sábado, 12 de março de 2011

Editorial. A “farra” chegou à “lixeira”. Quem pega na vassoura para varrer este lixo?


Maputo (Canalmoz) - Isto de facto está lindo. Muito honestamente, no seio deste regime andam todos “loucos”. Já ninguém conhece limites. Os abusos são intoleráveis. A todos os níveis. O País nas mãos deste tipo de senhores está realmente podre. Se havia dúvidas agora já há só praticamente certezas. A farra chegou à lixeira. Mas se para uns isto pode parecer o fim da esperança, para outros parece antes o fim da bagunça. Porque o Povo já abriu os olhos e só resta saber se saberá usar de inteligência para mudar as coisas manifestando-se sem estragar ou se se sente bem assim no meio desta bagunça e vai levar-nos para pior do que já estamos.
A “mamada” já chegou ao Conselho Constitucional. Até aqui ainda ia conseguindo dar um ar da sua graça. Acabou. O próprio presidente do órgão já fez dos fundos do Estado a sua machamba. Uma pouca vergonha!
Pelos discursos na abertura do ano judicial se alguma credibilidade ainda se podia encontrar nos tribunais e na Justiça agora está tudo visto. Já ninguém sabe em quem confiar. Já não é só o regime em si que está caduco e desajustado. Na dita elite, buscando e rebuscando, pouco ou nada sobra para que se continue a acreditar que é possível mudar.
Não se sente movimento para alterar as coisas. A sociedade não se mexe mas sente-se que está muito preocupada.
Os doadores tentam mexer mas repetem os mesmos erros todos os dias. Parecem um gato constantemente a ver se consegue morder o seu próprio rabo. Quando criam novos projectos não percebem que estão a mudar apenas os nomes, mas não o paradigma.
Toda a gente à espera que aconteça algo para depois deitaremos todos as mãos à cabeça?
Estamos mais uma vez no fundo do poço. É uma tristeza!... A esperança que nos encheu os corações e o peito com o fim da guerra civil, está praticamente esgotada.
Vivemos num país de isenções para uns e obrigações para o Povo. Isto não muda. Ninguém vê que o rastilho já está a arder?
Os mega-projectos têm isenções. Os partidos políticos têm isenções. O que está a dar é criar um partido político para viver de isenções e viver pendurado em empresários habilidosos.
Os deputados têm isenções. Os ministros, os diplomatas, os parentes dos governantes, passeiam-se pelas fronteiras com isenções para tudo e mais alguma coisa, pendurados em passaportes diplomáticos e com apelidos fortes.
Os homens de negócios ligados ao partido no Poder vivem de isenções pendurados nos políticos. Algumas das suas empresas são autênticas incubadoras de corrupção, ensinando como fugir dos impostos, já nem se importando que partido servem… Desde que a “mamada” dê bom leitinho, que venha o leitinho… Só percebe a que partido alguém pertence, quando se quer fazer carreira dentro do Estado. Aí sim, conta muito se fulano é da Frelimo, do PDD, do PIMO. Nos negócios é uma correria. Andam todos aos abraços e beijinhos. São todos “brothers”…
O povo só vai tendo o direito de mastigar em seco.
As ONG´s vivem de isenções do IRPS para os seus quadros expatriados. Grande parte das empresas não paga impostos. As que pagam são perseguidas por funcionários a quem o Estado emprega quase a preço de esmola deixando-os irem safando-se de “mamada” em “mamada” no nosso “maravilhoso povo”.
Os polícias não passam multas para meterem dinheiro ao bolso. É a farra nas ruas… As suas hierarquias não impedem porque assim “estamos juntos” e o país vai parecendo estar numa boa.
Os administradores usam os fundos de investimento distrital para reabilitação das casas do Estado e quase sempre quando se vai ver estão ao mesmo tempo a construir as suas próprias casas em algum lado ou a receber comissões das empresas que reabilitam os seus “palácios distritais”.
Com o Fundo de Investimento Distrital reabilitam até “pódios para comícios” que mais não são do que custos que o partido no poder trespassa para o Estado. O dinheiro do Estado está assim a alimentar quem serve o Poder ao mesmo tempo que o Governo fecha os olhos para que todos, de “mamada” em “mamada” continuem muito felizes e caladinhos.
Como é possível transformar os distritos num pólo de desenvolvimento quando o dinheiro público está a ser usado em luxos em vez de ser usado para desenvolvimento rural, construção de infra-estruturas que induzam o aumento da produtividade agrícola e assegurem o seu escoamento para os centros de consumo?
É possível acreditar na seriedade do discurso do presidente da República Armando Guebuza sobre o combate à pobreza quando se sabe que o dinheiro do Estado está a ser gasto em mordomias com verbas do Fundo de Investimento Distrital?
Os examinadores nas mais diversas escolas, incluindo os que têm a seu cargo aferir os conhecimentos dos cidadãos que se querem habilitar a algo, vendem notas, vendem diplomas, vendem cartas de condução, vendem tudo o que podem.
Os professores quando os resultados dos exames são muito negativos vêm a público dizer à sociedade para não se preocupar porque na segunda chamada tudo vai melhorar.
Em termos estatísticos continuam a enganar-nos. Na prática todos sabemos o “barril de pólvora” em que estamos metidos com este tipo de Educação. Até sabem que por este andar qualquer dia estamos a pedir aos doadores para financiar um programa de vinte anos para alfabetização de licenciados e mestrados. E eles até certamente dirão que sim pois é desses que eles mais gostam: PRAP, PARP, PARPA, PREP, PRIP, PROACRE, PRIPOP, qualquer nome serve…é preciso é que soe a música para que a “marrabenta” de mobilização de recursos financeiros sem conteúdo não perca o seu ritmo...
É uma constante festa de mau gosto…
Ninguém pergunta como é que bancos de um País pobre podem contribuir com vinte, trinta, quarenta porcento dos lucros anuais das holdings internacionais a que pertencem? De onde vem tanto dinheiro num país que não produz? Quem está disposto a rever o negócio dos bancos em Moçambique? O senhor governador do Banco de Moçambique que viu e bem que é oportuno rever as isenções dos mega-projectos o que é que irá fazer para que a banca comercial se transforme definitivamente numa alavanca de desenvolvimento em Moçambique?
Porque razão um país de tanga atrai tantos bancos? Dezoito bancos, dezenas de casas de câmbios?...
A vassalagem tem de deixar de ser mais importante do que a competência. Mas, perguntem ao ex-secretário geral do Conselho Constitucional quanto lhe custou tudo ter tentado para proteger o Estado e não deixar o seu chefe afiambrar-se com benesses? Foi ele e ficou o chefe. O Povo vai ter de continuar a pagar os apetites do ex-comissário político. O honesto Saranga já era. Os bons juízes conselheiros que se opunham e bem aos apetites do senhor juiz-presidente acabaram calando-se antes que os façam seguir as peugadas de Saranga. “Ishe Yowé”, como é bom cair em graça do senhor Guebuza…
Na Tunisia, no Egipto e na Líbia também era assim…
Perguntem ao Bastonário da Ordem dos Advogados porque é que ele está tão preocupado com o silêncio do sistema de justiça no Caso do MBS levantado pelo presidente norte-americano. Perguntem ao próprio senhor Mahomed Bachir se ele próprio está preocupado que a Justiça limpe o seu nome. Perguntem-lhe por que é que “chora todos os dias” por se considerar injustiçado e não vem regularmente a público, como tanto gostava fazer, pedir que se faça justiça? Agora seria de esperar que não se calasse nem um minuto a pedir aos seus camaradas que acelerem os processos de descoberta definitiva da verdade, mas está calado. Porquê? E por que razão os seus camaradas também não saem em sua defesa, publicamente?
Onde estão os advogados do dito “barão da droga” que diziam que iam esclarecer tudo num ápice? Estão a ver se o tempo se encarrega de fazer as pessoas esquecerem-se de que podemos estar perante um inocente ou de um dos mais vis filhos desta pátria?
Pobre País de que tanto gostamos!
Pobre povo e sua eterna paciência!
Pobre sociedade civil que só fala se os doadores lhe pagarem para isso!
Pobres cidadãos dos países doadores que andam a alimentar este gangsterismo todo quando a eles também os seus governos lhes pedem para apertarem o cinto!
Quem pega na vassoura para varrer este lixo? (Canalmoz / Canal de Moçambique)

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