Maputo (Canalmoz) – Está marcado para esta manhã em Benguela o julgamento sumário de dois cidadãos angolanos detidos sábado último nesta cidade durante uma manifestação em protesto contra a nomeação de Susana Inglês para presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE). Os detidos foram identificados como sendo Jesse Lufendo, activista da organização não-governamental, Omunga, e Hugo Kalumba. De acordo com um comunicado da Omunga recebido na nossa Redacção, os dois detidos foram maltratados por agentes policiais. A Omunga goza do estatuto de observador junto da Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos.
Registaram-se manifestações igualmente em Luanda, onde a polícia actuou em parceria com indivíduos trajando à civil e que se julga estarem a soldo do MPLA. De acordo com Pestana, membro do Bloco Democrático angolano, esses indivíduos estavam munidos de “barras de ferro e armas de guerra”, tendo descarregado sobre os manifestantes. Pestana refere que os atacantes “desferiram golpes em todas as direcções e fizeram fogo, de bala real, primeiro para o ar e, depois, em direcção aos manifestantes em fuga”. A Praça da Independência, logo previsto para concentração dos manifestantes, “estava cercada por todos os lados pela Polícia Nacional que dispunha de unidades da PIR (Polícia de Intervenção Rápida), polícia montada e polícia canina”, salienta o membro do Bloco Democrático que temos vindo a citar. Filomeno Vieira Lopes, secretário-geral do Bloco Democrático, foi agredido à margem da frustrada manifestação antigovernamental na capital angolana.
O antigo dirigente da UNITA Abel Chivukuvuku, que apresenta na próxima quarta-feira em Luanda o seu projecto político para as eleições gerais de Setembro em Angola, classificou os acontecimentos de “uma barbárie”. Chivukuvuku é citado pela LUSA a dizer que “há um único responsável, que é o Presidente José Eduardo dos Santos”.
Não obstante a forma como as autoridades angolanas reprimiram as manifestações de 10 de Março, a Omunga adverte que tem programada uma nova manifestação em Benguela no próximo sábado, dia 17 de Março, para exigir a substituição de Suzana Inglês do cargo de presidente da CNE, e manifestar “solidariedade para com todos os compatriotas reprimidos, humilhados, torturados, raptados, desacreditados e insultados pelo facto de quererem construir um País Democrático e para exigir o fim da repressão, proibição e restrição do exercício da liberdade de manifestação”.(Redacção)
Imagens: Populares transportam vítima da repressão do governo do MPLA .
Um dos manifestantes agredido por agentes do regime do MPLA
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