domingo, 11 de março de 2012

Filomeno Vieira Lopes diz ter sido espancado por agentes da polícia


Luanda - O economista Filomeno Vieira Lopes, secretário-geral do partido da oposição angolana Bloco Democrático, um dos feridos da frustrada manifestação antigovernamental em Luanda, disse à Lusa que a agressão que sofreu foi instigada por agentes da polícia.

Fonte: Lusa
Em declarações à Lusa, à saída da Clínica Vida, onde recebeu cuidados médicos por três fraturas no braço esquerdo, uma pancada forte na cabeça, que obrigou a ser suturado com três pontos, e a equimoses espalhadas por todo o corpo, Filomeno Vieira Lopes acusou a polícia angolana de orquestrar a agressão.

"Fui agredido quando estava a conversar com mais pessoas na zona da Sagrada Família, junto ao Hospital Militar, depois de ter alertado por telefone a comandante provincial da Polícia Nacional, Bety Franque, de que vários civis, de óculos escuros e empunhando barras de ferro se estavam a aproximar do local onde me encontrava", disse à Lusa.

Na sequência do telefonema, em que Bety Franque lhe disse que iria averiguar o que se passava embora não estivesse de serviço, Filomeno Vieira Lopes notou que dois polícias motorizados passaram pelo local em que se encontrava e referenciaram-no. Foi a partir daí que os civis que tinha anteriormente referido começado a agredi-lo e as pessoas que o acompanhavam.

Depois da agressão, Filomeno Vieira Lopes foi primeiro transportado por amigos para a Clínica da Marinha, onde alegadamente não havia aparelho de raios-x, pelo que foi conduzido à Clínica Vida.

"Não tenho dúvidas que a agressão que sofri me foi dirigida e enquadrada pela polícia", sustentou.

O Bloco Democrático foi o único partido da oposição a fazer-se representar na frustrada manifestação de Luanda, tendo a UNITA, FNLA e Partidos da Oposição Civil, uma coligação de formações partidárias sem representação parlamentar, optado por não corresponder às promessas de que estariam presentes feitas pelos organizadores do protesto.

Filomeno Vieira Lopes disse ainda à Lusa que as agressões e a repressão que hoje se verificou em Luanda têm um único responsável: o Presidente José Eduardo dos Santos.

"Ele é o único responsável. Mas isto não vai parar e vamos continuar a exigir a sua demissão e a criação de condições para termos eleições livres e justas em Angola", afirmou.

Filomeno Vieira Lopes não chegou a ser detido como circulou nas redes sociais, e encontra-se a caminho da sua residência, depois de conseguir encontrar um local onde possa imobilizar o braço fraturado com gesso.

Convocada pelo autodenominado Movimento Revolucionário Estudantil, para exigir o afastamento da presidente da Comissão Nacional Eleitoral e a demissão do Presidente José Eduardo dos Santos, a manifestação de Luanda visou protestar contra a designação de Suzana Inglês para a presidência da CNE, que desencadeou uma série de iniciativas dos três maiores partidos da oposição com representação parlamentar, UNITA, PRS e FNLA, junto do Conselho Superior da Magistratura Judicial e do Tribunal Supremo, onde interpuseram uma providência cautelar, e que foram liminarmente rejeitadas por estes dois órgãos judiciais.

Os organizadores pretendiam ainda com o protesto exigir a demissão do Presidente José Eduardo dos Santos, a quem acusam de se manter há 32 anos no poder sem ter sido eleito.

Paralelamente à manifestação de Luanda, outro grupo de jovens desencadeou em Benguela, cidade do centro litoral de Angola um protesto antigovernamental, que redundou igualmente na dispersão à bastonada, por agentes da Polícia de Intervenção Rápida e a detenção de pelo menos três pessoas: Hugo Kalumbo, organizador, Samalata, jornalista da Rádio Despertar, e GC Lufendo, da organização não-governamental OMUNGA.

A Lusa tentou infrutiferamente ao longo da tarde contactar os porta-vozes do Comando Geral e Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional e a comandante Bety Franque.

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