CAPÍTULO IV
As Piranhas
O alcance da nossa incapacidade de gestão urbana: conseguimos nos paralisar por excesso de meios de transporte. Se calcularmos que um carro vale em média 5 mil dólares, são 20 bilhões de dólares imobilizados.
In Governabilidade e Descentralização. Ladislau Dowbor
Um grande navio encosta-se com milhares de piranhas. Para evitar os roubos, Epok acompanha pessoalmente a descarga e o transporte para o fosso do Palácio Castelo-Forte. Depois do trabalho terminado cria uma mini comissão de inquérito.
- Estão todas? Não falta nenhuma? Contaram-nas?
- Chefe, veio cem a mais.
- Cem a mais ou sem a mais?
- Cem a mais.
- Cem com S ou com C, porra!?
- Não falta nenhuma chefe.
Epok aproxima-se do fosso, olha e admira a peixaria.
- São muito bonitas, só lhes falta a comida.
Vira-se para a guarda e ordena-lhes:
- Guardas, a água do fosso está pronta, podem banhar-se.
Entretanto os guardas preparam uma conspiração. Conjuram com as namoradas, e estas com a população para roubarem as piranhas, ao anoitecer, no decorrer das Cortes Reais.
Conforme planeado, cavam o que parece ser um esgoto para a saída das águas sujas, pretendendo com isto iludir a guarda secreta do rei. Então, a água das piranhas escapa-se rapidamente. Nas ameias uma sentinela dá o sinal combinado. Mangueiras são ligadas aos tonéis dos vinhos reais. O líquido chega ao fosso. O falso esgoto é rapidamente tapado. Tudo é recomposto, gente e braços desempregados não faltam. Das ameias chega o sinal de que os tonéis vazaram. As gentes carregam à pressa as piranhas que adormeceram devido à monumental bebedeira.
Assiste-se a uma mobilização geral. Velhos, mulheres, doentes, grávidas, crianças e cães, carregam o precioso vinho. Enquanto algumas mamãs escamam o peixe, outras assam-no com o carvão roubado do Castelo. Todos bebem sem excepção, incluindo a criançada. As mamãs cedo cambaleiam. Quando os bebés pedem mama, dão-lhes vinho. Povos das redondezas, conforme combinado, chegam para a grande festa. Querem saudar as Cortes Reais e o seu rei. O cheiro a peixe começa a deambular por todo o lado. O do vinho também. As jovens iniciam danças sem fim. Todo o mundo dança. Todos estão muito contentes, porque a festa está muito bonita. Um diz ao outro:
- O Castelo está com muita luz.
- Não é. São os mastros dos navios de abastecimento.
- Nem uma coisa nem outra. São faróis.
- Acho que são os cavalos voadores que já chegaram.
- Cavalos? Temos que fugir!
As mamãs estão quentes, desnudam-se. Os homens excitam-se.
- Abre as pernas querida!
- Nem pensa, só quando a bebida acabar!
As mamãs repelem os filhotes.
- Mamã, mamã, mãezinha!
- Ah! Sai daqui pá, quem te mandou nascer? Hoje não há filhos, safa-te como puderes.
Foto: Angola em fotos
As Piranhas
O alcance da nossa incapacidade de gestão urbana: conseguimos nos paralisar por excesso de meios de transporte. Se calcularmos que um carro vale em média 5 mil dólares, são 20 bilhões de dólares imobilizados.
In Governabilidade e Descentralização. Ladislau Dowbor
Um grande navio encosta-se com milhares de piranhas. Para evitar os roubos, Epok acompanha pessoalmente a descarga e o transporte para o fosso do Palácio Castelo-Forte. Depois do trabalho terminado cria uma mini comissão de inquérito.
- Estão todas? Não falta nenhuma? Contaram-nas?
- Chefe, veio cem a mais.
- Cem a mais ou sem a mais?
- Cem a mais.
- Cem com S ou com C, porra!?
- Não falta nenhuma chefe.
Epok aproxima-se do fosso, olha e admira a peixaria.
- São muito bonitas, só lhes falta a comida.
Vira-se para a guarda e ordena-lhes:
- Guardas, a água do fosso está pronta, podem banhar-se.
Entretanto os guardas preparam uma conspiração. Conjuram com as namoradas, e estas com a população para roubarem as piranhas, ao anoitecer, no decorrer das Cortes Reais.
Conforme planeado, cavam o que parece ser um esgoto para a saída das águas sujas, pretendendo com isto iludir a guarda secreta do rei. Então, a água das piranhas escapa-se rapidamente. Nas ameias uma sentinela dá o sinal combinado. Mangueiras são ligadas aos tonéis dos vinhos reais. O líquido chega ao fosso. O falso esgoto é rapidamente tapado. Tudo é recomposto, gente e braços desempregados não faltam. Das ameias chega o sinal de que os tonéis vazaram. As gentes carregam à pressa as piranhas que adormeceram devido à monumental bebedeira.
Assiste-se a uma mobilização geral. Velhos, mulheres, doentes, grávidas, crianças e cães, carregam o precioso vinho. Enquanto algumas mamãs escamam o peixe, outras assam-no com o carvão roubado do Castelo. Todos bebem sem excepção, incluindo a criançada. As mamãs cedo cambaleiam. Quando os bebés pedem mama, dão-lhes vinho. Povos das redondezas, conforme combinado, chegam para a grande festa. Querem saudar as Cortes Reais e o seu rei. O cheiro a peixe começa a deambular por todo o lado. O do vinho também. As jovens iniciam danças sem fim. Todo o mundo dança. Todos estão muito contentes, porque a festa está muito bonita. Um diz ao outro:
- O Castelo está com muita luz.
- Não é. São os mastros dos navios de abastecimento.
- Nem uma coisa nem outra. São faróis.
- Acho que são os cavalos voadores que já chegaram.
- Cavalos? Temos que fugir!
As mamãs estão quentes, desnudam-se. Os homens excitam-se.
- Abre as pernas querida!
- Nem pensa, só quando a bebida acabar!
As mamãs repelem os filhotes.
- Mamã, mamã, mãezinha!
- Ah! Sai daqui pá, quem te mandou nascer? Hoje não há filhos, safa-te como puderes.
Foto: Angola em fotos
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