terça-feira, 6 de março de 2012

Estudo põe a nu a mais antiga universidade do país. Universidade Eduardo Mondlane está um caos



“Há casos de troca de favores entre docentes e estudantes, que vão desde explicações particulares remuneradas, passando pela venda de notas, à prostituição”.

“Nem sempre as bolsas são atribuídas a estudantes que realmente necessitam da bolsa de estudos. Por exemplo, existem estudantes bolseiros com viaturas particulares”.

“A morosidade no pagamento das bolsas obriga os estudantes a procurarem meios alternativos de satisfazer as suas necessidades básicas. Algumas estudantes prostituem-se por esta razão”.

“O espaço nas residências é insuficiente para as necessidades; Nas residências há maior número de “rendeiros” que de bolseiros, parecendo ser preocupação da DSS apenas colher receitas financeiras”.

Maputo (Canalmoz) - A Universidade Eduardo Mondlane, a mais antiga e mais reputada instituição de ensino superior no país, está mergulhada num mar de problemas acumulados durante as últimas décadas que lhe retiram o prestígio que já chegou a granjear. Um estudo de auscultação recomendado pelo Despacho 088/RT/2011, do Reitor da UEM, Professor Dr. Orlando Quilambo, permitiu apurar a real situação em que está mergulhada esta universidade. As conclusões são de bradar aos céus. Está claramente instalado o caos.
O estudo abrangeu estudantes de todos os níveis (licenciatura e pós-graduação), docentes, pesquisadores, pessoal dos corpos técnico e administrativo e não há nenhum sector onde não tenham sido encontrados problemas gravíssimos.
O relatório final da auscultação sobre a UEM, na posse do Canalmoz / Canal de Moçambique, relata problemas bicudos e de todos os tipos. Só para se imaginar o quanto a situação é gritante, há casos descritos de estudantes que “prostituem-se com docentes para passar de classe”. Também consta que há “aulas administradas por assistentes estagiários durante todo o semestre”, enquanto “os regentes das cadeiras só passam pela sala no primeiro e no último dia de aulas”.
Nas residências universitárias os dormitórios são arrendados a pessoas estranhas, enquanto estudantes provenientes das províncias e com direito a bolsa de alojamento não têm onde dormir.
Reportam-se até casos de professores que fazem reprovar os estudantes só para estes terem de voltar a pagar os “200 meticais que são exigidos para um segundo exame de recorrência”.
O estudo decorreu, como consta no relatório em nosso poder, entre Junho e Julho de 2011. Abrangeu um número significativo de estudantes, docentes, pesquisadores e pessoal administrativo de 20 unidades da UEM, na cidade de Maputo, na Escola Superior de Desenvolvimento Rural de Vilankulo (ESUDER), na Escola Superior de Hotelaria e Turismo de Inhambane (ESHTI), e na Escola Superior de Negócios e Empreendedorismo de Chibuto (ESNEC).
Nesta edição, o Canalmoz / Canal de Moçambique publica em exclusivo e em primeira-mão, parte do relatório final de auscultação feita na UEM. Devido à extensão do documento, publicamos apenas a parte referente aos problemas levantados pelos estudantes e em próximas edições iremos prosseguir com a publicação fazendo menção aos problemas levantados pelos docentes, investigadores e pessoal técnico e administrativo.
Eis, entretanto, alguns dos resultados do estudo, aqueles que julgámos por ora mais pertinentes.


Ingresso na UEM

Sobre os problemas relacionados com o ingresso na UEM, as principais constatações são:

– Deficiente informação ao nível das escolas secundárias sobre os cursos leccionados na UEM e respectivos planos de estudo (o estudante só toma conhecimento sobre a existência de alguns cursos no momento da inscrição);

– Há escolas secundárias que não recebem os editais da UEM;
A UEM só se limita a publicar o edital com a lista dos cursos e das disciplinas necessárias para o ingresso em cada curso, não havendo informação complementar que caracterize os cursos;

– Há estudantes que terminam o nível pré-universitário sem condições financeiras de entrar na universidade e que não têm acesso a informação sobre bolsas e até mesmo sobre o valor das propinas cobradas;

– O período entre a divulgação dos resultados das provas de acesso e o início das aulas é muito curto, o que cria vários e sérios problemas logísticos aos estudantes mais afastados;

– As famílias economicamente mais débeis precisam de tempo para se prepararem para inscrever os filhos no ensino superior;

– As escolas secundárias levam tempo a emitir os certificados. Muitas vezes a documentação dos estudantes não é aceite e eles são obrigados a regressar às províncias de origem para obter os certificados;

– Falta informação que oriente os estudantes admitidos, nomeadamente quanto a inscrição, matrícula, transporte e alojamento (caso de bolseiros);

– Existem grandes diferenças de métodos de ensino entre a precedência (ensino secundário) e UEM, tornando-se um choque para o estudante quando este entra na UEM.


Exames de admissão

Nos exames de admissão da UEM, foram identificados os seguintes problemas:

– São frustrantes as grandes filas que se registam no período de inscrições para os exames de admissão;

– Existem critérios injustos de admissão directa, como o dos filhos de antigos combatentes e outros grupos privilegiados, ou critérios simplesmente pouco transparentes;

– Existe um sistema injusto de aferição, com base em percentagens que favorece a entrada de alunos mais fracos e impede a entrada de alunos com melhores notas nas provas;

– O sistema de cotas por província também cria injustiças e obstáculos à aferição do mérito individual;

– Alguns temas dos exames de admissão não foram abordados no nível médio, ou o foram com deficiência;

– O tipo de exames (escolha múltipla) impede o estudante de realizar abordagens mais amplas e argumentativas;

– Os exames de admissão favorecem aos estudantes do ensino geral porque estes abordam com profundidade a maior parte dos temas tratados nos exames;

– As matrizes disponibilizadas muitas vezes não são fiéis, o que prejudica os candidatos.


Condições de vida dos estudantes são lastimáveis

No que concerne às condições de vida dos estudantes beneficiários de bolsas da UEM foram constatadas questões inúmeras e graves até casos de estudantes que se prostituem para poder sobreviver no lar de estudantes devido à falta de condições mínimas. Enquanto isso, há estudantes que beneficiam de bolsas de estudo quando se verifica que ostentam boas condições de vida, chegando até a possuir viaturas pessoais.
No relatório que estamos a citar refere-se como questão preliminar que a relação entre os estudantes e alguns trabalhadores mais antigos da Direcção dos Serviços Sociais (DSS) é muito problemática, pelo que devia haver maior rotatividade dos funcionários da Direcção dos Serviços Sociais (DSS) porque alguns deles, devido à sua antiguidade, tiram proveito pessoal de recursos destinados aos estudantes.
Os estudantes não denunciam as irregularidades por temerem represálias desses funcionários.
Concretamente sobre as bolsas de estudo foram constatados os seguintes problemas:

– Houve uma redução drástica do número de bolsas completas, o que reduziu o número de estudantes provenientes dos distritos;

– Nem sempre as bolsas são atribuídas a estudantes que realmente necessitam da bolsa de estudos. Por exemplo, existem estudantes bolseiros com viaturas particulares;

– O valor das bolsas está longe de satisfazer as necessidades básicas dos estudantes;

– A morosidade no pagamento das bolsas obriga os estudantes a procurarem meios alternativos de satisfazer as suas necessidades básicas. Algumas estudantes prostituem-se por esta razão;

– A inflexibilidade do regulamento leva a que estudantes bolseiros que reprovaram a uma única cadeira, e a quem consequentemente a bolsa é retirada, sejam obrigados a abandonar os estudos.


Dormitórios da UEM arrendados para estranhos

Sobre o alojamento, constataram-se problemas bicudos. Até casos de estudantes que desistem da faculdade por falta de onde se alojar, enquanto isso a Direcção dos Serviços Sociais arrenda dormitórios para pessoas estranhas.
O espaço nas residências é insuficiente para as necessidades; Nas residências há maior número de “rendeiros” do que de bolseiros, parecendo ser preocupação da DSS apenas colher receitas financeiras.
Em algumas residências existem quartos ocupados por pessoas que não são estudantes ou por ex-estudantes, que já concluíram os seus cursos.
Não há segurança nas residências. Há quartos sem fechaduras e sem portas. A UEM não faz a reposição ou manutenção das residências.
A UEM já não disponibiliza roupa de cama e toalhas para os estudantes que chegam às residências universitárias; muitos estudantes dormem directamente em colchões semi-apodrecidos.
A bomba de água da Residência 8 está avariada há cerca de 8 meses. A DSS tem conhecimento do assunto mas nada está sendo feito.
As condições de alojamento na ESNEC e na ESUDER são muito precárias, sendo exemplo disso a ausência de portas nos quartos da ESUDER.
Na ESHTI não é permitido que os alunos usem aparelhos eléctricos ou tenham comida nos quartos, havendo rusgas regulares e apreensão de equipamento e comida.
Na ESHTI os alunos são obrigados a deixar os quartos durante as férias, e se estas são curtas, e eles moram longe e não vão às suas origens, ficam sem terem onde dormir.


Estudantes bolseiros faltam às aulas devido à fome

Sobre a alimentação, os problemas são também bicudos. Reportam-se casos de estudantes que faltam às aulas devido à fome, para não se falar de alimentos mal confeccionados.
A confecção dos alimentos é muito deficiente e tem vindo a piorar apesar da disponibilidade dos ingredientes, particularmente na ESHT, sendo grave tratando-se de uma escola de hotelaria e turismo. Esta escola está em Inhambane cidade.
A chegada tardia das refeições às residências (ex. Residência 8) faz com que alguns estudantes se atrasem às aulas ou tenham que ir às aulas sem ter almoçado.
Em algumas residências a quantidade de refeições servidas é insuficiente, resultando que alguns estudantes fiquem sem comer.
O preço das refeições praticado na ESNEC, em Gaza, é superior ao praticado nos refeitórios da UEM em Maputo.
Na ESHTI o refeitório é muitas vezes alugado para acolher eventos externos à escola e os alunos têm de tomar as refeições na sala de aula.


Estudantes bolseiros sem direito à assistência médica

Mesmo na saúde, a UEM não consegue garantir que estudantes bolseiros tenham assistência médica, apesar de existir um posto médico na Universidade. Os problemas identificados são os seguintes:
Os estudantes que não são da Faculdade de Medicina são obrigados a pagar a taxa normal nos hospitais.
A localização do Posto Médico no Campus Universitário só favorece alguns estudantes, ficando um grande número sem acesso.
Não existe aconselhamento psicológico, necessário para orientar e acompanhar estudantes com perturbações.


Falta de transporte

Os problemas da UEM não excluem um sector sequer. Por exemplo, apurou-se, durante o estudo, que “não existe transporte para estudantes, embora esteja previsto como um dos benefícios, particularmente para os estudantes bolseiros. Os estudantes deslocam-se às faculdades recorrendo aos meios possíveis como quaisquer cidadãos de Maputo.
Na ESNEC as aulas práticas (sobretudo para monitorar culturas) são muito prejudicadas pela falta de transporte.


Condições de Estudo: onde reside a maioria dos problemas

A UEM não tem acertado em nenhuma. Mesmo nas condições de estudo onde devia haver mais atenção, nada decorre conforme. Reportam-se casos de docentes regentes de cadeiras que nunca põem o pé na universidade, deixando a responsabilidade de leccionar com assistentes estagiários.
A cábula, o plágio, a encomenda de notas e até troca de favores sexuais para garantir a passagem são alguns dos problemas constatados. Eis a síntese do estudo nesta parte.


Calendário Académico

O calendário académico e o calendário de exames nem sempre são respeitados. Em algumas faculdades os estudantes têm aulas durante o período de férias. Por exemplo, este semestre (NR.: segundo semestre de 2011) na Faculdade de Medicina houve estudantes com exames marcados para o dia 18 de Julho de 2011 (os estudantes estão de férias nesta data). Os mesmos estudantes deveriam regressar às aulas no dia 25 de Julho.
Os docentes não publicam os resultados dos exames e testes dentro do período estipulado pelo Regulamento Pedagógico, havendo casos em que os estudantes iniciam o semestre seguinte sem conhecimento dos resultados dos exames do semestre
Anterior.
Há docentes que marcam aulas para os fins-de-semana; Existem casos de docentes que realizam exames sem publicar previamente a nota de frequência ou dos testes realizados ao longo do semestre.


Relações na Sala de Aula

Em alguns casos os docentes regentes só vão à sala de aulas no primeiro dia e no último dia, deixando no resto do tempo um Assistente Estagiário a dar as aulas, preparar testes e corrigi-los. Na ESNEC os professores regentes indicados nos programas nunca tiveram qualquer contacto com os estudantes.
Os estudantes não têm protecção em casos de denúncia de docente prevaricadores, sofrendo represálias destes se identificados.
A UEM não tem mecanismos para controlar os casos de abuso de poder de docentes.
Há casos de troca de favores entre docentes e estudantes, que vão desde explicações particulares remuneradas, passando pela venda de notas, à prostituição.
Os estudantes têm tido dificuldades para apresentar dúvidas ou qualquer outra preocupação ao docente porque este exige que o estudante marque antecipadamente uma audiência.
Muitas vezes os docentes não avaliam com os estudantes o processo de ensino e aprendizagem.
Em muitos casos os critérios de avaliação não são definidos no início do semestre ou, quando são definidos, não são seguidos.
Na ESNEC, usam-se materiais (apontamentos) desajustados da realidade actual.
Alguns Assistentes Estagiários não têm competências técnicas, pedagógicas e éticas para leccionar. Este quadro agrava-se na ESNEC e na ESUDER.
Na ESNEC, a localização da escola limita a realização de aulas práticas de simulação empresarial.
Na ESHTI os estudantes pagam 200 Mt para ir a exames de recorrência; consequentemente, muitos docentes têm a tendência de “mandar” a muitos dos alunos para a recorrência.
As fichas de avaliação dos docentes não têm servido para avaliar os docentes. Embora as avaliações sejam anónimas os docentes têm procurado saber da identidade do estudante ou dos estudantes no caso de avaliações negativas às vezes chegando ao ponto de inutilizar as avaliações feitas pelos estudantes.
A avaliação de docentes pelos estudantes não tem o impacto desejado.


Sobre a avaliação

Cada docente tem o seu critério de avaliação e esse critério só é conhecido no final do módulo.
Em algumas disciplinas as notas de práticas-laboratoriais não são consideradas.
Na ESHTI os estudantes que faltam a um teste têm de pagar 800 Mt (oitocentos meticais) para ter nova oportunidade de o fazer.

“Estudantes concluem curso sem nunca terem tido aulas práticas”

Por mais incrível que pareça, esta é uma realidade encontrada na UEM. Estudantes de cursos técnicos como engenharia, por exemplo, terminam os cursos sem nunca terem tido uma aula prática. Consta do relatório.
Em alguns casos os estudantes concluem cursos sem realizar aulas práticas por falta de material; os estudantes questionam a existência deste tipo de cursos.
Não há material de laboratório para experiências básicas (ex. no curso de química não há sequer água destilada).
Falta equipamento de protecção para as aulas práticas (máscaras, luvas, etc.).
A sala de informática da ECA (Escola de Comunicação e Artes) tem apenas 7 (sete) computadores operacionais para os estudantes de todos os cursos oferecidos. Não há acesso à Internet na ECA.
Na ESHTI a Sala de Informática fechou no ano de 2011.
Na ESUDER não há Sala de Informática, nem laboratório, nem centro de cópias. O primeiro grupo de graduados do curso de produção animal saiu sem ter tido quaisquer práticas
laboratoriais.
A maioria das faculdades e escolas tem grandes dificuldades de acesso à Internet. Na ESHTI e ESNEC a Internet só está disponível para a direcção, por razões de contenção de custos.
Todas as residências da UEM têm problemas de acesso à Internet.
Não há um mecanismo regular de divulgação dos trabalhos de fim de curso. Estes morrem nos departamentos.
Há docentes que retiram os livros da biblioteca para evitar que os estudantes consultem, por serem os mesmo que os docentes usam para elaborar os testes.
O horário das bibliotecas devia ser estendido e as bibliotecas abertas até mais tarde durante o final de semana.
Há problemas graves de falta de bibliografia.
Na ESNEC e na ESUDER muitas vezes o único livro existente é disputado por docentes e estudantes.
A ECA não tem material de laboratório para os seus estudantes. Os estudantes apenas aprendem bases teóricas. Não há emissora de rádio, mas há informação de que a frequência de rádio já foi paga pela UEM, e o equipamento adquirido.
Na ESHTI os alunos são obrigados a entregar os trabalhos dactilografados em computador. Como a Sala de Informática está fechada, eles têm de recorrer a serviços fora da escola, que são demasiado onerosos.


Plágio como modus operandi de estudantes da UEM

Num capítulo que fala de ética académica, o estudo constatou os seguintes problemas:
É preocupante o número crescente de casos de plágio. O plágio verifica-se mais no período pós-laboral, porque há muita pressão sobre os estudantes (trabalho e aulas).
O estudante entra para a UEM sem noções básicas de como se elabora um trabalho de investigação, o que justifica em parte as situações de plágio.
Em algumas faculdades há compra e venda de ensaios entre os estudantes.


Reforma Curricular

Neste capítulo identificou-se que: com a reforma curricular, não há clareza quanto à definição de alguns cursos nem ao título dos formados (ex. cursos da ESNEC);
A maior parte das faculdades tem estudantes acima das suas capacidades, o que afecta o processo de ensino e aprendizagem;
Na Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal e na ESNEC os estudantes não sabem se no final do curso terão o nível de licenciatura, de bacharelato ou de primeiro ciclo. Por exemplo, na Agronomia, fala-se de técnico agrário e não engenheiro.
Com o novo currículo, há a obrigatoriedade de o estudante fazer o segundo ciclo, mas os valores cobrados no segundo ciclo não são suportáveis para a maioria dos estudantes.
Os estudantes bolseiros (do 1ª ciclo) questionam se vão continuar com a bolsa até concluir o segundo ciclo.
A preparação dos estudantes nos níveis anteriores (secundário) não está adequada ao novo currículo.
Há disciplinas complexas que no antigo currículo eram dadas num semestre. No entanto, no novo currículo há situações de duas disciplinas dessa natureza que eram dadas num semestre e que agora se tornaram numa única (um módulo), que é leccionado em menos tempo, dificultando a compreensão da matéria pelo estudante.
Há disciplinas que foram retiradas do novo currículo mas que no entanto são fundamentais (nucleares) para o curso.
Falta monitoria do novo currículo. Há cursos com disciplinas sem docentes e alguns estudantes já estão a terminar os seus cursos sem terem frequentado essas disciplinas.
Os novos cursos nem sempre estão de acordo com a realidade e as exigências do mercado.
O novo currículo necessita de vários recursos de que a UEM não dispõe (equipamentos, infra-estrutura, docentes competentes, bibliografia).
Alguns docentes estão a sabotar o novo currículo. Haverá estudantes que vão sair da universidade em mais tempo do que o currículo pretende, e alguns vão acabar por desistir.
Alguns planos de estudo não têm uma articulação lógica. Na ESNEC existem disciplinas que são dadas no final do curso quando deviam ser dados logo no início.
O método de ensino centrado no estudante não se adequa às realidades da ESNEC e da ESUDER (falta bibliografia, o acesso à informação via Internet é deficiente, os docentes são de fraca qualidade).


Aspectos Políticos e Sociais

Neste capítulo, o relatório expressa que se constataram, também, vários problemas, a destacar:

– Falta de intercâmbio cultural, tendo em conta que os estudantes são provenientes de diferentes pontos do país;

– Falta de apoio da UEM para a materialização das diversas iniciativas dos estudantes;

– Na ESHTI as actividades culturais (teatro, dança) são de iniciativa e custeadas pelos estudantes. A direcção nem uma sala disponibiliza aos estudantes mas exige que haja espectáculos quando individualidades visitam a escola;

– A marcação de aulas e avaliações para os fins-de-semana origina a fraca participação dos estudantes em actividades desportivas;

– Na ESUDER faltam instalações e apoio da direcção para a prática desportiva.


Conclusão dos Estudos

Os problemas da UEM acompanham os estudantes desde a entrada até à sua saída da formação, tal como mostram os resultados do estudo.
Algumas faculdades/escolas não apoiam devidamente os estudantes na sua procura de locais para a realização de estágios profissionais (ex. ESTHI).
As taxas cobradas para a cerimónia de graduação são muito elevadas (mais de 6 mil meticais). Há estudantes que não participam na cerimónia de graduação por não terem condições de pagar essas taxas.
Nos cursos de pós-graduação as taxas cobradas são muito elevadas, tornando insustentável a frequência desses cursos por parte dos estudantes que completam o primeiro ciclo.
Esta é apenas a primeira parte do relatório que aborda os problemas que focam directamente os estudantes de licenciatura do período diurno. Mas os problemas são inúmeros que enfermam a UEM. E é nesta instituição onde se forma a maior parte dos quadros do País, tanto para o sector público como privado. (Borges Nhamirre)
Imagem: Maputo - Universidade Eduardo Mondlane
digitalnoindico.blogspot.com

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