quinta-feira, 1 de março de 2012

Fugas de Informação no gabinete Presidencial aborrece JES


Luanda - Fontes fidedignas confirmaram ao "Maka Angola" a extinção próxima do Grupo de Revitalização e Execução da Comunicação Institucional da Administração (GRECIA). Criado pelo despacho presidencial nº 50/2010, de 13 de Outubro de 2010, o GRECIA tinha como objectivos, entre outros, a definição de “linhas estratégicas de comunicação e imagem do Executivo e da República de Angola, a nível interno e externo”. Ou seja, o seu objectivo era transmitir ao mundo a falsa imagem de que Angola seria o paraíso terrestre e o Presidente José Eduardo dos Santos o seu Messias.

*Carlos Duarte
Fonte: Makaangola.org
Precipitam o Fim do GRECIA
Colocado sob dependência do Ministro de Estado e Chefe da Casa Civil, Carlos Maria Feijó, o GRECIA tem um coordenador, Sérgio Neto, e integra representantes dos Ministros da Comunicação Social, da Administração do Território e das Relações Exteriores. Para a execução da ambiciosa empreitada a que se propôs, o GRECIA subcontratou a Semba Comunicação, empresa detida por Tchizé e Paulino dos Santos, ambos filhos do Presidente da República, à disposição dos quais foi colocado um orçamento anual de US$50 milhões de dólares.

Dois anos depois da sua criação, o GRECIA falhou redondamente os seus objectivos. E José Eduardo dos Santos, o seu criador, deixou claro isso mesmo quando numa reunião do Comité Central do MPLA, realizada no dia 10 de Fevereiro passado, admitiu, claramente, que “ainda não conseguimos transmitir e divulgar da melhor maneira as nossas realizações”. Acrescentou ainda: “Não temos sido capazes de assegurar o conhecimento correcto e oportuno, tanto no interior como no exterior do país, da actividade desenvolvida quer pelo Partido quer pelo Executivo”.

Decorrida pouco mais de uma semana sobre aquela reunião, José Eduardo dos Santos chamou ao seu gabinete de trabalho, na sede do MPLA, o vice-presidente do partido, Roberto de Almeida, o secretário para a Informação, Rui Pinto de Andrade, o novel ministro de Estado da Coordenação Económica e Produtiva, Manuel Vicente, o Chefe da Casa Civil, Carlos Feijó, a ministra da Comunicação Social, Carolina Cerqueira, e o chefe dos Quadros da Presidência da República, Aldemiro Vaz da Conceição. A todos eles, José Eduardo voltou a manifestar o seu inconformismo com o que ele toma como incapacidade da imprensa pública de dar a conhecer ao país e ao mundo todas as realizações do seu governo. E ali mesmo foram delineadas várias medidas de choque:

a) extinção do GRECIA por inoperância;
b) exoneração de Carolina Cerqueira do cargo de ministra da Comunicação Social e sua substituição por José Ribeiro, o actual presidente do Conselho de Administração das Edições Novembro, proprietárias do Jornal de Angola, Jornal dos Desportos e Jornal de Economia.

Das teorizações à prática, o Presidente José Eduardo dos Santos não perdeu tempo. Fontes do "Maka Angola" asseguraram que o despacho presidencial de extinção do GRECIA já está sobre a mesa do Presidente para a necessária assinatura.

Além da sua inoperância, a extinção do GRECIA poderá ter sido precipitada por uma, mais uma, fuga de informação que deixou o Presidente da República bastante aborrecido. No dia 17 de Outubro de 2011, na véspera da última comunicação que fez ao país, o Presidente José Eduardo dos Santos reuniu alguns membros do seu staff para com eles analisar os detalhes do discurso que faria no dia seguinte. Estiveram presentes apenas Carlos Feijó, Ministro de Estado e chefe da Casa Civil, José Mena Abrantes, secretário para a Comunicação Institucional, Aldemiro da Conceição, secretário para os Quadros, e Marília dos Santos, sobrinha e secretária particular do Presidente da República.

No dia 18, José Eduardo dos Santos não tinha sequer ainda esgotado cinco minutos de um longo discurso que se estenderia por hora e meia e já o site Club K colocava nas suas páginas a mensagem integral do Chefe de Estado.

Profundamente abalado por mais essa fuga de informação, José Eduardo dos Santos ordenou uma rigorosa investigação ao cabo da qual se concluiu que o discurso do Presidente da República fora enviado previamente ao Club K. Veio a saber-se que a “toupeira” era exactamente a pessoa que “pariu” a ideia da criação do GRECIA, num esforço que visou agradar os filhos do Presidente da República e com isso manter-se acima da linha de água.

Outras razões

Além da inoperância e da comprometedora fuga de informação, concorre também para a extinção do GRECIA uma perigosa ligação entre a Semba Comunicação e uma empresa norte-americana de comunicação e marketing, subcontratada pela empresa dos filhos do Presidente para cobrir o deficit desta de conhecimento na matéria. É por essa subcontratada norte-americana que passa todo o material de media relativo à Presidência da República de Angola. A dependência da Semba face à empresa norte-americana é tão forte que até mesmo a colocação de uma simples nota informativa no website da Presidência da República ou a sua actualização são feitas em Washington.

Os elos de ligação com a empresa norte-americana são Sérgio Neto, coordenador do GRECIA e director executivo da Semba Comunicação, e Tilucho Abrantes, um meio irmão de Tchizé dos Santos. Tanto Sérgio Neto quanto Tilucho Abrantes passeiam-se pelos corredores do Palácio Presidencial e do Ministério da Comunicação Social como verdadeiras eminências pardas.

A extinção do GRECIA implicará um novo realinhamento na comunicação social pública, cujo epílogo será a exoneração de Carolina Cerqueira e a ascensão de José Ribeiro.

O afastamento da ministra da Comunicação Social ficou mais ou menos claro na última reunião do Comité Central do MPLA. Naquele encontro Carolina Cerqueira não soube dizer a José Eduardo dos Santos os projectos que tem em carteira para conformar os órgãos de informação públicos às exigências da campanha eleitoral do MPLA.

Nos órgãos públicos o novo realinhamento passará pelo afastamento do presidente do conselho de administração da TPA, António Henrique da Silva. Não se sabe, ainda, quem será o seu sucessor. Uma aposta pessoal de Isabel dos Santos para a presidência do conselho de administração da TPA, António Henrique da Silva deverá agora regressar à UNITEL. Nas Edições Novembro a ascensão de José Ribeiro ao cargo de ministro da Comunicação Social deverá abrir uma porta a António Ferreira “Aleluia”, director de Projectos Gráficos, para a presidência do conselho de administração. Outro nome na calha é o de Sara Fialho. Contra essa jornalista e administradora das Edições Novembro pesam, contudo, acusações de arrogância e mau relacionamento com os colegas, sobretudo se inferiores hierárquicos.

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