E com os milhões de dólares gastos nos estádios de futebol… no Can 2010, a nossa economia desenvolve-se, cresce. É mais uma mais-valia para o crescimento dos nossos bolsos pessoais. Depois, tudo às moscas, em ruínas. Estas coisas não conservam empregos. Só conservam a vaidade… dos vaidosos.
«I - Crise Profunda das Finanças do Capital: Crônica da Morte Anunciada
Quem escreve a história de qualquer crise do sistema do capital não pode chegar a outra conclusão: são crônicas da morte anunciada. Leiamos, por exemplo, John Kenneth Galbraith sobre a grande crise de 1929 (Galbraith, 1962). Galbraith faz o histórico da economia e das finanças dos EUA para mostrar que foram as fraquezas da economia e da estrutura e dinâmica corporativa que deram origem à crise, da qual o colapso do valor dos títulos (securities) foi apenas uma manifestação. Ele aponta que o colapso dos trustes de investimentos e das cadeias comandadas pelas holdings, movidos por um insaciável apetite pelo lucro fácil, “efetivamente destruíram a capacidade de tomar empréstimos e a disposição para oferecer empréstimos para investimento” (Galbraith, 1962:188).
Tudo isso acontecia sem as necessárias regulações das autoridades e sem que os promotores privados da ciranda especulativa revelassem qualquer senso de responsabilidade. O mesmo acontece novamente 80 anos depois! Ao final de sua pesquisa, Galbraith afirma que a economia em 1929 estava fundamentalmente insegura. Ele aponta para cinco fraquezas que, desembocando sempre em mais endividamento, apontavam para o desastre. Um olhar para elas permite uma comparação com as debilidades que permeiam a arquitetura financeira mundial de hoje. Com a agravante de que a globalização tende a elevar a dimensão de qualquer crise econômico-financeira no centro do sistema às esferas sistêmica e planetária.
Má distribuição da renda: em 1929, 5% da população controlavam cerca de um terço de toda a renda pessoal. Ainda maior concentração da renda ocorre hoje nos EUA, onde o 1% mais rico controla 20% dos rendimentos do país e o salário médio subiu apenas 0,1% entre 2000 e 2007. Foi a remuneração baixa que levou as famílias a tomarem empréstimos para pagar a escola, a moradia, a saúde. As tarifas dos seguros de saúde privados subiram 68% naquele período. E o dinheiro para ampliar a oferta de bens e serviços migrou para a especulação financeira, aumentando as importações e gerando déficits.
Má estrutura corporativa: a empresa estadunidense nos anos 20, diz o autor, “havia aberto braços hospitaleiros a um número excepcional de promotores, falsários, contrabandistas, impostores e fraudadores. [...] uma espécie de enchente de ladrões corporativos”. Galbraith aponta para o gigantismo dos trustes de investimentos e as holdings como a principal debilidade corporativa, já que os dividendos das companhias que operavam na economia real (infraestrutura, transporte e recreação) pagavam os juros sobre os bônus das holdings a montante.»
In Ladislau Dowbor
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«I - Crise Profunda das Finanças do Capital: Crônica da Morte Anunciada
Quem escreve a história de qualquer crise do sistema do capital não pode chegar a outra conclusão: são crônicas da morte anunciada. Leiamos, por exemplo, John Kenneth Galbraith sobre a grande crise de 1929 (Galbraith, 1962). Galbraith faz o histórico da economia e das finanças dos EUA para mostrar que foram as fraquezas da economia e da estrutura e dinâmica corporativa que deram origem à crise, da qual o colapso do valor dos títulos (securities) foi apenas uma manifestação. Ele aponta que o colapso dos trustes de investimentos e das cadeias comandadas pelas holdings, movidos por um insaciável apetite pelo lucro fácil, “efetivamente destruíram a capacidade de tomar empréstimos e a disposição para oferecer empréstimos para investimento” (Galbraith, 1962:188).
Tudo isso acontecia sem as necessárias regulações das autoridades e sem que os promotores privados da ciranda especulativa revelassem qualquer senso de responsabilidade. O mesmo acontece novamente 80 anos depois! Ao final de sua pesquisa, Galbraith afirma que a economia em 1929 estava fundamentalmente insegura. Ele aponta para cinco fraquezas que, desembocando sempre em mais endividamento, apontavam para o desastre. Um olhar para elas permite uma comparação com as debilidades que permeiam a arquitetura financeira mundial de hoje. Com a agravante de que a globalização tende a elevar a dimensão de qualquer crise econômico-financeira no centro do sistema às esferas sistêmica e planetária.
Má distribuição da renda: em 1929, 5% da população controlavam cerca de um terço de toda a renda pessoal. Ainda maior concentração da renda ocorre hoje nos EUA, onde o 1% mais rico controla 20% dos rendimentos do país e o salário médio subiu apenas 0,1% entre 2000 e 2007. Foi a remuneração baixa que levou as famílias a tomarem empréstimos para pagar a escola, a moradia, a saúde. As tarifas dos seguros de saúde privados subiram 68% naquele período. E o dinheiro para ampliar a oferta de bens e serviços migrou para a especulação financeira, aumentando as importações e gerando déficits.
Má estrutura corporativa: a empresa estadunidense nos anos 20, diz o autor, “havia aberto braços hospitaleiros a um número excepcional de promotores, falsários, contrabandistas, impostores e fraudadores. [...] uma espécie de enchente de ladrões corporativos”. Galbraith aponta para o gigantismo dos trustes de investimentos e as holdings como a principal debilidade corporativa, já que os dividendos das companhias que operavam na economia real (infraestrutura, transporte e recreação) pagavam os juros sobre os bônus das holdings a montante.»
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