domingo, 19 de abril de 2009

A Origem da Grande Depressão de 2008 (fim). Novela


EPÍLOGO

A minha esposa enviou-me um e-mail a dizer que ela e os filhos me abandonaram para sempre. Terminava na desfeita, que já não gostas do que é claro, e que os caminhos da escuridão das negras não deixam visibilidade, e que ficasse para sempre com a escuridão eterna.

Com o dinheiro que vinha no embrulho que o Malcolm X deixou, comprámos computadores e montámos um escritório em casa, onde efectuamos vários trabalhos. A Anita sente-se feliz porque pretende doutorar-se através da Internet. Não sente escrúpulos da origem do dinheiro, costuma dizer, que se roubam, nós também temos esse direito.
Aproveitou, foi a Portugal visitar uma amiga, e trouxe muita roupa, especialmente lingerie, que no dizer dela, é para renovar a frota da nossa intimidade.

Elder está trancado na sua fortaleza. Todos os novos-ricos estão assim. Costuma dizer que os telemóveis, raramente os atende porque sente medo, que um caiu na água e o outro avariou-se, o que não é verdade e que já vai resolver isso. Está sempre a mudar de alojamento para não ser surpreendido, porque tem muitos inimigos. Ultimamente aparece para pagar os vencimentos do pessoal, fica alguns dias e pisga-se. Continua a inventar documentos para não pagar impostos. Tem uma trading que vende desde agulhas a, no dizer dele, que também está apto a fornecer um porta-aviões a Angola. A electricidade do vez em quando, está sempre com falhas, por isso trabalha-se com gerador. Elder costuma dizer, o que aqui há a mais são geradores.

Heitor prossegue a sua actividade de engenheiro de construção civil. Com um monte de dólares conseguiu a papelada e é mais um engenheiro. As paredes, os muros e o chão da empresa mostram brechas perigosas. Parece a falha de São André.

Nunca mais vi a Ava. O Elder disse-me que ela não quer sair de Portugal. Está muito ocupada com a Butique.

O Kizua disse-me que o Jacinto morreu devido à fome, completamente abandonado à sua sorte.

O Engenheiro Mecânico continua a estragar os carros, os clientes estão a fugir.


E testifico que foi em Luanda, que a grande depressão de 2008 iniciou. Tal e qual como o efeito borboleta.

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