quinta-feira, 1 de março de 2012

Dois moçambicanos morrem na greve nas minas da África do Sul


Maputo (Canalmoz) – Dois mineiros moçambicanos perderam a vida na sequência da greve que tem vindo a registar-se desde Janeiro passado na mina de platina Impala, em Rustenburg na República da África do Sul.O facto já foi confirmado pelo Ministério do Trabalho em Maputo num comunicado de Imprensa divulgado ontem.Segundo o comunicado, trata-se das primeiras vítimas mortais desde que a greve eclodiu em 19 de Janeiro do ano corrente e que tem sido caracterizada por ondas de violência protagonizadas pelos mentores da mesma, que reivindicam um aumento salarial de 5 para 9 mil Rands/mês.Aurélio Zaqueu Cuamba, natural de Inharrime, e Augusto Cassimo Malela, natural de Homoine, ambos na província de Inhambane, foram mortos na noite da última sexta-feira passada a caminho dos seus postos de trabalho, por um grupo de grevistas. Augusto Cassimo Malela trabalhava para a empresa Triple M. Mining Ltd, que presta serviços à companhia mineira Impala Platinum Mine, enquanto Aurélio Zaqueu Cuamba ainda não se conseguiu apurar a sua área, mas é sabido que prestava serviço à mina Impala. Para além desta insuficiência informativa, o malogrado (Aurélio Zaqueu Cuamba) não apresentava em vida um documento moçambicano habitual, identificando--se apenas com o documento de identificação sul-africano (ID).

Actos de vandalismo caracterizaram a última sexta-feira, provocando, para além da morte aos dois mo-çambicanos, também a morte de um mineiro de nacionalidade sul--africana e ferimentos, entre ligeiros e graves, a 60 outros trabalhadores, segundo apurou o MITRAB, através da sua Delegação na RAS, junto do Sub-Comandante do Posto policial de Phokeng, responsá-vel pela segurança da companhia. Até esta segunda-feira, 400 pessoas foram detidas em conexão com a greve, refere o MITRAB.
Para além dos dois moçambicanos mortos no passado fim-de--semana, outros três contraíram ferimentos, dos quais apenas Moisés Saimone Bila e Rodrigues Zacarias Licoze foram identificados, estando em curso o apuramento da identificação do terceiro, uma vez que mesmo o acesso ao hospital onde se encontram internados está difícil, devido a actos de intimidação por parte dos grevistas que, na primeira fase, mobilizaram mais de 17 mil mineiros.Na totalidade a mina empregava até à eclosão da greve um total de 26 mil trabalhadores, dos quais 1.860 moçambicanos. No início, estavam apenas 5.000 operadores de máquinas perfuradoras no subsolo, incluindo 100 moçambicanos, conhecidos na sigla inglesa por RDO`s (Rock Drill Operators), que são o nú-cleo para qualquer trabalho mineiro, por serem eles o garante de todo o trabalho dentro da mina.
Depois aderiram outros sectores em sua solidariedade, o que obrigou a gerência da companhia a rescindir o contrato de 17.2000 grevistas.No âmbito das conversações que se seguiram a esta decisão, a medida foi revista, readmitindo-os, mas com perda de alguns benefícios constantes dos anteriores contractos. Até segunda-feira, apenas 9 mil deste número tinham-se inscrito para voltar ao trabalho nas condi-ções apresentadas pelo patronato.O Ministério do Trabalho diz estar a a trabalhar com os familiares, agências recrutadoras e com a entidade empregadora, para concretizar a transladação dos corpos e os respectivos funerais nas respectivas terras natal das vítimas, como tem sido o procedimento neste tipo de situações.
(Raimundo Moiane)
Imagem: Os trabalhadores moçambicanos nas minas da vizinha África do Sul passam a ...
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