17 de Setembro que começou
e ainda não acabou, nem sequer
começou
E tudo se inicia com flores nas revoluções
nas involuções dos enganosos corpos dos
canhões
e das promessas atiradas no charco
da incoerência da incompetência
é uma revolução muito desgraçada
pela escassez de água que nos seca
a alma
pelo desmantelar dos nossos casebres
no festejo do relento
pela promessa da energia eléctrica
tão apagada
e que a nossa vida vai melhorar
e os chineses e outros estrangeiros vai
empregar
e no próximo 17 de Setembro
a mesma canção se entoará
tudo permanecerá, nada de bom virá
nada mudará
Os milhões de dólares dos dinheiros do petróleo e dos diamantes
evoluem setembrinos
na espoliação constante aos apátridas
na tristeza da nossa fome e da nossa miséria
dos Setembros
«Eu não existo
Palavra de honra que nunca existi
Atingi o Zero
o Nada
E agora podeis acabar
com os miseráveis bairros de negros
que vos atrapalham a vaidade»
in Agostinho Neto. A Renúncia impossível
«Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.»
In Fenando Pessoa. Tabacaria
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