quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Exportação chinesa para UE deve cair já neste mês


Autor(es): Financial Times, de Pequim, Xangai, Shenzhen, Tóquio e Seul
Valor Econômico - 16/12/2011
A cidade chinesa de Haining, próxima a Xangai, é famosa pela exportação de meias para o mundo inteiro, mas suas fábricas foram recentemente atingidas pelo frio que sopra da zona do euro.
"Nossos fabricantes viram uma queda de cerca de 30% nas exportações para a União Europeia neste ano, em comparação com o ano passado, tendo a mais acentuada queda acontecido em setembro", disse Zuo Yefen, presidente da Haining Socks Association.
Na China e no resto da Ásia, a crise financeira na Europa está sendo sentida nos setores de manufatura focados em exportações, gerando o temor de que a queda da demanda do Ocidente poderá mais uma vez causar uma acentuada queda no crescimento, como durante a crise financeira de 2008.
Em resposta, muitos produtores estão tentando diversificar suas exportações para longe da turbulência dos mercados ocidentais e tentando vender mais para países em desenvolvimento.
Se diversificaram o suficiente para sustentar o crescimento é algo que ficará claro em breve, pois a maioria dos indicadores regionais mostram que os dados de exportações para a Europa estão prestes a cair ou já estão em queda.
As coisas ainda não estão tão ruins como durante a crise mundial de 2008, mas o crescimento anual das exportações chinesas para a UE, seu maior parceiro comercial, desacelerou para 5% em novembro, de um crescimento de 7,5% em outubro e 18,1% no terceiro trimestre.
A maioria dos analistas acredita que as exportações chinesas para a Europa cairão para território negativo neste mês ou no próximo. Os dados de encomendas foram muito baixos em novembro.
"No caso de uma recessão europeia muito mais séria e de uma recessão mundial, achamos que as exportações da China poderão cair entre 10% e 12%", disse Wang Tao, economista do UBS. "Por enquanto, esperamos que o crescimento das exportações chinesas caia para zero em 2012, e isso produza um impacto significativamente negativo sobre a economia."
A Coreia do Sul já foi afetada, tendo seu total de exportações para a UE caído 13,8% em novembro, em comparação com o ano anterior. As exportações de navios caíram 72%, ao passo que as de celulares caíram 53% na comparação com o ano anterior.
"A demanda europeia de produtos coreanos está caindo acentuadamente devido à crise da dívida na região", disse Lee Eun-mi, funcionário da Korea do International Trade Association. "A situação vai se deteriorar, a menos que a crise da dívida europeia seja resolvida."
No Japão, os fabricantes estão ficando cada vez mais preocupados com o aprofundamento da crise europeia, num momento em que já estão sob pressão de um iene forte e de fraca demanda interna.
Didier Leroy, executivo-chefe da Toyota na Europa, advertiu que, mesmo incluindo o relativamente robusto mercado russo - é provável que o crescimento da demanda europeia seja "muito, muito, muito mais baixo" no próximo ano. "O maior problema com que nos defrontaremos para 2012 é o declínio nas vendas na Europa."
Japão, Coreia do Sul e a maioria dos outros países asiáticos também exportam grandes quantidades de mercadorias para a China, para processamento e reexportação para o Ocidente, de modo que problemas setoriais de exportações da China repercutem diretamente em toda a região.
Na China, o crescimento geral continua fortemente dependente das exportações, mas desde a crise financeira de 2008 muitos fabricantes vêm tentando reduzir sua dependência do Ocidente e vender mais no mercado doméstico e em outros mercados emergentes.
Como a Europa está escorregando de volta à recessão, essa tendência está acelerando.
Em suas fábricas na província industrial de Guangdong, a Euro Suisse International, empresa britânica de eletrônicos, fabrica monitores de bebês e rádios via internet para varejistas europeus, assim como ventiladores e estabilizadores de tensão para consumidores na África.
Para essa empresa, os problemas na Europa têm sido compensados pelo contínuo e rápido crescimento em seus mercados africanos. "A demanda da África está aquecida, mas acusamos uma desaceleração no Reino Unido e na Europa", afirmou Anish Lalvani, presidente dessa empresa familiar.
Até agora, as exportações chinesas em geral para os mercados emergentes têm se mantido aquecidas, tendo os embarques de mercadorias para os países no sudeste asiático, para o Brasil e para a Rússia crescido, respectivamente, 21,5%, 26,4% e 20,6%.
"A fraca demanda externa constitui o maior risco de esfriamento para o crescimento chinês", disse Zhang Zhiwei, economista do Nomura. Mas "os esforços da China ao longo dos últimos anos no sentido de diversificar os destinos de suas exportações ajudarão a reforçar o crescimento das exportações, exceto no caso de uma recessão mundial sincronizada".
Contudo, a Europa continua a ser o maior parceiro comercial da China, seguida pelos EUA, e nem todo mundo está tão otimista sobre a capacidade do país de encontrar novos mercados para todas as coisas que os consumidores ocidentais deixaram de comprar.
"Estamos prevendo que o ano próximo será pior do que este ano", diz Zuo, da Haining Socks Association. "As empresas estão tentando focar outros mercados ou encontrar outras soluções, mas, por ora, não ouvi falar de uma solução eficaz".
Fonte Internet: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, 16/12/11
http://www.abece.org.br/Noticias/ComercioExteriorRead.aspx?cod=294
Imagem: A China superou a Alemanha e os Estados Unidos e já é o maior exportador do ...
g1.globo.com

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