quinta-feira, 8 de março de 2012

Cidade de Nampula. Forças especiais da PRM tentam atacar homens da Renamo


Nampula (Canalmoz) – As diferentes forças especiais da Polícia da República de Moçambique, PRM, numa missão coordenada ao mais alto nível da corporação, tentaram, na noite da última terça-feira, atacar os homens armados da Renamo, aquartelados na rua dos Sem Medo, na cidade de Nampula, mas a tentativa fracassou, o que se não fosse o caso poderia resultar um banho de sangue de proporções incalculáveis.
O ataque que a Polícia da República de Moçambique (PRM) tinha em vista perpetrar visava a ocupação do espaço e a neutralização dos homens que se encontram ali aquartelados. outrora guerrilheiros que depois de 16 anos Guerra Civil obrigaram o governo do regime monopartidário do Partido Frelimo a assinar o Acordo Geral da Paz em Roma, em 1992.
Fontes do Canalmoz na unidade policial de Intervenção Rápida (FIR), confidenciaram-nos que a operação que fracassou foi incumbida pelos Serviços de Inteligência e Segurança do Estado (SISE) que para o efeito deslocou de Maputo uma brigada especial para lidar com o assunto que continua a apavorar os residentes em Nampula.
Os nossos confidentes na FIR disseram-nos que “só que por volta das 20 horas, duvidámos muito da operatividade do plano que nos foi apresentado pelos SISE, tendo em conta que aquela casa onde estão os homens da Renamo localiza-se no meio de muitas pessoas civis”, o que “significava que faríamos muitas vítimas”. Por outras palavras, em cima da hora para se iniciar a tal operação, “planeada e incumbida pela brigada dos SISE de Maputo”, foi decidido fazê-la abortar por se ter percebido que uma operação violenta acabaria com um banho de sangue que se poderia alastrar a todas a cidade de Nampula, com outras mais consequências graves.
As mesmas fontes policiais em Nampula disseram-nos que “não é seguro intentar qualquer tipo de acção de forma precipitada”, “porque muita gente vai morrer e a culpa será da Frelimo”, facto que “Dhlakama quer que aconteça para manchar a imagem do partido no poder”.
“Nós também sabemos que os colegas da PRM cá em Nampula, poderiam vir contra nós que viemos de Maputo, porque isto afectaria as suas famílias”. “Queriam lutar contra nós”. Em suma, houve receio de que no seio da própria PRM surgissem clivagens entre efectivos locais e efectivos deslocados de Maputo para Nampula a fim de combater a Renamo e Afonso Dhlakama. O simples facto de estarem a ser enviados efectivos de Maputo para Nampula, para suster os “homens armados da Renamo” está a criar uma onda de solidariedade entre todos os locais, designadamente as forças da Renamo, agentes policias e população, o que leva o conflito latente a assumir proporções políticas que ultrapassam já o simples conflito entre a Renamo e Frelimo.
O exército, aparentemente, ainda não se meteu no assunto, o que a vir a acontecer poderá agravar ainda mais o conflito latente e fazer com que uma questão por ora localizada assuma proporções mais graves ainda.

A imagem real

Há cerca de três meses que os quase duzentos e cinquenta ex-guerrilheiros da Renamo encontram-se aquartelados na delegação da cidade de Nampula sem que realmente se saiba quais as reais motivações. Da periferia de Nampula continuam a chegar-nos informações de que há mais homens armados da Renamo espalhados. Estima-se que ao todo haja cerca de quinhentos homens em prontidão combativa.
Tentámos de várias maneiras entender o problema. Visitámos duas antigas bases militares da Renamo em Nampula, por sinal de referência. Trata-se da então base de Namaia, no posto administrativo de Namaita, distrito de Nampula-Rapale, e a base de Grácio, no posto administrativo de Imala, no distrito de Muecate.
Tanto numa como na outra base, não há indício algum que haja frequência humana. Os residentes afirmam que há seis anos ou mais não se vêem mais de dez homens juntos.
Voltando à cidade de Nampula, o Canalmoz foi conversando com algumas pessoas entendidas em matéria de inteligência e segurança, e elas pensam que: “provavelmente, nem o próprio Dhlakama sabe o que é que aqueles homens estão a fazer naquele local, porque ele não os chamou”, daí que “o que se deve ter em conta é: quem os chamou à cidade. Para que fins?”.
Por estarem a prestar serviços ao Estado, essas fontes pediram-nos anonimato por temerem represálias. Opinam, no entanto, que o que se está a passar em Nampula “deve ser resultado de um trabalho de inteligência e segurança muito mal feito”.(Aunício da Silva)
Imagem: PRM em Nampula diz que não haverá espaço para quartéis da Renamo
tim.co.mz

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