sábado, 11 de abril de 2009

A Origem da Grande Depressão de 2008 (43). Novela


«O Millennium BCP, mesmo com a actual administração, cujo presidente é o Dr. Carlos Santos Ferreira, continua a extorquir, "roubar" e a saquear dinheiros das contas das vítimas (clientes) silenciadas e indefesas, dando seguimento para o Banco de Portugal como sendo dívida de incumprimento, sujando o "bom nome" do cliente... enquanto os principais responsáveis do BCP, continuam intocáveis, sem serem chamados à justiça.»bcpcrime.blogspot.com


Contrariamente ao anunciado, Elder no bar-restaurante improvisado só serve a refeição do almoço. Toda a gente protesta, porque a comida é cozinhada com tal desprezo que mete dó: arroz mal confeccionado com pedaços de gordura e alguma carne para disfarçar. Ele finge que também come, mas depois vai nos seus aposentos, abre o frigorífico e serve-se à vontade. À noite antes de sairmos faz-nos um convite:
- Arranjei umas sandes de queijo e cerveja, vamos petiscando e conversando.

Éramos apenas quatro, ele, eu, o irmão, e o Engenheiro Mecânico. A única estação de televisão que existia no país apresentava o seu telejornal. Sugeri que se mudasse de canal:
- Elder põe na CNN.
- Não querias mais nada, isso custa dinheiro.
O noticiário apresenta alguns governantes. Elder comenta:
- Esse governante, fui eu que lhe dei aulas de economia, quando era professor, aquele também… o outro também.
- É por isso que o país está assim. – Criticou o Engenheiro Mecânico.
- Assim como?!
- Bem organizado. – Ironizou o Engenheiro Mecânico.
- Mas o que é que vocês querem? Se não aprenderam mais é porque não quiseram.
- Aprenderam demais, nessas coisas és um mestre. – Garantiu o Heitor.
- E não fui ministro das finanças porque não aceitei.
- Ainda bem. – Disse a rir o Heitor.
- Não entendi essa.
- O país ficaria demasiado organizado. – Continuou com risada o irmão.
- Ainda bem que sabes disso.
- Nunca ouviram falar da Cornélia? – Perguntou o Engenheiro Mecânico.
Elder finge não dar importância à pergunta. Comenta:
- Não será mais alguma prostituta da noite que anda aí a espalhar sida por vingança?
- Não é nada disso, posso contar? – Insistiu o Engenheiro.
- Conta lá. – Pediu o Elder.
- Cornélia, filha de Cipião, o Africano, e mãe dos Gracos. Tendo ficado viúva com doze filhos, só conservou uma filha que casou com Cipião Emiliano, e dois filhos, Tibério e Caio, famosos pelo seu talento e coragem e pelo seu trágico destino. Mulher de carácter viril e de espírito cultivado, Cornélia educou os seus filhos com o maior esmero, inspirando-lhes o amor do bem público e do povo, e a paixão da glória e dos grandes feitos, perguntando-lhes às vezes se sempre lhe chamariam a filha de Cipião e nunca a mãe dos Gracos. Um dia uma rica patrícia da Campânia, mostrando-lhe as suas jóias, pediu-lhe para ver também as dela. Cornélia apresentou-lhe os seus filhos: Eis, disse ela, as minhas jóias e adornos preciosos.[1]

Elder pareceu não dar nenhuma importância à Cornélia. Toca-me na mão e diz-me:
- Amanhã vai chegar o nosso Relações Públicas, o Kizua, que esteve pouco tempo em Benguela. Vai-te apoiar no que for necessário.
Elder faz um contraponto para defender os seus pontos de vista:
- Sabes o que é que anda a circular na Internet?
- Não.
- Um arquivo com o nome de Emela. Contém a conta-corrente de um director de uma empresa estatal com o saldo de um milhão de dólares das comissões. Já conseguiu comprar duas casas em Portugal e financiar uma empresa, uma trading, que vende tudo o que é necessário para Angola. Se os revolucionários enriquecem a roubar, eu não posso fazer o mesmo?! Seguirei os seus passos e roubarei cada vez mais.

O meu telemóvel toca. É a Anita que me suplica:
- Ainda demoras muito amor?
- Não.
- Vem depressa, sinto-me muito só.
- Vou já.

[1] In Dicionário Prático Ilustrado. Lello.

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