quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Não sei como será mais este dia insuportável, miserável


Mulher angolana!
A liberdade recorda a beleza da tua paisagem
aguarda ansiosa que regresses, a despertes
libertes

Diferente dos outros dias não será
mas vê-se que nada nos trará
piorará
E sob a capa de movimento de libertação
perpetua-se a colonização
Estamos no limite da corda, do acordar
já não dá mais para esticar
Inexoravelmente ela cederá
partir-se-á e o lado do opressor
cederá, perecerá
Mais casebres desmontados
e terrenos espoliados
o habitual
E a invasão chinesa incontrolada
normal
Nos caixotes do lixo, shopping center da pobreza
é notório o PIB e o seu desenvolvimento
a miséria é negra, afogou-se no abismo
petrolífero
A nossa GESTAPO lista o assassinato
de mais um jornalista
e outro opositor político
que o nosso Pravda manterá no eterno
anonimato
As mamãs prosseguem no fardo
perseguidas pela independência
da miséria gatunada pelas nossas SS
e até abatidas sem condescendência
Ninguém tem direitos
tudo é do ESTADO do nosso Eterno Endeusado
E o TPI, Tribunal Penal Internacional
e a outra comunidade dos direitos humanos
perdidos, esquecidos, omitidos
aprovam o nosso extermínio
sob o tal olhar do silêncio petrolífero e diamantífero

Tempos muito negros, escuros
de olhos terrivelmente molhados
cegos pelos jorros dos campos crudelíssimos
das piscinas inundadas de petróleo
cercam-nos
Independência na terra espoliada
roubada e da corrupção
da célebre quadrilha organizada
que tem tudo e não nos deixa nada
E o rei e o seu séquito luxuosamente escondidos
protegidos no arsenal inseguro
há muito afastados da população
temerosos dos próximos dias que virão
do vulcão
Nos cemitérios nem os mortos deixam repousar
em cima das suas ossadas edificam tumbas de betão
para novos-ricos habitar

Mas que poder este que tudo amealha
tudo quer e nem aos esfomeados migalha
Este é o reino do rei da nossa miséria

É este o viver e morrer no Tarrafal do terror de Luanda

Imagem: bahianahora.blogspot.com






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