quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

JPMorgan esmaga "targets" da banca e coloca BCP nos 0,12 euros


Preços-alvos dos três principais bancos cotados portugueses foram reduzidos para, pelo menos, um terço. Recomendação para o BPI baixa para "underweight", a mesma que é atribuída ao BCP. JPMorgan mantém recomendação de "neutral" para o BES.
Depois do CaixaBI, hoje foi a vez de oJPMorgan Chase cortar fortemente os “preços-alvos” que atribui aos três principais bancos cotados portugueses. Os elevados custos de financiamento, os riscos de desalavancagem e ainda a grande dependência face ao Banco Central Europeusão algumas das razões para o corte.

Diogo Cavaleiro - diogocavaleiro@negocios.pt JORNALDENEGOCIOS

O BCP é o banco que sofre uma maior redução do “target” e é aquele que fica com um potencial de valorização mais reduzido. Mas o corte de preço-alvo é extensível aoBES e BPI, depois de as acções de todos estes bancos terem caído para mínimos históricos nas últimas semanas.

A casa de investimento norte-americana escreve, numa nota de “research” a que oNegócios teve acesso, que o BCP deverá estar a cotar nos 0,12 euros daqui a 12 meses. O que representa uma queda de mais de cinco vezes em relação ao anterior “target” de 0,68 euros. O potencial de valorização fica limitado a 11% face aos 0,108 euros a que está a cotar na bolsa na sessão de hoje.

O preço-alvo atribuído pelo JPMorgan ao banco liderado por Ricardo Salgado, o BES, desce de 3,6 euros para 1,11 euros. A casa de investimento espera, portanto, que o banco só venha a recuperar 14% relativamente ao custo por acção em que está a negociar hoje, nos 0,97 euros. Isto no dia em que o banco está a negociar num novo mínimo histórico (0,956 euros).

No “research” assinado por Jaime Becerril e Axel J Finsterbusch, o JPMorgan informa que baixou o preço-alvo do BPI para 0,52 euros, quando anteriormente apontava para os 1,7 euros. O potencial de subida situa-se, assim, nos 19%.

“Vemos baixo potencial de subida mas vemos muita incerteza”, resumiu o banco. O BES é o que está em melhor posição, diz a nota de “research”.
Corte de recomendação para BPI

O BPI foi a única entidade em que a casa de investimento alterou a recomendação. O JPMorgan continua a atribuir a recomendação de “underweight” ao BCP e de “neutral” para o BES, mas desceu de “neutral” para “underweight” a recomendação para a instituição comandada por Fernando Ulrich (na foto).

A difícil situação económica de Portugal é penalizante para os bancos, que continuam a sentir elevados custos para se financiarem, além de dependerem do financiamento do BCE. A acrescer a isso, os problemas relativos às necessidades de capital continuam e os analistas do JPMorgan consideram que o BCP e o BPI deverão ter necessidade de recorrer à linha de recapitalização de 12 mil milhões de euros.

“Uma eventual resolução dos problemas soberanos na Europa ou uma rápida recuperação da economia portuguesa irão permitir a reabertura dos mercados de financiamento e o crédito irá circular", o que terá "um impacto positivo para estes bancos. Estamos ainda à espera que os políticos europeus apresentem soluções definitivas neste aspecto”, comenta o banco.

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