quarta-feira, 14 de março de 2012

Íntegra do Discurso de Chivukuvuku



Angolanas, Angolanos,
Minhas Irmãs e Meus Irmãos
Cidadãos desta nobre Pátria da qual nos orgulhamos,

Club-k.net

Apresento-me, perante todos Vós, neste momento, que considero de maior relevância, quer para mim, quer para o nosso País, consciente dos desafios a encetar, para providenciarmos à nossa Pátria, o renascer de um sonho nunca afirmado. Façamos com que a história e a posteridade venham marcar o projecto que hoje vamos desencadear, como o começo de uma nova etapa, uma firme união de fé e de vontades, que certamente irá marcar, de forma indelével um novo capítulo, um novo marco, na História contemporânea de Angola.

Este nosso País, na sua curta História como nação soberana, regista três marcos. O primeiro marco histórico trata-se do dia 11 de Novembro de 1975, data que consagra a conquista da independência nacional, fruto da luta de libertação contra o jugo colonial, luta essa, que foi liderada por saudosos patriotas perante os quais me curvo respeitosamente.

» Trata-se de Álvaro Holden Roberto – Pioneiro da luta de libertação nacional e que nos legou o principio segundo o qual é fundamental garantir ao cidadão angolano a liberdade e a terra ancestral.

» Trata-se de António Agostinho Neto, que proclamou solenemente a independência nacional o que lhe outorga com o devido mérito o título de fundador do Estado Angolano e nos legou a divisa segundo a qual – o mais importante é resolver os problemas do Povo.

» Trata-se de Jonas Malheiro Savimbi, que, imbuído de um espírito audacioso e inovador, funda a UNITA no interior de Angola colonizada e assume a Democracia como a via apropriada para a realização do Angolano, tendo - nos legado o paradigma, hoje tão popular, segundo o qual, a realização do País não é outra coisa senão a realização do cidadão, e assim, primeiro o Angolano, segundo o Angolano, terceiro o Angolano, o Angolano sempre!

Para Eles, os três artífices da nossa Querida Pátria, presto homenagem póstuma, de profundo e sentido reconhecimento.

Minhas Senhoras, Meus Senhores,

O segundo marco da nossa história, trata-se do dia 31 de Maio de 1991, que consagrou a aceitação e a instauração do pluralismo político e da democracia, terminando assim um longo período de trevas, das verdades incontestáveis, do ateísmo imposto e de ideologias alheias a nossa realidade cultural africana.

A conquista deste segundo marco da historia do nosso País, foi fruto do sacrifício conscientemente consentido por jovens angolanos, de todas as militâncias, de todas as origens e de todos os extractos sociais do nosso País.

De 1993 a 2002, a Democracia não sossobrou do ponto de vista legal, no entanto ela não se consolidou do ponto de vista prático e real. Neste período, Angola viveu mais anos de lutas fratricidas indecifráveis, fruto de desconfianças endémicas, fruto de exclusões contínuas, e outras quezílias, logo sucedidas de abraços sem sincera irmandade, de palavras sem significado, de promessas quebradas, e firmados acordos nunca honrados.

Meus concidadãos,

O terceiro marco da historia de Angola ocorreu a 4 de Abril de 2002, com o advento da Paz, o que permitiu o renascer da esperança. Este terceiro marco, fruto do esforço e sacrifício de todos os angolanos, representou uma oportunidade que exigia a definição de novas opções e novas escolhas para o futuro comum.

» Deviamos dar primazia a Nação ou as militâncias Partidárias?

» Deviamos construir com justiça a coesão social ou iriamos aceitar a continuidade da dominação oligárquica – nepótica e corrupta?

» Deviamos apostar verdadeiramente nos valores democráticos ou iriamos permitir a continuidade do actual autoritarismo que nos últimos tempos vai assumindo características violentas?

» Deviamos implementar seriamente o Estado de Direito ou iriamos continuar a tolerar o abuso do poder e a Lei do mais forte, que hoje impera?

» Neste imbróglio todo, como fica a pessoa humana angolana tão sofrida?

Minhas irmãs, meus irmãos. Meus compatriotas.

Volvidos dez anos desde o advento da paz, deparamo-nos hoje perante esta encruzilhada que exige opções e escolhas.

Dizia “ Mahatma Gandhi “ Acreditar em algo e não o viver é desonesto. Também dizia o grande Martin Luther King, “ Nossas vidas começam a terminar no dia em que permanecemos em silêncio e passivos sobre as coisas que importam”.
Meus compatriotas,

Eu, Abel Chivukuvuku, militei na UNITA durante 38 anos. Quase uma vida, de sacrifício total para o bem da pessoa angolana; dedicada a busca incansável da justiça social e da igualdade de oportunidades para todos sem nenhuma distinção; dedicada a uma vivencia e postura de total incorruptibilidade; dedicada de forma determinada a luta pela valorização e dignificação do angolano.

Na essência, continuo fiel a esses ideais, afinal, hoje ideais universais. Com mágoa mas sobretudo com determinação, vejo-me forçado conscientemente a ter de trilhar um novo caminho. Cesso assim, a partir de hoje, a minha militância na UNITA. Para quantos acompanharam os últimos desenvolvimentos a volta da minha pessoa, sabem que não me restaram outras alternativas. Transmito um agradecimento pessoal a todos os meus ex companheiros que caminharam ao meu lado nestes 38 anos.

Para todos, o meu obrigado por tudo o que partilhamos e tudo o que me ensinaram. Para aqueles que durante ou em parte destes 38 anos foram meus adversários, fica a minha palavra de compreensão. É hoje um facto universal o entendimento de que a humanidade deve o progresso aqueles que em etapas e contextos específicos, questionaram, discordaram e divergiram.

Minhas Senhoras, Meus Senhores,

Saio da UNITA, porque não posso negar a Pátria e ao povo angolano, os meus humildes préstimos para o potenciamento de uma oportunidade, a criação de uma via melhor, uma nova esperança, uma nova luz, para a realização do nosso sonho angolano. Significa, o surgimento da terceira via. Vamos lutar para realizar uma Angola para todos, verdadeiramente independente e soberana , forte, próspera, moderna, justa, solidária, e para além de todos estes factores, verdadeiramente democrática. O nosso projecto é por Angola e pelos angolanos.

É um fenómeno angolano e sobretudo destinado a juventude, futuro do nosso País. Solenemente, anúncio a todos vós, angolanas e angolanos, que vou liderar nas eleições previstas para Setembro de 2012, um amplo movimento de cidadania, constituído e aberto para a participação de distintas e diversas forças politicas, entidades independentes de renome nacional e internacional e movimentos cívicos, estruturados numa CONVERGÊNCIA AMPLA DE SALVAÇÃO DE ANGOLA, abreviadamente denominada – CASA -, a nossa casa comum , cujos componentes, buscam a realização de uma vida nova para Angola e para os angolanos.

É minha convicção, que uma vida melhor para os angolanos, só será possível com uma nova direcção do País, uma nova Presidência. Que os cidadãos angolanos compreendam o que é óbvio. Não haverá uma vida melhor com a presidência que temos. Depois de 32 anos de exercício do poder presidencial nunca eleito, chegou a hora de demonstrar nas próximas eleições que chega.

32 é muito, então mais 5 o que daria 37 anos seria demais para não dizer insuportável. Chega.

Não será com certeza no próximo mandato de mais cinco anos que o actual Presidente vai realizar o que não conseguiu fazer em 32 anos de poder. Certamente que não. Chega.

A maioria dos angolanos e sobretudo os jovens, acham com razão, que chega desta presidência, mesmo se poucos ousam dize-lo. Digo isto, com muito respeito, admiração e consideração, para com os novos movimentos patrióticos e revolucionários juvenis, constantemente violentados e injustamente apodados de confusionistas, bem a moda dos colonialistas que qualificavam de terroristas os libertadores da pátria, hoje, governantes autoritários. Eu, Abel Chivukuvuku, sou defensor de transformações e mudanças ordeiras e pacificas, e assim será aqui no nosso País, já tão sofrido. No entanto, nunca prescindirei dos direitos fundamentais e constitucionais que consagram as liberdades democráticas. Os cidadãos têm o direito de exprimir a sua indignação perante o roubo desenfreado e imparável e os abusos de poder. A democracia tem de ser defendida.
Minhas irmãs, meus irmãos. Povo angolano.

Neste ano de 2012 é preciso mudar. Lanço este apelo aos angolanos. É preciso mudar. Na pior das hipóteses, e como realista que sou, acho que seria no mínimo e a todo o custo desejável acabar com a actual maioria asfixiante, cuja dimensão parlamentar, cometeu o escândalo de aprovar uma Constituição que permite eleger um Presidente da República, com poderes quase absolutos sem ter que enfrentar o eleitorado, directa e individualmente, angolano para angolano, com coragem, e olhos nos olhos. Por outras palavras, uma eleição presidencial.

O conceito da figura de cabeça de lista, é somente um artifício para permitir que alguém atinja o poder presidencial, na boleia de forças partidárias. É verdade. Submeteram-nos a esta vergonha.

Para aqueles angolanos, que apesar de descontentes com a realidade actual do nosso País, vivem a angustia de terem que se submeter as lealdades partidárias mesmo quando não concordam, nós propomos a terceira via.

Quem não encontra espaço de realização nos extremos, que se junte a nós no espaço patriótico que representa o centro.

Meus Concidadãos,

Apelo e desafio todos os patriotas angolanos , muitos dos quais, cidadãos que corajosamente sobrevivem com enormes dificuldades no seu dia a dia; apelo particularmente à juventude que legitimamente ambiciona um futuro melhor; apelo às nossas mamãs que nunca desanimaram; apelo aos meus compatriotas funcionários públicos, militares, policias e demais agentes da ordem pública sempre prontos para servir a nação e que apenas almejam uma vivência digna; apelo aos empresários angolanos que vivem a asfixia de um sistema injusto e sem incentivos; apelo aos intelectuais que sentem na pele a descriminação por pensarem diferente e serem forçados a pertencer aos comités de especialidade; apelo aos jornalistas e activistas cívicos que arduamente se batem pela democracia e pela liberdade de informação, e deixo aqui uma menção de solidariedade para com Filomeno Lopes e William Tonet ; apelo finalmente aos “nossos mais velhos”, aos anciãos que foram a nossa fonte de inspiração e que vivem a angústia da defraudação do sonho traído. Não desistam, ainda vamos a tempo, e é por isso que estou aqui.

Concidadãos, é chegada a hora de nos posicionarmos e de mãos dadas darmos o nosso melhor contributo para tornar esta Angola a Terra dos nossos sonhos..
Minhas irmãs, Meus irmãos, chegou a hora :

» chegou a hora de lutarmos por uma democracia real e efectiva.

» chegou a hora de lutarmos por uma governação patriótica.

» chegou a hora de lutarmos contra a corrupção, o nepotismo, o clientelismo e os desvios dos bens públicos.

» chegou a hora de termos um Governo do Povo, para o Povo e pelo Povo como disse Abraaham Lincoln.

» chegou a hora de terminarmos com a hipocrisia a mentira e a insensibilidade.

» chegou a hora do fim dos Comités de especialidade que aterrorizam os intelectuais e profissionais, obrigando-os a servir causas que só professam por temor perante à perda de postos de trabalho ou mordomias suplementares.

» chegou a hora do fim da utilização do cartão de um partido, nas empresas públicas ou privadas, como forma de descriminação, para o emprego ou promoção na carreira profissional.

» chegou a hora da busca da plena realização dos jovens por via da educação condigna, da saúde de qualidade, do emprego com remuneração justa, da habitação bonificada.

» chegou a hora de acabar com a falta de água nas casas do nosso povo.

» chegou a hora de acabar com as demolições selvagens que apenas abrangem as barracas dos pobres sem compensação condigna enquanto as novas centralidades mantêm-se vazias.

» chegou a hora de aprofundar o dialogo no que concerne as questões da província de Cabinda.

Meus camaradas,

Chega de passividade. Chega de fatalismo. Chega de hesitações. Esta é a hora.
Chegou a hora de Angola e dos Angolanos

# Este é o momento de nos afirmarmos perante a Pátria e o Mundo
» Este é o momento de lutarmos pelo Estado de Direito
» Este é o momento de realizarmos a democracia real.
» Este é o momento de conquistarmos a isenção da Justiça.
» Este é o momento de efectivarmos a observância da Ordem Constitucional e não
partirmos os braços de um cidadão apenas por apoiar jovens manifestantes.
» Este é o momento de lutamos por uma sociedade verdadeiramente solidária.
» Este é o momento de implementarmos o principio do mérito profissional.
» Este é o momento de adoptarmos um salário mínimo digno e justo.
» Este é o momento de promovermos a nossa identidade e diversidade cultural.

» Este é o momento de consolidarmos o usufruto das liberdades fundamentais.

» Este é o momento de trabalharmos pela Família, pela Protecção dos órfãos, pelos idosos, pelos deficientes, pelas crianças desamparadas, pelas viúvas, pelas mães solteiras, pelas zungeiras.
» este é o momento de lutarmos pela igualdade de oportunidades para todos os angolanos.
» Este é o momento de construirmos a harmonia e a irmandade entre os angolanos.
» Este é o momento para exigirmos uma Saúde digna para todos.
» Este é o momento de exigirmos uma Educação Pública condigna , desde a escola primária à universidade.
» Este é o momento de acabarmos com o analfabetismo o que o regime em 32 anos não realizou.

» Este é o momento de lutarmos pelo direito à habitação condigna.
Enfim, este é o momento de lançarmos a luta contra a pobreza o que verdadeiramente o actual regime não faz.

Minhas irmãs, meus irmãos, meus companheiros, meus camaradas.

Este é o momento de Angola !
2012 é o momento !

Quem está pronto para nos seguir neste sério desafio, nesta caminhada difícil, rumo a um País moderno e verdadeiramente democrático, assuma isso nestas eleições de 2012.

Este é o apelo de um Angolano a outros Angolanos .

Estou aqui por Angola, nossa Pátria terra herdada dos nossos seculares antepassados.

Eu, Abel Chivukuvuku , estou disponível, estou pronto !
Caros Compatriotas

Esta é a minha escolha, e acredito que seja a de muitos de Vós e a de muitos outros angolanos anónimos espalhados pelo nosso imenso e belo país.
Por Angola e pelos angolanos, só o futuro conta.

É nosso dever inscrever este ano de 2012, na História do nosso País , como aquele em que os angolanos decidiram maioritariamente abrir uma nova página para a vida de todos nós.
Minhas Irmãs e Meus Irmãos,

Este é o combate do presente, o combate do nosso tempo, da nossa era. Terá com certeza muitos espinhos, obstáculos inesperados, mas que nos trará grandeza e o sentido do dever cumprido quando realizado.

Tenho muita fé que anunciada a nova escolha, para esta nova etapa, teremos todos a determinação e a capacidade de persistir até alcançar o bem maior da Nação.

Uma Angola que sirva os Angolanos, que orgulhe os angolanos e seja a mãe de todos os Angolanos !

Para este nobre propósito, como já referi, Eu, Abel Chivukuvuku, por Angola estou disponível, por Angola estou pronto!

Em memória e honra dos nossos antepassados, eu, estou pronto!

Eu, Abel Chivukuvuku, crente em Deus Pai, ergo-me aqui , diante de Vós , meus irmãos e repito : ESTOU PRONTO A SERVIR ANGOLA E OS ANGOLANOS!
É a hora de Angola !
TUDO POR ANGOLA E UMA ANGOLA PARA TODOS.

1 comentário:

José Vieira disse...

Grande discuro! Estar a tentar especificar é perda de tempo! Foi soberbo nos tópicos e na abordagem! Parabéns!