quinta-feira, 3 de março de 2011

A República dos emparedados vivos





E o governo do eterno poder popular agora estruturante, decidiu oferecer às populações uma revolucionária solução arquitectónica, mais uma, única no contexto mundial: emparedar vivas as suas populações.
E se bem o pensou, pior o fez. O plano foi aprovado em Conselho de Ministros, ou parece mais o Conselho da Revolução. E vai de emparedar vivo tudo o que é pessoa. Que Alá e os seus jasmins nos libertem desta inquisição.
Além da denúncia dos emparedados vivos junto ao Hospital Militar, nas traseiras da Pomobel, ao Zé Pirão, e ao lado da Angop, também emparedaram mais seres humanos. Mas eu não tenho conhecimento desta nova política do emparedamento nacional. Será mais uma actividade da nossa secreta?
Este governo desenvolve actividades muito perigosas, consideradas de flagrantes delitos. Temos que descartá-lo, colocá-lo de quarentena. Este governo quer a nossa destruição. Não dá para confiar em gente que passa a vida a nos aldrabar.
Devemos organizar uma manifestação, e exigir a demolição do governo e das suas construções anárquicas, ilegais. Não é assim que eles fazem com os casebres? Vamos mobilizar o Dr. David Mendes, pois então!
O lugar desta gente é na prisão! É urgente, inadiável, libertarmo-nos dos libertadores. Na realidade o que pretendem é a continuação da nossa eterna escravidão.
Tantos massacres que já nos fizeram, e fazem, atente-se para a greve da água, da energia eléctrica e da Internet, a subida de um dia para o outro dos preços dos produtos alimentares, agora só nos faltava mais esta: o emparedar-nos.

Eis a ementa do morrodamaianga.blogspot.com
«Aconteceu no Maculusso: GPL autorizou um emparedamento
As fotografias retratam a situação dramática em que ficou a parte frontal de alguns prédios que se encontram localizados no Maculusso, entre o Hospital Militar e o Colégio Elizangela Filomena.
A zona residencial é vulgarmente conhecida como "prédios dos cubanos".
Na sequência da autorização de construção que foi concedida pelo GPL, um mastodôntico edificio está a ser construído na "fronha" dos prédios que já lá se encontram há mais de vinte anos, pondo em causa um direito constitucional dos habitantes que com esta decisão foram emparedados.
De facto é de um verdadeiro emparedamento que se trata. É exactamente isto o que se está a passar ali no Maculusso
A area disponível onde o novo prédio nasceu deveria servir para edificação de um espaço verde destinado aos habitantes da referida zona residencial.
Já vi muita coisa mal feita em Luanda na sequência de decisões da administração, sobretudo no âmbito desta ocupação de todos os espaços disponíveis para se erguer a "selva de betão/imobiliário" que é agora o grande negócio dos nossos novos-ricos e dos seus parceiros estrangeiros.
Mas como sempre disse e volto a dizer, nada em Luanda está tão mal que não possa piorar ainda mais.
Esta é a regra fundamental para estarmos sempre preparados para o que der e vier.
Por outras palavras a pior decisão nesta matéria da administração ainda não foi tomada.
O que os meus olhos têm visto ali é algo que eu nunca julguei que fosse possível, sobretudo que fosse tornado possível por uma decisão tomada por uma entidade pública.
Mas ainda mais grave do isso, parece ser a passividade com que os habitantes dos prédios emparedados aceitaram o sacrificio supremo que lhes foi imposto pelo GPL em nome sabe-se lá de que direitos.
Nos tempos que já lá vão o emparedamento era uma tortura mortal usada pela Inquisição da Igreja Católica.
Era a verdadeira morte lenta.
Salvaguardadas as devidas distâncias, não vejo muitas diferenças com o emparedamento que trago hoje para este morro.»

Sem comentários: