A Polícia Judiciária portuguesa acaba de libertar
o rapper Luaty Beirão, após longo interrogatório. Enquanto decorre a
investigação, o músico e activista deverá comunicar às autoridades, sobre o seu
paradeiro, caso se ausente por mais de cinco dias.
Luaty Beirão partiu de Luanda, a 11 de Junho
e os detalhes sobre a detenção, por posse de cocaína, no Aeroporto
Internacional de Lisboa, começam agora a ser conhecidos, apontando para o
alegado envolvimento das autoridades angolanas.
Ao atravessar a fronteira em Luanda, os
Serviços de Migração e Fronteiras, retiveram o passageiro por uns momentos.
Luaty Beirão enviou uma mensagem, em sms, ao seu amigo, o rapper MCK, sobre
como as autoridades o informaram que o “seu passaporte está bloqueado”. No
mesmo sms, referiu os contactos realizados pelo oficial de migração, junto dos
seus superiores, tendo-lhe sido comunicado, passados 10 minutos, que “ligámos
para o cdte [comandante] e ele deu autorização para passar [o viajante].”
Já no avião, Luaty Beirão enviou uma segunda
mensagem a comunicar que “acabaram de me informar que a DNIC [Direcção Nacional
de Investigação Criminal] mexeu na minha bagagem [a roda]. Já [es]tou no
avião.” A mensagem seguinte foi sobre a sua detenção no aeroporto em Lisboa.
De certo modo, o caso de Luaty tem um
precedente. A 9 de Setembro de 2011, logo pela manhã, um dos líderes das
manifestações que os jovens têm organizado contra o Presidente José Eduardo dos
Santos, Mário Domingos, teve a sua casa revistada por quatro agentes da
investigação criminal e três dos serviços de segurança. “Os agentes retiraram
da sala uma caixa fechada com um televisor novo, foram abri-la na minha
ausência e regresseram com a mesma aberta, dizendo que tinham encontrado
cocaína. Passei 45 dias preso, a sofrer ameaças, sem julgamento.”
Dias antes, Mário Domingos recebeu ameaças
telefónicas do presidente da Comissão Executiva de Luanda, general José Tavares
Ferreira, por ter usado um veículo e dinheiro que supostamente eram destinados
a convertê-lo em apoiante do regime, para apoiar a manifestação de 3 de Setembro.
Esta estratégia das autoridades revela a sua
disposição em implementar, sem hesitação, todas as formas possíveis de
repressão, incluindo a instrumentalização de autoridades estrangeiras, como a
portuguesa. Verifica-se a maquinação incriminatória contra um proeminente líder
do movimento contestatário ao governo de José Eduardo dos Santos.
Os principais governantes angolanos têm usado
incalculáveis fundos públicos para investirem em Portugal e, por via disso,
obterem a submissão política e económica da classe dirigente e empresarial
deste país europeu aos seus ditames.
http://makaangola.org/2012/06/policia-liberta-rapper-luaty/
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