O descrédito anunciado da Igreja alimenta a feitiçaria, o desastre económico e social de Angola e mundial.
Uma Igreja errante, sem bússola, sem fiéis.
Por exemplo: não é por acaso que a IURD, Igreja Universal do Reino de Deus, lidera. Porque tão grandiosa é a recepção que têm dos abandonados e sem pastores da tal Igreja.
Perante tal apedrejamento, fácil é concluir: oh! Afinal Deus não existe, só subsiste na cabeça de um cónego bafio.
Ah, Voltaire! Que tanto rezo pela espera da tua ressurreição.
Meu Deus! Mas que Igreja tão fanada.
«Ecclesia I
“Houve um período da nossa história (1975-2002) em que a Igreja teve um papel imprescindível em defesa do povo e no processo de democratização.
Um período em que a Igreja manifestou de forma clara a sua missão profética.” Porém, depois de 2002 temos vindo a assistir a uma degradação permanente daquilo que é essencial e conatural na Igreja, a MORAL, e a vislumbrar a perca de valores e uma consequente desmoralização. Não vale a pena andar à procura do Diabo, a razão deve-se, pelo essencial, à diminuição substancial das doações externas para a Igreja, o que levou a Caritas e as Dioceses a terem graves dificuldade financeiras.
É claro que o grupo dominante não se coibiu de aproveitar este período de penúria financeira para se substituir aos doadores externos. Com uma ligeira diferença, é que este doador tinha por objectivo submeter a Igreja aos seus interesses. E, como azeite em água, mais tarde as coisas vieram à superfície. Soube-se que por via da Sonangol, o grupo dominante patrocinou a reabilitação de escolas, postos de saúde, pagou cerimónias festivas para ordenações episcopais, deu carros e outros bens aos bispos. E, no seguimento lógico desta aproximação, muitas Igrejas abriram os seus púlpitos para permitir que deputados do grupo dominante falassem aos fiéis. Isto sem falar do bispo do Cunene, Dom Kevano, presente na campanha do "M", sem esquecer o padre Apolónio Graciano, que chegou ao cúmulo de dizer nas suas homilias, dignas dum autêntico comissário politico do partido-Estado, que em Angola não há pobres porque as pessoas têm Rav4, telemóveis e parabólicas, e relembrando a inútil decisão da Rádio Ecclesia, ao proibir quenão consagrados na ordem comentem assuntos nos seus programas.
Mas a direcção da Rádio Ecclesia não se ficou por aí, também censurou o programa Discurso Directo, que devia transmitir, em reposição, extractos da comunicação feita por Marcolino Moco em Benguela e “deslocou o cientista político, Nelson Pestana Bonavena, quer dizer, expulso-o do Instituto Superior João Paulo II, pertencente à Igreja Católica pelo facto de ser uma personalidade crítica ao regime.
Ecclesia II
A viragem da Rádio Ecclesia começou muito claramente a fazer sentir-se após as eleições legislativas de 2008. Depois de ter mostrado cartão amarelo ao Folha 8, este bissemanário acabou por ser censurado e excluído dos seus programas de divulgação dos artigos da imprensa privada na segunda metade de 2009. Em finais do mesmo ano afastou o seu correspondente no Namibe, Armando Chicoca no seguimento de uma reclamação do Juiz do Namibe, Antonio Visandule, sem provas e feita por carta dirigida ao Bispo Dom Mateus Feliciano e ao Padre Mauricio Camuto. Este juiz está hoje envolvido até às orelhas num caso de falsificação de cheques.
Normal. Na altura, o director da Ecclesia deixou claro que se tratou apenas de uma suspensão. Até hoje… A reviravolta fez-se tão acentuada que suscitou uma observação de extrema gravidade por parte do Pe. Luis Comdjimbe. Numa conferência dedicada aos 50 anos da Rádio Ecclesia, o clérigo questionou, ou seja, pôs em dúvidas se de facto os bispos têm negociado mesmo a sério a expansão do sinal da rádio Ecclesia em todo céu de Angola. É que não se pode negar o facto de existir um famoso naipe de bispos que se opõem à expansão da rádio Ecclesia – D. Alexandre do Nascimento, D. Anastácio Kahango, D. Filomeno Vieira Dias e D. Óscar Braga – porque entendem que ela tem uma linha editorial que choca com o governo.
E o último bombo de festa do virar de casaca da rádio católica foi um dos seus mais conhecidos jornalistas, Tomás de Melo, que, pelo se diz, teria sido demasiado crítico segundo a opinião atribuída ao director da rádio, Padre Mauricio Camuto. Diz-se também que uma corrente de Bispos citados como “amigos do regime” teriam também se manifestado contra a postura do jornalista em deixar passar nos seus programas, criticas públicas sobre assuntos do Estado. Tudo isto é triste, não só porque há pelo meio muita injustiça, mas também porque todos os oprimidos da nossa terra, se sentem um pouco órfãos depois de terem perdido a tão carinhosa protecção da Rádio Ecclesia.»
«Padre Apolónio volta a "beefar"
Domingo último, voltámos a ter o Padre Apolónio Graciano no seu melhor estilo. A "beefar", a esbracejar, a verberar, a responder e a contra-atacar os seus desconhecidos, porque não nomeados, adversários e críticos.
Não nos parece que a homília seja o melhor espaço para este musculado exercício público. Mas como não percebemos nada de assuntos católicos, é melhor ficarmos por aqui, com a sensação de estarmos diante de (mais) um comportamento equivocado e que não contribui muito para a aproximação e a partilha defendidas pela própria Igreja. Assim o Padre ainda faz fugir para outras paróquias o seu rebanho.»
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