Também usam chifres de antílopes, bolsas de pano e até ossos humanos. As estatuetas costumam ter uma cavidade no centro do ventre, do pescoço ou da cabeça, onde o especialista esconde ossinhos, pêlos, cabelos, sangue e pedaços de plantas e minerais. A participação vital fica unida e activa. A força vital, que o enche, encontra os três reinos do universo. Assim, é possível a junção de forças que, em pequena escala, realiza a totalidade cósmica participante.
Hoje, é frequente encontrar dentro dos feitiços pequenos crucifixos, medalhas, contas do rosário e outros objectos cristãos. Pensam ser a melhor maneira de apropriar-se magicamente da virtualidade que proporcionou aos brancos o seu poderio. Uma cristianização superficial levou-os, por sincretismo, a utilizar imagens cristãs com a mesma finalidade. O santo cristão ocupa o lugar do antepassado, mas sem banir o sentido religioso tradicional.
Abundam as estatuetas-feitiços representando um antepassado ilustre. Como autênticos relicários, neles guardam, em qualquer cavidade, restos dos seus cabelos, unhas, crânio, ossos, dentes ou qualquer coisa, que lhe tenha pertencido. O antepassado, ali presente e actuante, protege a sua descendência porque gosta de recolher-se nessa morada, ou, então, porque os seus restos tornam presente a sua força vital.
A sugestão causa estragos. O veneno ocasiona muitas mortes. Os especialistas da magia e muitos particulares conhecem as receitas secretas para a sua preparação e a ciência empírica da sua aplicação, cujos efeitos vão desde a idiotice, paralisia ou intoxicação, até à morte quase instantânea ou lenta e dolorosa. Protegidos pela crença na acção mágica, fulminam vidas humanas com demasiada frequência e impunidade. O uso do veneno e de outros tóxicos leva as pessoas a acreditaram na eficácia da magia e a envolverem os especialistas numa auréola de poder, mistério e prestígio. As crenças mágicas originaram e mantêm estes abusos.
Apresentamos alguns exemplos de feitiços usados por grupos angolanos.
O «kissola» é um boneco de trapos, de uns 30 cm, preparado pelo adivinho. Enfeitam-no com uma cabeleira de fibra pintada com barro vermelho. O casal que deseja filhos coloca-o debaixo da cama. Em todas as Luas Novas, alimentam-no aspergindo-o com bebidas e alimentos e a mulher pinta-o com pó. Fica simbolizado por uma bananeira plantadas à frente da casa e protegida por estacas. É o sinal do «kissola».
Ninguém pode falar com a mulher que está sob a sua influência. Se não consegue engravidar, o adivinho arranca as estacas, mata uma galinha e esfrega o «kissola» com o sangue. Se, depois deste sacrifício, não consegue a gravidez, o especialista atribui à mulher a esterilidade.
O adivinho prepara o «nvunji» para o cliente que deseja descobrir um feiticeiro ou u m inimigo, autor de algum mal, especialmente doenças. Enche um chifre de antílope com pó da casca da árvore «mbambu», de onde se extrai um dos venenos mais utilizados nos ordálios. No meio do pó coloca duas balas de chumbo. Entrega também uma pequena cabaça, «ndembo», cheia de «nbambu» e de pêlos de várias partes do corpo de uma pessoa.
O dono coloca-o num cestito debaixo da sua cama. Quando quer activar a sua força, espeta o chifre junto ao fogo da lareira com a cabaça ao lado e pede-lhe uma doença para o inimigo.
Quando adoece uma criança, esfregam-na com pó de «nvunji». Tem variadas aplicações. Os chefes têm-no sempre porque o «nvunji» é como uma arma que mata tudo.
In Cultura Tradicional Bantu. Pe. Raul Ruiz de Asúa Altuna. Edições Paulinas
Gil Gonçalves
Hoje, é frequente encontrar dentro dos feitiços pequenos crucifixos, medalhas, contas do rosário e outros objectos cristãos. Pensam ser a melhor maneira de apropriar-se magicamente da virtualidade que proporcionou aos brancos o seu poderio. Uma cristianização superficial levou-os, por sincretismo, a utilizar imagens cristãs com a mesma finalidade. O santo cristão ocupa o lugar do antepassado, mas sem banir o sentido religioso tradicional.
Abundam as estatuetas-feitiços representando um antepassado ilustre. Como autênticos relicários, neles guardam, em qualquer cavidade, restos dos seus cabelos, unhas, crânio, ossos, dentes ou qualquer coisa, que lhe tenha pertencido. O antepassado, ali presente e actuante, protege a sua descendência porque gosta de recolher-se nessa morada, ou, então, porque os seus restos tornam presente a sua força vital.
A sugestão causa estragos. O veneno ocasiona muitas mortes. Os especialistas da magia e muitos particulares conhecem as receitas secretas para a sua preparação e a ciência empírica da sua aplicação, cujos efeitos vão desde a idiotice, paralisia ou intoxicação, até à morte quase instantânea ou lenta e dolorosa. Protegidos pela crença na acção mágica, fulminam vidas humanas com demasiada frequência e impunidade. O uso do veneno e de outros tóxicos leva as pessoas a acreditaram na eficácia da magia e a envolverem os especialistas numa auréola de poder, mistério e prestígio. As crenças mágicas originaram e mantêm estes abusos.
Apresentamos alguns exemplos de feitiços usados por grupos angolanos.
O «kissola» é um boneco de trapos, de uns 30 cm, preparado pelo adivinho. Enfeitam-no com uma cabeleira de fibra pintada com barro vermelho. O casal que deseja filhos coloca-o debaixo da cama. Em todas as Luas Novas, alimentam-no aspergindo-o com bebidas e alimentos e a mulher pinta-o com pó. Fica simbolizado por uma bananeira plantadas à frente da casa e protegida por estacas. É o sinal do «kissola».
Ninguém pode falar com a mulher que está sob a sua influência. Se não consegue engravidar, o adivinho arranca as estacas, mata uma galinha e esfrega o «kissola» com o sangue. Se, depois deste sacrifício, não consegue a gravidez, o especialista atribui à mulher a esterilidade.
O adivinho prepara o «nvunji» para o cliente que deseja descobrir um feiticeiro ou u m inimigo, autor de algum mal, especialmente doenças. Enche um chifre de antílope com pó da casca da árvore «mbambu», de onde se extrai um dos venenos mais utilizados nos ordálios. No meio do pó coloca duas balas de chumbo. Entrega também uma pequena cabaça, «ndembo», cheia de «nbambu» e de pêlos de várias partes do corpo de uma pessoa.
O dono coloca-o num cestito debaixo da sua cama. Quando quer activar a sua força, espeta o chifre junto ao fogo da lareira com a cabaça ao lado e pede-lhe uma doença para o inimigo.
Quando adoece uma criança, esfregam-na com pó de «nvunji». Tem variadas aplicações. Os chefes têm-no sempre porque o «nvunji» é como uma arma que mata tudo.
In Cultura Tradicional Bantu. Pe. Raul Ruiz de Asúa Altuna. Edições Paulinas
Gil Gonçalves
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