Xé,
kambas! Isso até dá medo falar. Acreditam que um navio bué tula, carregado de
gasóleo da nossa SONANGOL, nos kassumbularam com ele mesmo nas barbas da
Marinha de Guerra? Marinha que de guerra num tá com nada. Nós falámos, ninguém
ouviu. Ou intão os que ouviram estavam ocupados com outros cuêsus. Agora tá aí:
onde é que já se viu, num país que se dá o respeito, um navio do tamanho dum
prédio sumir tipo kazumbi? .
Celso Malavoloneke
SEMANÁRIO ANGOLENSE
E
num val’apena alguém berrar que num pôde! Pode sim senhor. A nossa Marinha de
Guerra, de guerra da marinha num pesca nada. Num tá com nada, andou a se
maguelar numas chatas bué malaicas, que até lhe fimbaram uma meia-cueca que
até hoje que vos falo nem anda só a ver navio. Mas, um navio num viu, o tal
Kerala. Está agora toda atrapalhada a falar à toa.
Primeiro,
foram os ingleses da Reuters que lhes descobriram a careca. Foi por causa das
bocas dos nguêtas que ficamos a saber que um navio gatuno veio se passear até
junto do Porto de Luanda. Encontrou lá o navio carregado com o gasóleo da SONANGOL,
lhe aplicou um kafriqui e sumiu com ele. Kum’assim?! - se espantou a malta
toda. É já só assim, chega, entra nas nossas águas, kafrica navio e baza?! Assim
de abuso?! Então os nossos cuembas do mar andam a dorminhocar ou quê?
O
pior é que os nguêtas munguelêsi bem lhes tinha avisado: tem navio bandido,
gatuno, andando por aí. Mas eles nada, vejam lá.
Veio
então o dikota Chefe das Operações da dita cuja (Marinha de Guerra pois
claro!) falar grosso: que não tinha havido nada pirataria. A tripulação do dito
navio grande que nem um prédio é que lhe kafricara e cassumbulando o gasóleo
todo, quer dizer, era tudo mentira deles a conversa da pirataria. Os madiés da
tripulação se fingiram que lhes assaltaram. E já venderam o combustível nos
ngwêtas dos ianques da Chevron dos manos nigerianos. E todo o mundo bem
espantoso: atão, a Chevron, empresa de respeito dos kambas miriquinhos, vai
comprar combustível rôbado?! E o dikota zuelou mais naquela voz grossa de
grande comandante: que os físdamãe já estavam no kuzú! Xé, ate me alembrou o
kôta Paulo de Almeida, quando monakaxita os dikelengus dele...
Os kamones dos ianque é que
não gostaram nada de lhes falar compraram combustível rôbado. Refilaram feio,
bateram café. Berraram: «xé, rapaz, você viu aônde isso que estás a zuelar?». E
os dikotas da nossa kamarinha kagunfaram, mudando logo a falação no dia
seguinte. Pruque não, que não, só viram o navio já deskafricado na Nigéria,
pruque uaué, pruque ualalé. Os madiés afinal não estavam nada no kuzú e nem os
kamones haviam comprado a gasoleira toda. Contudo, quem comprou o combustível
que sumiu, isso já ninguém sabe mais.
Então vieram os manos donos
da mayúya, os nossos avilos da Nigéria. E zuelaram que rôbaram sim, até
falaram os navios que ficaram com o nosso gasóleo. E berraram: «Estão kuzú sim,
les kuzuámo dentro mesmo do navio deles, lhes botámu os polices da
Interpóli!». Ehé! Sispantámo dessa zuêla bem espantosa. Atão estão kuzú ou não,
ó camadas sonangulentos e marinhentos?
Por causa destas pópias atoadas,
tipo um fala isso e o outro fala aquilo e todos desfalam os mambos, tipo
salukaram, o Man’Duda mandou o kota Kopé les tirar insatisfações. Quem é que
num sabe que o kota Zédú brava feio quando le faltam com o respeito com esses
mambos da palação dos cuembas? Ele num quer saber se é palação do chão, se é
palação do céu, se é palação das águas das kiandas. O kota só quer é ganhar os
kibitis todos, o resto que sa lixa. Agora isso de navio gatuno vir kafricar nas
águas das nossas kiandas, não sei se vai gostar, juro…
Mas o kota Zédú, também
vejam só, já haviam le falado: ó Mais Velho, essas chatas que nos abonaste com
elas num servem pra nada, um dia vão nos porradar no mar, nem as nossas kiandas
da Ilha vão conseguir nos safar. Mas o kota, naquelas calmas dele, só dizia tá
bem, vamo já ver isso. Avisaram outra vez: ó kota, esses madies da Nigéria
gostam de mayuyar tudo, até pirataria dos manos da Somália. E o kota falou tá
bem, mas vou ainda falar com os meus kambas dos outros países prá se juntar num
Gorfu de Guiné. Chamou os outros kotas, reuniram encontro grande, meteu o Mais
Velho Trovoada, kamba dele, a bumbar feio no coiso, gastou bué de kumbú, mas os
outros nada. O kota Nguema que lhe sucedeu só pensa em mudar a casa-grande do
Gorfu para a banda dele. Agora taí.
As nossas kiandas devem
estar bem ngônes. Nos porradaram nas águas delas, isso é falta de respeito. Num
vale só a pena bravar com os cuembas que guardam as kiandas, ó kota. Les compra
só navios à sério e o kota vai ver quem vai vir se atrever atrevido em chatiar
as kiandas das nossas águas. Ou a fazer fuzué nas águas das nossas kiandas. Vai
levar feio.
Pronto, kota, agora que lhe dei o recado
dos cuembas das kiandas, estou a bazar já.
In
SEMANÁRIO ANGOLENSE. Edição 551 de 08 de Fevereiro de 2014
Imagem: darussia.blogspot.com
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