sábado, 14 de novembro de 2009

JES e MPLA: Política da Trapaça ou Trapaça na Política? (1)


É que, não se sabe por que razão, JES foge às eleições como o diabo à cruz.

NGANDU J.R.

http://www.ovimbundu.org/

Se nos ativermos ao conceito de política, definido por Aristóteles como a arte ou a ciência do governo; por Bertrand Russell como o conjunto dos meios que permitem alcançar os fins desejados em prol do homem, ou ainda – segundo um outro pensador - como a arte que visa a ordem pública e o bem social das populações, podemos, de imediato, constatar que o Mpla e JES se afastaram, e cada vez, destes desideratos, convertendo a política na coisa mais banal que alguma vez se pode imaginar. É que, ao fazer-se uma retrospectiva da nossa mais recente história política - desde o alcance da paz, ao presente momento - sobressaem tomadas de posição dos actuais governantes que, de um lado, raiam o doentio.

Do outro lado, obrigam-nos a concordar com Frederico II, o grande rei da Prússia, ao dizer que “a trapaça, a má fé e a duplicidade são, infelizmente, o carácter predominante da maioria dos homens que governam as nações". Só que, para o caso de Angola, a trapaça converteu-se em algo mais que o carácter predominante dos governantes; a trapaça converteu-se no modo de fazer e de estar na política, ultrapassando-se os limites da legalidade, do respeito ao povo e da sensatez.

Tudo isso a propósito dos trunfos escondidos na manga e que vão, aos poucos, sendo descobertos, o que deixa, a qualquer um, completamente estarrecido e estupefacto por nunca se ter imaginado como o instinto dos políticos angolanos fosse tão longe; trata-se de um instinto prenhe de laivos de ambição aquando da defesa de interesses pessoais e familiares em detrimentos dos interesses do povo. A pergunta é óbvia: que leva os nossos governantes a serem tão insensíveis com as dificuldades do povo que os elegeu?

Logo após o advento da paz, e da discussão da problemática das segundas eleições (legislativas e presidenciais), ninguém suspeitava do terrorismo constitucional e jurídico orquestrado no silêncio do deuses. É que, o gato escondido com o rabo de fora, só agora saiu do esconderijo.

Em 2007, foram marcadas as eleições legislativas para Setembro de 2008, processo precedido por uma forte sensibilização no sentido de as mesmas serem feitas, segundo JES e o Mpla, em separado. Quanto a isso, quem não se lembra de JES, tal qual numa ladainha, repetir que tão brilhante ideia não era da sua autoria e muito menos do seu partido, mas de Anália Pereira, já falecida assim como o seu partido PLD. Daí em diante assistiu-se a um jogo do gato e do rato que mais não eram que formas mascaradas para se protelar as eleições até ao limite. É que, não se sabe por que razão, JES foge às eleições como o diabo à cruz.

Imagem: http://www.nosrevista.com.br/wp-content/uploads/2009/02/jose_eduardo_dos_santos.jpg

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