mais burro, analfabeto, tanto melhor. Isto não é religião, é fanatismo, é fome, é miséria.
A corrupção desenvolveu-se tanto que se torna impossível viver. É o caos… ver um país a mergulhar, e a população a afogar-se. As igrejas são fábricas, fabricam religiosos analfabetos. Devidamente prontos, arrumados para outra colonização, e depois reiniciar, batalhar noutra guerra, luta de libertação. Sempre, sempre… para lá da exaustão.
E gozam-nos com teorias da fome: O nosso cérebro funciona bem com fome. Mas, isso é durante umas horas. Não é durante uma vida, como pretendem os escravocratas. Como jurisprudência assumida: Quando um cão nos morde, todos os cães são culpados.
É o crucifiquem-nos, o alimento preferido das ditaduras e da igreja. A igreja da santa hipocrisia e da santa falsidade. Se todo o mundo fosse idiota, a ditadura e igreja reinariam eternamente. Já não é a igreja de Deus, é a igreja do Santo MPLA do Petróleo.
A pedofilia não lhes basta, e quando não se sabe fazer mais nada… resta a aventura do ir para cónego. Já corrompe Deus e Jesus Cristo. Depois da terra está a corrupção no Céu, e se mais houvera, lá corrompera. Para que serve então a religião? Para aprofundar a corrupção. É a Igreja da fuga da vida para a morte. Meu Diabo, livrai-nos deste Deus! Estão de regresso às origens da vulgar e infeliz seita religiosa. Corruptores de almas. Se na Terra assim fazem, facilmente se presume o que farão no e do céu. Campeões nacionais e internacionais das maratonas religiosas para a Igreja, é-lhes sepulcral sobreviver. Corruptos de todas as igrejas, bastai-vos! Como as almas rareiam, fogem-lhes, abandonando as igrejas às moscas, resta-lhes o secular encosto às sobras das e sombras das ditaduras: sem rendimentos perecemos, desfalecemos, morremos. Deus e Cristo, servem-nos o alimento espiritual, que nas subservientes ditaduras conseguimos o dinheiro, o alimento material.
Meus irmãos em Cristo! Na luta pela sobrevivência… valemo-nos de tudo, como aliás denunciado num dos milhares de telegramas do WikiLeaks «A Igreja católica cubana renunciou ao activismo político em Cuba, e inclusivamente optou por distanciar-se de dissidentes católicos a troco de promessas do regime em permitir que a Igreja mantenha um espaço para o culto e possa reconstruir infra-estruturas suas em templos e seminários.»
Quanto mais o poder no tempo passa, mais aumenta a nossa desgraça. Cada vez mais desalmado, o edifício da miséria continua imponente. Os colonos colonizavam, os libertadores destroem. Pela quantidade astronómica de anúncios publicados sobre abando de trabalho no Jornal de Angola, não há nenhum angolano que trabalhe. Foram todos despedidos.
Jesus voltará mais, sim! Para castigar e acabar com o clero, acabar com a falsa igreja demoníaca. O dinheiro do petróleo compra aventureiros que espremem, desbaratam, chafurdam, amassam Angola. O dinheiro petrolífero não compra inteligências. Por isso, Angola permanecerá no ocaso da imbecilidade. Um país sem oposição, é como ficar sem energia eléctrica. Esta igreja de Angola tem santos a mais. E na vida constante de sons infernais de festas inventadas, este povo está sem soluções. Resta-lhe a inutilidade da sua existência, de párias sem consciência. Como aberrações que movem os pés e as mãos da desordem cerebral. Este povo já não caminha, definha. E as igrejas perseguem a sua destruição social, e arrastam os fiéis para a desagregação da garrafada final. É lamentável que a poluição religiosa não é ainda considerada crime, tal como a sua irmã, a poluição sonora.



sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O senhor dos anéis da ditadura de quem se manifestar vai apanhar


Ouve-se o despertar dos pardais, por quanto tempo mais?
Os regimes repressivos esquecem-se de uma coisa muito simples: quanta mais repressão e terror, mais resistência criam, e originam o estado latente de revolta na população. Até que chega o ponto ómega limite. Não é assim que sempre sucede? E a conversa é sempre a mesma: de que somos os garantes da estabilidade, quem se manifestar vai apanhar, que somos um país com um governo democraticamente eleito com quase cem por cento de votos dos eleitores nas urnas, etc., etc.
O Egipto era muito poderoso, e os seus dirigentes não concebiam tal coisa, e aconteceu, sempre acontece.
Neste campo de concentração, qualquer chefe de campo é garantia de estabilidade, numa revolução sempre em marcha de quase cinquenta anos, que os chefes não sabem como vai acabar, mas nós, os sem futuro, sem terra, sem casa, sem petróleo, sem diamantes, enfim, os desta cabana do Pai Tomaz sabemos. Mais, os prisioneiros neste arame farpado, sabem-no muito bem. Nas câmaras dos palácios ouvem-se com deleite as notícias palacianas. Nos miseráveis guetos, escutam-se os noticiários especiais das ruas, dos esgotos na companhia inseparável dos ratos. E este é um palácio com milhões de deserdados, esfomeados, sempre em prontidão combativa.
São eles que depois dominam as ruas da miséria, e fazem o poder soçobrar.
Os países não dependem de pessoas, dependem isso sim, da justiça das suas leis. Se a justiça funciona, tudo bem. Se em contrário, as pessoas que governam, os corruptos, fazem-no falsamente para enriquecerem, e como tal, mais dia, menos dia, vergonhosamente cairão.

Imagem: sessao.wordpress.com

Perfil do poder – qualquer um pode se tornar um ditador?


Uma pesquisa mostrou que ditadores sádicos famosos, como Saddam Hussein e Joseph Stalin, tinham um perfil de personalidade marcado pelo narcisismo e paranóia. Mas o que os ditadores autoritários têm em comum? E esse perfil poderia ser um indicador de um novo déspota? Poderia qualquer pessoa se tornar um?

Não do dia para a noite, mas pesquisas psicológicas já provaram que o poder de fato tem um efeito sobre a psique. O exemplo mais famoso é do Experimento da Prisão de Stanford em 1971.

Nele, alunos foram divididos aleatoriamente para serem “presos” ou “guardas”, em uma prisão improvisada. Os guardas se tornaram tão abusivos e os prisioneiros tão passivos que o experimento foi encerrado menos de uma semana depois.

Tipos mais mundanos de poder também podem influenciar comportamentos. Um estudo de 2010 descobriu que as pessoas condicionadas a pensarem em si como bem sucedidas são piores em ler as emoções de outras pessoas do que as condicionadas a pensar em si como pobres.

Segundo os cientistas, a razão para isso pode ser que as pessoas sem muito poder têm mais necessidade de construir alianças com outros para sobreviver. Os mais bem sucedidos, por outro lado, podem fazer o que bem entenderem.

O poder pode cegar as pessoas do ambiente social. Elas passam a não ter uma compreensão clara da importância de condições sociais como a pobreza. O poder também torna as pessoas mais impulsivas e egoístas, e seu comportamento mais inadequado.

Além disso, pesquisas mostram que o poder pode isolar as pessoas. Um estudo de 2006 pediu aos participantes que desenhassem a letra “E” em sua testa. Primeiro, porém, os voluntários foram condicionados a pensar em si como mais ou menos poderosos. O grupo mais poderoso tinha três vezes mais chances de desenhar o “E” em sua testa de forma que seria lido ao contrário pelos outros. A implicação, segundo os pesquisadores, é que as pessoas poderosas se tornam mais auto-orientadas e se importam menos com as perspectivas dos outros.

Outra pesquisa de 2009 descobriu que as pessoas treinadas para pensar em si como poderosas eram mais propensas a acreditar que tinham controle sobre uma situação, mesmo que isso fosse uma atividade aleatória, como jogar dados.

Junte tudo e você tem a receita perfeita para a tirania: o gosto do poder, parar de observar ou ouvir os outros e, finalmente, começar a acreditar que você está no comando de eventos aleatórios.

Ainda assim, os estudiosos dizem que o poder não é de todo ruim – e nem de todo bom. A pesquisa sugere que o poder dá às pessoas a confiança nas crenças que elas já possuem, por exemplo.

Em 2007, um estudo pediu aos participantes para escreverem pensamentos positivos ou negativos e depois os levou a se sentirem mais poderosos. Aqueles que escreveram pensamentos positivos tornaram-se mais positivos, e os que tinham pensamentos obscuros tornaram-se mais negativos. A conclusão é que o poder amplia o que está na cabeça das pessoas; por isso, pessoas poderosas podem fazer mais bem ou fazer mais mal. E isso já é imprevisível. [LiveScience]

http://hypescience.com/perfil-do-poder-%E2%80%93-qualquer-um-pode-se-tornar-um-ditador/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+feedburner/xgpv+(HypeScience)

Hypescience

Universidade e Dino Matross avisa



Universidade José Eduardo Dos Santos Está A Desabar
Huambo - O edifício onde pela primeira vez deverá funcionar a Universidade José Eduardo dos Santos no Huambo está a desabar. A História parece seguir o itinerário do hospital Geral de Luanda, só que no Huambo o empreiteiro não foi chinês, porém brasileiro.

Dino Matross Avisa: “Quem Se Manifestar Vai Apanhar”
Luanda - O Secretario Geral do MPLA, Dino Matross disse, esta semana, a emissora Luanda Antena Comercial - LAC que quem se manifestar provocando distúrbios “vai apanhar”. A reacção do dirigente do partido no poder em Angola surge como advertência para que o povo não imite o que esta acontecer no médio oriente onde os movimentos pro-democracia continuam o desafio aos regimes autoritários.
In Club-k.net

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Isced Malanje. Maersk-Angola e Angolanos Nas Empresas Chinesas.


ISCED-Malanje: Governador Acusado De Facilitar Vagas Apenas Para Militantes Do Seu Partido

Maersk-Angola Acusada De Burlar Clientes
Luanda - A empresa Maersk-Angola é constantemente acusada de praticas de burla contra os seus clientes. O caso mais recente é de um cidadão nacional Paulo Francisco que pagou uma caução de USD 1000 a mais de 30 dias para desalfandegar um contentor de mercadoria mas até ao momento, a citada empresa não faz a devolução do seu dinheiro. O documento em anexo comprova a ligação do cliente com a Maersk.

Angolanos Nas Empresas Chinesas Trabalham Mais E Ganham Menos Do Que Nas Ocidentais
Luanda - A maioria dos angolanos que faz parte dos quadros das empresas chinesas trabalha mais horas e tem salários inferiores comparativamente àqueles que estão empregados em empresas ocidentais. Esta conclusão foi feita por um estudo do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola (Ucan).

In Club-k.net
Imagem: hotels.com

Nigéria: Igreja atacada por homens armados, diz polícia


Homens armados atacaram terça-feira uma igreja em Maiduguri, no norte da Nigéria, anunciou um responsável da polícia, sem indicar se o ataque causou vítimas, numa região onde incidentes do mesmo tipo causaram dezenas de mortes nos últimos meses.
«Houve um ataque contra uma igreja no bairro de Gomari (em Maiduguri) esta noite e os soldados responderam aos tiros», indicou o chefe da polícia, Mohammed Jinjiri Abubakar.
«De momento, não sabemos quem foram os agressores», acrescentou, sem fornecer outros detalhes.
Diário Digital / Lusa

Angola. Importações da China constituídas maioritariamente por bens de consumo


Pretória (Canalmoz) - As importações de Angola provenientes da China são constituídas em 90 por cento por bens de consumo e o restante por máquinas e equipamentos, revela uma pesquisa do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola (Ceic/Ucan).
De acordo com o estudo “A presença da China em Angola: factos e mitos”, citado pela agência noticiosa angolana Angop, as exportações angolanas são maioritariamente compostas por matérias-primas como petróleo, em 88 por cento, diamantes e sucatas. Por outro lado, a pesquisa cita Angola como o país que em África tem as linhas de crédito mais avultadas e que detém actualmente a primeira posição de parceiro comercial africano da China. (Redacção)

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Ben Ali e Hosni Mubarak já se foram… Quem são os próximos chefes de Estado a zarparem?


Canal de Opinião, por Noé Nhantumbo

Beira (Canalmoz) – Não é possível sustentar a estabilidade política e governativa de um país através de um sistema baseado no nepotismo e na corrupção. Não é possível pretender que se acredite que alguém governa quando de facto o que faz é atropelar as regras fundamentais da governação. Os impérios não são eternos. Todos os impérios tiveram prazo. Nada dura sempre.
Já é tempo de aprender com os factos.
Com o tipo de governação que persiste em dominar o cenário em Moçambique está semeada a aceleração da queda de um império que, segundo alguns, seria de “MIL ANOS”. Onde tudo se resume ao nepotismo e a aparência de normalidade governativa e em que agendas e objectivos de desenvolvimento são deturpados e condicionados aos apetites de alguns membros da corte ou de um clube restrito de membros de um partido, decerto que se perde a noção do todo.
Toma-se e dispõe-se do que é património do Estado como se fosse uma camisa ou veículo de propriedade individual. Assaltam-se os cofres públicos e aparentemente, sem vergonha na cara ou sem poderes para exercer convenientemente o seu cargo, o ministro das Finanças teima em permitir que isso aconteça. Sem seriedade governativa o cenário de desrespeito pelas regras continuará porque os que assim actuam têm a certeza de que são e estão impunes.
Alguns casos são mesmo caricatos.
Como que distraidamente ou não tendo nenhum conhecimento dos antecedentes de certas pessoas vê-se o PR nomeando administradores distritais com processos judicias em andamento. Secretários permanentes de províncias com um passado de desvios de fundos são transferidos para outras províncias. Ministros que demonstraram incompetência em certos pelouros são simplesmente transferidos para outros pelouros. Não interessa aparentemente a competência técnica mas a confiança política ou a obediência cega dos nomeados ao dono e senhor da corte.
Esta maneira de governar o país é lesiva aos cidadãos. Os resultados estão à vista. Só não vê quem não quer. Crescem todos os dias as dificuldades dos governados.
Mubarak caiu e saiu pela porta dos fundos no Egipto porque tornou seu partido num ‘gang’ de mafiosos que controlavam todos os dossiers económicos e financeiros do Egipto. Há algumas semelhanças com a situação que se vive em Moçambique. É preciso ter a sensatez de reconhecer que a situação não está boa e que afirmá-lo não é ser-se contra a pátria ou ser-se apóstolo da desgraça. É bem antes pelo contrário. O País não pode ser abandonado nas mãos de um punhado.
Se os preços dos alimentos básicos estão aumentando, se os transportes estão um caos, se os resultados dos estudantes moçambicanos são cronicamente sofríveis, se a saúde pública continua a ser uma área em que o governo não consegue melhorar independentemente de uma certa aparência de melhoria no Hospital Central de Maputo, se a moeda moçambicana sofre e diminui de valor à menor oscilação internacional ou sempre que alguém decide manipular o seu valor por alguma razão de conveniência, isso quer simplesmente dizer que as coisas não estão assim tão bem como alguns pretendem que os moçambicanos continuem acreditando.
Um governo competente e aberto ao diálogo com os governados é um governo humilde, com ministros e governadores que não escondem a sua incompetência por detrás da arrogância ou prepotência. E a verdade é que o Governo de Moçambique teima em exibir uma arrogância enorme e desproporcional ao seu real nível de desempenho.
O controlo do Parlamento e o domínio efectivo do dossier económico nacional por parte de gente pertencente ou militando no partido no poder parece ser o sustentáculo da prepotência e arrogância exibidos.
Sem uma abordagem dos problemas nacionais com a profundidade e consequência necessárias, as medidas paliativas e o comportamento reactivo dos governantes continuará a ser insuficiente para resolver os problemas dos cidadãos e do País.
O tempo exige criatividade, competência técnica e não militância ou seguidismo político.
Compete aos governantes de hoje e aos políticos dos diversos partidos levar o país e seus cidadãos a bom porto.
É preciso que se entenda e se compreenda em todas as suas consequências que governar não é exactamente o mesmo que ser comissário político ou especialista em retórica e demagogia.
Impõe-se repensar profundamente o que significa governar um país.
O compadrio e a auto-protecção vigente entre os regimes da África Austral não vai ser suficiente para travar os ventos da mudança.
Os cidadãos estão manifestamente esgotados e já não aguentam mais tanta sujeira governativa.
Sistemas medíocres, ultrajantes e contranatura devem ser colocados no seu devido lugar. Esse lugar, não há outro, é o caixote de lixo da história. Não há que esperar pela sua renovação ou mudança de comportamento de seus integrantes… Quanto mais tarde for, pior para todos! Temos todos de acordar e agir. Moçambique merece. (Noé Nhantumbo)

A conduta da água da direcção da EPAL, rebentou?



Fonte: email

OMUNGA proibida de realizar inquérito sobre as vítimas das demolições em Benguela N O T A D E I M P R E N S A


Lobito - A OMUNGA impedida de realizar o inquérito autorizado pelo governador da província de Benguela na Ex-Feira do Lobito, nesta segunda-feira pelas dez horas. Obstruída pelo soba daquela comunidade que alega o seguinte:

1º Não ter conhecimento da actividade.

2º Foi orientado para não receber nenhuma correspondência vindo da Associação OMUNGA sem antes passar pela direção do partido a nível do Lobito.

No dia 7 de Fevereiro a OMUNGA endereçou uma carta ao Soba daquela comunidade para a realização do inquérito, a mesma foi rejeitada por esta entidade tradicional.

Convocados no local da realização dos inquéritos, pelo soba e o seu adjunto e o primeiro secretário do MPLA na Feira do Lobito, os activistas daquela Associação viram-se obrigados a parar o seu trabalho por exigência.

O líder da Ex-Feira do Lobito, realça que precisa de bases para fundamentar quando questionado pelo povo que coordena e pelos seus superiores hierárquicos “ o povo vem perguntar que registo é esse e eu não sei responder porque ninguém me disse nada”

O coordenador em exercício da OMUNGA, João Malavindele considera tal proibição dá-se pelo facto dos líderes não conseguirem separar as actividades partidárias das administrativas públicas, acrescentou “nem soba e nem o primeiro secretário do MPLA na Ex.Feira têm legitimidade para impedir uma actividade autorizada pelo Governador da Província de Benguela”, mas vai ceder as exigência.

Numa sentada no jango, entre os activistas da Omunga, o soba e o seu adjunto, o primeiro secretário do MPLA na Ex. Feira e o primeiro secretário da JMPLA, ficou acordado que o inquérito será realizado quando a administração Municipal do Lobito remeter um ofício comprovando a autorização da realização da referida acção, a ser entregue por um trabalhador daquela instituição pública ao soba, caso contrário, nada é feito.

É de frisar, que o inquérito visa avaliar as condições de habitabilidade das comunidades vítimas e na iminência de desalojamento ou demolições na província de Benguela.

Lobito 14 de Fevereiro de 2011

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Administradora da Ingombota acusada de maltratar zungueiras



Luanda - Estou a escrever, porque vi algo que me fez repensar na nossa trajactoria para a paz. A liberdade, o direito ao trabalho é um direito indispensável sem o qual o ser humano não vive, senão dizer sobrevive.

Fonte: Club-k.net

No dia 10 de Fevereiro do corrente ano, no Kinaxixi na rua do Timor , município da Ingombota, estava a circular um carro topo da gama, nada mais nada menos que a Administradora da Ingombota, Suzana Melo.

Eu vi não me contaram, de repente ela se depara com peixeiras, acto continuo, liga para a fiscalização e num abrir e fechar de olhos, aparece uma carrinha para recolher o peixe das pobres senhoras.

Três senhoras, que naquele momento ficaram sem o sustento da família, uma, quão mulher que perdeu o marido, chorava desesperadamente a pedir piedade, implorando com lamentações, e dizendo que todo seu capital estava nos peixes agora pertença de quem não sei.

Fiquei a refletir que mundo cruel, a madame sai de um grande gipe, e as pobres senhoras zungam (com os próprias pernas), por um momento sorri,pela hipocrisia dos dirigentes.

Os dirigentes, arranja locais longuiquos para instalarem os desgraçados, e se acomodam nos melhores espaços da cidade, e nem querem que a mais velha (também), profissão do mundo, de peixeiras exerçam o seu trabalho.

Senhora Administradora, espero que venha ao publico e tenha a dignidade de explicar o que fizeram com o peixe das pobres senhoras.

Porque foram os peixes e deixaram as peixeiras na mesma rua com uma mão a frente outra atrás.

Haja paciência para aturar os nossos dirigentes.
A.L
Imagem: angonoticias.com

Em Angola. ConcorrêncIa da China fez com que cimenteira portuguesa vendesse menos


Pretória (Canalmoz) - A venda de cimento em Angola por parte do grupo português Semapa - Sociedade de Investimento e Gestão caiu 42,8 por cento em valor relativamente a 2009 para 27,8 milhões de euros, informou o grupo que controla a empresa Secil - Companhia Geral de Cal e Cimento. Este decréscimo ficou a dever-se “à redução de consumo de cimento em cerca de 20 por cento e à forte concorrência de cimento importado da China a baixos preços”, refere o comunicado de apresentação dos resultados do grupo em 2010, divulgado terça-feira em Lisboa e citado pelo macauhub.
O negócio do cimento do grupo Semapa permitiu uma facturação de 535,8 milhões de euros em 2010, uma quebra de 6,4 por cento relativamente a 2009, fundamentalmente devido ao menor desempenho das unidades de negócio situadas em Portugal e em Angola, cujo resultado bruto de exploração (ebitda) caiu 19,8 por cento e 90 por cento, respectivamente. (macauhub)

Imagem: pesadelochines.blogspot.com

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Os ditadores são como as bananas podres… não têm futuro


A profissão de ditador é igualmente também como a banana podre que não tem futuro.
Ditador, é ainda também, uma profissão de alto risco nada compensadora, porque os prejuízos finais não justificam os lucros actuais.
Eis que a espada de Damocles surge e suspende-se de modo extraordinariamente perigoso, no lamento de profundo veredicto, verídico de quem já não tem mais aspirações e esperança no dia de hoje, quanto mais no de amanhã que não existe: «Toda a gente se está a queixar. Os chineses também andam na zunga (venda ambulante nas ruas) e nós, estamos a ficar sem negócio. Isto está muito mal, os estrangeiros nem na nossa terra nos deixam vender. Estão-nos a roubar tudo».
E os ditadores ainda remanescentes, com os seus regimes mais retrógrados, ditatoriais, proíbem qualquer manifestação.
Mesmo que seja um profissional muito competente, a profissão de ditador já não tem futuro. Mas há sempre alguns que resistem, para finalmente verem os seus bens que pilharam das suas populações promovidas à escravidão, irremediavelmente congelados.
Ditador: tu que insistes na ditadura, resigna e abandona o poder, deixa-o nas mãos da democracia. Entrega-o já, que ainda te safas. Se insistires, terás o mesmo fim do último caído Mubarack. Telefona já ao Barack Obama, que ele te aconselhará qual o melhor, entre os piores muros de Berlim da tua desdita.
Por aqui, sempre ao acordar pela manhã, sinto o peso constante do chumbo da ditadura do regime, e da ditadura dos chineses, brasileiros e portugueses, etc., e depois sorrio, porque a liberdade não demorará, e a ditadura e os seus apoiantes serão inevitavelmente derrotados. A liberdade e a democracia triunfarão.
Se continuarem no jogo ditatorial, estarão a remar contra a maré da História. E nesta contenda não existe jangada do desespero para se agarrarem.

Imagem: Na pintura de Richard Westall, A Espada de Dâmocles, (1812) os belos rapazes da anedota de Cícero foram transformados em moças virgenspara gosto do patrono neoclássico Thomas Hope. Wikipedia