Estou mal, mas continuo honrada
porque rica de coerência e verticalidade
Desterraram-me dos círculos presidenciais
locais
mão-de-obra insistente
dos recados, dos costumes
Ocidentais
Escrava elegante
os missionários dão-me boas lições
nas missões
Obediente, submissa, a Deus temente
sem consentir, tornaram-me
escrava do Senhor
E serva dos novos senhores
da independência
Outra vez… mas eles não descobriram nada
obstruíram, destruíram tudo
da cidade de Luanda
Que seria livre da escravidão e do colonialismo
Torpe mentira. Forçaram-me, mais uma escrava
do rei e da rainha
Quando regressarei à minha liberdade?!
O Senhor dos Casebres desalojou-me
espatifou-me, destroçou-me, espoliou-me
Como todos os seres inumanos
é muito imperfeito
Sempre na infinita espera da demora
no tempo cinquentenário
Tantos nobres na feitiçaria
com o desejo de enriquecerem
Acabaram-se os gestos
de ternura
na independência que me desespera
Esqueceram-me e ao meu filho
no longínquo abandonado
Por promessas que nunca cumprem
Apenas as esperas das incontáveis
bichas. As filas humanas dos deportados
de todos os dias
para conseguir algo
que me espoliam
todos os dias
no desespero, sem independência
nunca me afirmarei como mulher
Com dignidade suporto
os desprezos da independência
lançados pela FAMÍLIA
E a desprezível diplomacia
da Ocidental hipocrisia
Outra vez na condição desumana
ultrajada
Arrastam-me na negra existência
Sim, sou negra
como o terrorismo internacional
que vos persegue, e vos atormentará
Querem-me sem instrução
para a escravidão
A minha liberdade é o luar
da noite angular, angolar
Mancharam a minha beleza
Deixaram-me alvar, secar
Sou negra
Na indigna independência inventada
só deles
sem hino, sem bandeira
é isto independência ?!
não! É apenas um pardieiro
de multidões famintas
e de comandantes
de campos de concentração
de exterminação
11 de Novembro
Da luta de libertação ainda
não encetada
1 comentário:
Conclusão, meu caro! Não é um problema da maldade dos brancos como você repetidamente refere. É um problema da maldade dos homens. De facto quando após o 25 de Abril de 1974 se poderia ter tentado criar um país onde pudessem conviver pessoas de diversos tons de pele, os ódios acumulados nos treze anos de guerra colonial não permitiram que os sensatos conduzissem Angola ao destino que as suas potencialidades humanas e territoriais garantiam. Faltou-nos um "Mandela"! Os homens seguiram os seus instintos mais baixos e foi o que se viu e em minha opinião se continuará a ver, por mais alguns anos.
Falta aos dirigentes angolanos a capacidade para fazerem uma análise fria e objectiva dos erros passados e tentarem recuperar a participação de muitos que foram escorraçados do país. Enquanto não houver essa humildade o país irá continuar na senda da pobreza da maioria e da riqueza ostensiva e indevidamente adquirida por uma minoria. E o que é patético, é que o comportamento dessa minoria está a dar razão aos saudosistas do colonialismo.
Se alguma lição tem de ser tirada destes 34 anos é que é preciso mudar rapidamente o actual "status quo"
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