segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A Epopeia das Trevas (67). Não acreditavam que os cumes do Kilimanjaro nevavam



Dos meus idiomas suaíli, bambara, ioruba, umbundu, kimbundu
Fizeram, inventaram um parque jurássico amacacado
A mareante escolha, dos escolhos da especial especiaria

A primeira descoberta que os mareantes, navegantes em terra
Toparam de chofre foi a minha sensual nudez
Há séculos que fui descoberta
Quase, quando chegaram a coberto
Na coberta das naus e não viram
Que me descobriram
já estava há muito descoberta

Na nudez que inventei
Gritaram-me cafreal quando impus o biquíni
No nu, na nua quente céltica ritual africana floresta

Ainda conservo o quente da tez, da minha nudez
Continuo lenda tua, Montanhas Lendárias da Lua

Não acreditavam que os cumes do Kilimanjaro nevavam

O meu nome, são muitos nomes inventados
Indígena, nativa, cafre, gentia, negra, macaca, escura
E na região da religião…demónio
Violentada dos que vieram dos mares violentos
E viram outros calmos
Não tínhamos que trabalhar
A Natureza era o nosso senhor

Chamaram-me cafre porque amo as cachoeiras
E ouviram-me falar com as minhas amigas
Dos troncos, das ramagens e folhas verdes
As águas dos rios e as árvores
Inventaram o recuo do tempo porque não tínhamos palácios iguais aos deles
Os edifícios que os nossos deuses construíram
É o que resta da civilização Branca
Redescobriram os velhos mares antes navegados
Ainda hoje estou encoberta
Por isso teimam que continuo descoberta
Era, sou diferente por causa do amarelo tórrido
Do disco solar, equatorial tropical

A púrpura das Montanhas da Lua
Atira os cumes da nobreza da pérola
Tenho esperança em dias piores

A vida é muito simples mas complicamo-la
Sem pensar, preferimos a dor
Da perda da voz, da fuga com passos apressados
Incertos, incerta vou, onde ninguém me espera

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