terça-feira, 13 de julho de 2010

A República das Fissuras (1)


Com o apoio chinês, a impecável destruição de Luanda, e Angola, prosseguem no ritmo destes novos descobridores, exploradores de terras longínquas. Chineses e governação não medem esforços, trabalham dias e noites em sistema não stop. É necessário engrandecer esta pátria no marasmo incontido, mal imitado dos novos pedreiros livres, desta nova carne para betão. Chegaram os novos desbravadores e com eles as habituais ofertas de bugigangas para os autóctones, o teimoso colonial indigenato. Apostam também no nosso desenvolvimento escolar, claro, isso só de futebóis e maratonas torna-se monótono. É necessário, fundamental, desmatar o nosso ensino. E para tal, urge erguer – ou reerguer?! - escolas de acordo com as mais modernas técnicas de construção:

A escola 3030
Situada no pátio das traseiras da escola Nzinga, junto ao Largo 1º de Maio, a escola 3030, está a tremer e a fissurar, conforme testemunhado por um professor que por lá consegue leccionar.

Não será apetecível, mais cómodo, acabarmos com a palavra prédio e em sua substituição utilizarmos a palavra fissura? Ou talvez rachadura? Ou melhor ainda, fenda? E então decretar-se-á a proibição da população circular pelas ruas, porque um OPBI, Objecto Predial Bem Identificado, voará e aterrará nas suas cabeças. Isto até parece mais feitiço.

Prédios junto à Shoprite
Em fase final de construção, os prédios construídos pelos chineses junto da Shoprite e Frescangol na Estrada de Catete estão com fissuras. Certamente devido a erros técnicos.

De olho nas fissuras
Descubra porque elas aparecem e como eliminar esse problema.
Mapeamento da casa: a posição da fissura e o lugar onde ela aparece ajudam a indicar as causas e a gravidade do problema. Trinca e rachadura são os nomes mais populares. Mas os engenheiros insistem que o correto é chamar de fissura aquela “cicatriz” que eventualmente brota em nossas casas. Quando deparar com uma, saiba que você está diante de um sinal de alerta. A marca pode ser superficial e, portanto, inofensiva – quando atinge a massa corrida ou a pintura. Ou então perigosa, chegando a comprometer a estabilidade da construção – quando afeta a alvenaria e, sobretudo, elementos estruturais: pilar, viga ou laje. Somente um perito é capaz de determinar as causas e apontar as soluções. A vistoria deve ser minuciosa, já que uma série de motivos pode originar o problema. Confira a seguir os mais comuns:

Mudança brusca de temperatura: os materiais aumentam e diminuem de tamanho em função da variação da temperatura. As lajes de cobertura sem proteção térmica são as principais vítimas. “Ao dilatar, a laje empurra as paredes onde está apoiada. Esse movimento gera fissuras entre a parede e o teto”, afirma Ubiraci Espinelli. O isolamento térmico pode ser obtido com a instalação de uma manta, com a aplicação de argila expandida ou com a construção de um telhado com “colchão de ar” – canal de ar circulante – entre as telhas e o forro.

Variação hidroscópica: superfícies expostas a períodos secos e úmidos também são alvo, já que estão em constante retração e dilatação. Um parapeito mais comprido ou uma moldura ao redor da janela resolvem a questão.
Proximidade entre dois materiais distintos: por apresentarem coeficientes de dilatação diferentes, dois materiais podem se separar quando ligados. Um bom exemplo é a parede de alvenaria encostada numa de concreto. Conforme varia a temperatura, cada uma reage à sua maneira, gerando fissuras que poderiam ser evitadas se existisse uma junta de dilatação.
Execução malfeita de reboco: se o pedreiro usa menos material do que deveria, atenção. “Ele está propiciando o aparecimento de fissuras”, avisa o engenheiro paulista Newton Montini Jr. Já a desempenadeira só deve entrar em ação quando a massa atingir o “ponto em aberto” – quando ainda está úmida, mas não encharcada.

Sobrecarga: quando o peso da construção é superior à resistência de suas bases, os componentes estruturais dão sinal de alerta. Os pontos onde a madeira do telhado se apoia na alvenaria denunciam o excesso de peso e costumam acumular fissuras.
Recalque na fundação: “Se a base da construção for mal dimensionada, pode afundar na terra”, afirma Newton. A sondagem do solo, aliada à atuação de um engenheiro especializado em fundações, é fundamental para fugir desse tipo de erro.

Atenção aos erros do projeto
A trepidação da rua provocada pela passagem de veículos, uma reforma no vizinho, uma nova construção surgindo nas imediações, um prédio que começa a ser habitado e recebe o peso dos moradores e de sua mobília. Nenhuma dessas situações representa uma justificativa legítima para o surgimento de fissuras. Quando um engenheiro projeta uma edificação, estuda o solo, a vizinhança, leva em conta a possibilidade de haver obras nas proximidades, respeita o intervalo de tempo (um mês) entre a confecção da estrutura e a feitura das paredes, enfim, cerca o projeto de cuidados preventivos. Portanto, fique atento se você recebeu um imóvel novo que começa a trincar. Para saber se a construtora tem responsabilidade – e, se for o caso, acioná-la na Justiça –, recorra à avaliação de um perito.

A dica é observar
Uma vez detectadas, as fissuras demandam observação. Antes de fazer testes no local, o especialista precisa ser abastecido com o maior número de detalhes, a chamada anamnese. Portanto, esteja preparado para responder às seguintes perguntas: quando a fissura surgiu? Na época, algo aconteceu na residência ou na vizinhança? Qual é o tamanho? Ela está aumentando ou está estabilizada? Abre e fecha periodicamente? Para checar o comportamento do “machucado”, você pode cobrir o trecho com uma fita adesiva. Se ela descolar, é porque a fissura aumentou. Ou então pode medi-la de tempos em tempos com régua. A próxima providência é contratar uma vistoria.
Por Raphaela de Campos Mello
In http://casa.abril.com.br/materias/etapas-da-obra/mt_415891.shtml

Imagem: Colapso de edifício em Shanghai
http://www.zonaeuropa.com/200906c.brief.htm#012

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