sexta-feira, 17 de abril de 2009

A Origem da Grande Depressão de 2008 (46). Novela


- Não é engenheiro mecânico. Ele começou a trabalhar numa empresa que representa uma marca muito conhecida. Num dia um general achou estranho o barulho que o motor do seu carro fazia. Intrigado pediu a um mecânico amigo que lhe vistoriasse o motor. Qual não foi o seu espanto quando o mecânico disse que o motor tinha sido trocado. O general esbaforido exigiu que queria o seu motor. Colocaram-lhe um novo, nunca souberam o que aconteceu ao outro, e ele foi despedido.
- Fantástico. – Comentei.
- Depois foi para outra empresa, os carros que reparava ficavam piores.

Também foi corrido. Arranjou trabalho numa oficina, esteve lá poucos dias porque um cliente ao sair notou que os apoios do motor não estavam apertados, ou não tinham sido montados.
- Que desgraça! – Exclamei.
- É um aventureiro…alojou-se aqui porque a mulher dele, uma angolana, correu com ele de casa porque não lhe dava dinheiro. Estava nitidamente a chulá-la. Já tem fama, porque alguns clientes quando chegam ou sabem que ele está aqui fogem. Os mecânicos que trabalham com ele são unânimes em afirmar que ele não percebe nada de mecânica.
- Como é possível? – Perguntei.
- Não se admire, aqui tudo é possível. Por exemplo, ele reparou o meu carro, mas ficou pior, tem problemas nos amortecedores. Ele disse que levou amortecedores novos, mas não é verdade porque são usados. Cobrou três mil dólares, e justificou-se que o carro levou uma reparação geral. Com o carro do Heitor aconteceu a mesma coisa, também cobrou a mesma quantia.
- O preço de um motor novo. – Calculei.
- Acho que foi vingança, o Elder disse para não pagar. Ladrão que rouba ladrão.

Lembrei-me que também fui penalizado.
- Até agora não sei o que foi feito do meu potente ups, da impressora a laser, e de uma secretária que me custaram muito dinheiro.
- Vendeu.
- Bandido!
Fico apreensivo porque Kizua olha-me fixamente. Parece ganhar coragem para me fazer uma grande confidência:
- Isto que lhe vou contar tem que me prometer que não dirá a ninguém.
- Prometo.
- Olhe que é muito perigoso.

O que seria desta vez que Kizua me ia contar? Seria assim tão importante? Preparou-se para desvendar:
- Ele tinha uma empresa de construção civil, uma sociedade com um português. Este executou um trabalho para o Estado. A dívida demorava a pagar, mas finalmente saiu a autorização de pagamento. Elder, na função de director financeiro recebe o dinheiro e não dá nenhuma quantia ao seu sócio. Ele ia e vinha sem conseguir nada. Acho que o ameaçou de levar o caso a tribunal.
- Quanto era? – Perguntei.
- Um milhão de dólares.
- Oh!?
Era muito dinheiro. Não sei se alguma vez na vida teria tal quantia ou muito menos. Pedi a Kizua para continuar:
- Numa manhã o português caminhava por uma rua próxima de casa, um carro aproximou-se e sempre em movimento dispararam-lhe vários tiros… e acabaram com ele.
- Oh!? Oh!?

Fiquei perplexo, receoso, seria possível? Custava-me a acreditar em tal. Pensei que Kizua não poderia inventar uma coisa destas.
- E depois?!
- Depois nada. O Elder recebeu a dívida e os que aguardavam a comissão convenceram-se que o português recebeu o dinheiro e que não lhes queria pagar. Então por vingança decidiram acabar com ele. Evidentemente que o Elder está por trás disso.

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