quarta-feira, 28 de março de 2012

Em Maputo. Pais e familiares de estudantes grevistas na Argélia criam “Movimento de Solidariedade”


Maputo (Canalmoz) – Um grupo de pais, encarregados de educação, familiares e pessoas solidárias com os estudantes moçambicanos na Argélia que há uma semana estão em greve na sede da Embaixada moçambicana na capital Argel, reuniu-se em Maputo, ontem, terça-feira, para, segundo fontes do grupo, criar um movimento de solidariedade que se vai denominar “Associação de Pais de Crianças Estudantes na Argélia”.
O encontro, segundo soube a nossa reportagem, teve lugar no Jardim dos Professores, adjacente à Escola Secundária Josina Machel, em Maputo.
Fontes disseram ao Canalmoz que o movimento vai servir para ajudar os bolseiros através de interacção com o Governo para a solução dos problemas que estão a ser vividos pelos bolseiros naquele pais do Magreb.
“Vimos através deste meio, pedir que unamos as nossas forças por uma causa justa. Os nossos filhos que estão na Argélia, precisam da nossa ajuda neste momento, por isso vamo-nos unir”, disse uma senhora, mãe de um dos estudantes bolseiros na Argélia.
“Vamo-nos encontrar para ver se pedimos a autorização do Ministério da Educação, dado que neste momento não podemos fazer nada sem a autorização do ministério”, confirmou a mesma fonte.
De acordo com uma outra fonte, no encontro desta terça-feira foram escolhidas algumas pessoas encarregues de elaborar uma carta para o MINED, solicitando que os encontros passem a ser constantes. A fonte, sem adiantar com mais detalhes, disse que com o encontro se pretende criar uma organização de pais de crianças que estão a estudar na Argélia.
Caso o MINED concorde com a proposta de se criar este “movimento de solidariedade”, as nossas fontes dizem que a associação vai elaborar os documentos necessários para o seu reconhecimento.

Manifestação

Uma centena de estudantes universitários moçambicanos na Argélia, um país onde é proibido realizar qualquer manifestação, não resistiu às más condições de vida e decidiu fazer uma greve no interior da embaixada de Moçambique naquele país da África do norte. Os bolseiros exigiam o pagamento do seu valor de bolsa de estudos fixado em 150 dólares norte-americanos por mês, mas que demora a chegar às suas mãos e quando chega, chega com desconto de 50 por cento.
Durante o levantamento os estudantes disseram terem sido torturados pela Polícia argelina, a mando dos funcionários da Embaixada moçambicana.
Antes da Polícia invadir o edifício da embaixada, os estudantes chegaram a acampar na embaixada sem que a Polícia argelina lhes pudesse tirar por se tratar de um espaço considerado “território moçambicano”.

Estudantes perdem bolsas

Entretanto, o ministro da Educação, Zeferino Martins, que classificou a greve dos estudantes na Argélia como “má conduta”, anunciou que os cabecilhas da greve de estudantes na Argélia já perderam as suas bolsas.
Segundo o titular da pasta de Educação, os cabecilhas que de acordo com fontes do Ministério da Educação são 12 alunos, serão obrigados a regressar ao país imediatamente, e não beneficiarão de nenhum direito.
“Os mesmos perderam todos direitos pela má conduta, daí que devem abandonar aquele país da África do Norte” referiu o ministro Zeferino Martins.
Os estudantes bolseiros, estão na segunda semana de greve, e o Governo moçambicano na pessoa de Zeferino Martins, diz que devem desocupar voluntariamente a Embaixada moçambicana naquele país, “dado que a sua permanência no local está a causar enormes prejuízos ao país”.
O executivo diz que para além de forçar o encerramento da representação diplomática, a greve esta a provocar elevados prejuízos e a comprometer o bom funcionamento das restantes instituições vizinhas, para alem de perturbar a convivência em residências, visto que os bolseiros entoam cânticos em voz alta e tocam batuques.
“Definitivamente, devo dizer que não haverá aumento da bolsa, porque isso acarreta custos e o país não está em condições de suportar essa despesa. Os estudantes devem abandonar o local e regressar às faculdades. Caso isso não aconteça serão forçados a deixar o lugar” – disse o ministro da Educação.
O Governo já advertiu que caso os bolseiros em greve não acatem os apelos das autoridades no sentido de abandonarem aquela representação diplomática nos próximos dias serão sancionados e alguns vão ser recambiados para Moçambique.
O MINED reuniu-se na semana passada com os pais e encarregados de educação no sentido de lhes pedir ajuda para sensibilizarem os seus educandos a abandonarem o local. Alguns pais foram coagidos pelo MINED sob a ameaça dos seus filhos serem repatriados caso não abandonem a reivindicação.
Os estudantes continuam a aguardar pela resolução dos problemas que os levaram a decidirem-se pelo levantamento.
Os estudantes não desistem da greve e dizem que não vão sair enquanto as suas exigências não forem satisfeitas. Segundo eles, a bolsa que o MINED diz ter pago quatro meses adiantado não chegou completa, ou seja, sofreram cortes sem nenhuma justificação plausível para o efeito.
O MINED afirma que pagou quatro meses adiantados, ou seja Janeiro, Fevereiro, Março e Abril de 2012, valor que os estudantes dizem não ter chegado completo às suas mãos.

MINED tenta se esquivar do problema

Enquanto isso, uma fonte do Governo disse não existir corte de dinheiro dos estudantes. A mesma fonte argumenta por outro lado que as bolsas daqueles estudantes não estão a ser patrocinadas pelo Governo moçambicano, mas, sim, pelo executivo da Argélia, não havendo por isso possibilidade de vir a aumentar os valores reivindicados pelos bolseiros. (Bernardo Álvaro)
Imagem: ... representação do nosso país e com a presença de todos os bolsistas ...
ndhaneta.blogspot.com


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