quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Ecos de tumultos em Maputo e Matola. Governo deve explicações ao povo sobre a produção de trigo



– considera o ex-estadista moçambicano, Joaquim Chissano, que apela para um diálogo permanente entre o executivo e a população

Maputo (Canalmoz) – O antigo estadista moçambicano, Joaquim Chissano, considera que uma vez que a população não sabe que não se produz trigo em Moçambique, nem de onde é que vem, muito menos sabe que há uma crise mundial desse mesmo cereal, o Governo deve descer à base e explicar isso e mais ao povo moçambicano. Joaquim Chissano respondia assim a uma das perguntas colocadas pelos jornalistas, na Praça dos Heróis, por ocasião da deposição de uma coroa de flores pela celebração de 36º aniversário da assinatura dos Acordos de Lusaka. A pergunta esteve enquadrada nos tumultos havidos entre 1 e 2 de Setembro corrente. Segundo ele, é preciso explicar à população que o trigo não é uma questão da vontade do Governo.
Para evitar as manifestações como as que se registaram semana passada nas cidade de Maputo e Matola, motivados pela subida galopante dos preços dos produtos da primeira necessidade, é necessário, segundo Joaquim Chissano que haja um diálogo permanente entre o Governo e a população.
Chissano foi mais longe ao afirmar que é preciso sentar-se à mesa com a população e explicar os processos pelos quais são desembolsados os fundos do Estado.
De acordo com o o ex-chefe de Estado e presidente honorário do partido Frelimo, não é fácil prever o que é preciso explicar porque as populações também fazem perguntas vagas, principalmente naquilo que não sabem. Chissano acusou, implicitamente, a população de estar a criticar o Governo sem antes perceber as razões que originam as tais críticas. “Por vezes é por ignorância de um processo. Eles não têm base para perguntar e, por isso, torna-se um processo muito difícil”, opinou implicitamente apelidando a população de ignorante.
O ex-estadista virou o cano para a imprensa e disse que esta pode desempenhar um papel didáctico fundamental, mesmo havendo tendências que admitem que esse não é seu trabalho. Contudo, apelou para que se faça esse trabalho como maneira de explicar à população, por exemplo, o que se passa com o petróleo, com os preços de produtos que sobem ou descem. Em suma Chissano está a propor que a Imprensa faça política e os políticos deixem de fazer o que lhes compete.

(Egídio Plácido)

2010-09-08 07:19:00

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