terça-feira, 13 de julho de 2010

Graça Campos, uma espécie de Bob Dylan


O Bob Dylan também era assim, cantava a canção de protesto. Mais tarde recusou, disse que nunca foi cantor de protesto. Depois sucumbiu, entregou-se ao poder do dinheiro, virou-se, estreou-se na e para a burguesia.

«Por qué non te callas gracita?
Comparada com o conteúdo dos útimos dois textos que gc publicou no ainda seu SA, a entrevista que concedeu este fim-de-semana a "O PAÍS" é um verdadeiro festival de contradições e de incongruências sem limites, a confirmar (apenas) uma trajectória demasiado enviusada para os meus gostos jornalísticos. Quanto aos "piropos" que terão sido endereçados a partir deste MORRO, devo esclarecer que daqui, de certeza, eles não foram enviados. A ideia que eu tenho da palavra piropo mesmo com aspas, em circunstância alguma se encaixaria com a sua pessoa. Daqui foram apenas enviadas (mais algumas) críticas directas ao desempenho pessoal de alguém que (já o afirmei várias vezes) tem sido um permanente equívoco do nosso jornalismo desde que deixou de ser aprendiz de electricista na Edipesca.»
Im morrodamaianga.blogspot.com

«É que, apesar de anunciar que quer diversificar a economia, a verdade é que isso não passa de “blá blá”. Tenho andado um bocado por esse país e vejo que fazer agricultura não rende absolutamente nada. Primeiro é que ninguém compra absolutamente nada dos pequenos agricultores. O Governo construiu a rede do Nosso Super, que era suposto absorver pelo menos a pequena produção agrícola. Porém, quem frequente essas lojas verificará que lá não se encontram nem mandioca, nem feijão, ginguba, enfim, esses produtos que se encontram à mão de semear. Tal acontece porque as pessoas que decidem neste país preferem importar tudo isso do Brasil.Enquanto isso a nossa produção agrícola vai apodrecendo, porque o núcleo que toma as decisões neste país prefere continuar a privilegiar os seus bolsos.Repito: o que se passa com o Nosso Super é absolutamente revoltante. Às vezes nem sequer encontramos água mineral nacional. E, como sabem, temos aqui um monte de empresas angolanas a produzir este produto. É inaceitável. Isso não encoraja a produção nacional.
Então estamos de acordo que há uma regressão. Pelo menos neste capítulo. Penso que não há nenhum esforço para a reversão dessa situação.Muito pelo contrário. Há hoje cada vez mais a convicção de que estamos a viver num estado semelhante a Cuba e Coreia do Norte, onde todos os cidadãos têm medo de falar ao telefone.E isso inclui até mesmo ministros, deputados, membros da direcção do MPLA e, inclusive, funcionários dos serviços secretos.»
In Graça Campos em entrevista ao PAÍS

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