segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O Cavaleiro do Rei (IV). Novela


E desde a independência continuamos com uma bandeira e um hino. E um presidente com um avião, um palácio, uma frota de carros luxuosos e uma guarda presidencial.


O cavaleiro das duas cores é chegado, anuncia-se:
- Epok, cavaleiro da triste nomenclatura, findei aqui para te enfrentar!
- Já sabes que vais perder!
- Não, por causa da tua barriga. Já notaste que o teu cavalo não suporta o teu peso? Retirarei todo o liquido negro da tua barriga, esse mesmo que nos roubas, e com o qual a enches, depois vou-te aprisionar!
- Não temo! A prisão não foi feita para cães. Fez-se para homens.
- Epok, as tuas prisões foram feitas para cães como tu.
- Insolente! No fim da peleja colocar-te-ás de joelhos, serás açoitado e renovarás desculpas ao nosso rei e rainha. Onde está o teu pajem? Quem és tu?
- Não preciso de pajem. Isso é serviço de barrigudos. Quem sou? Sou o cavaleiro do vosso destino.

O cavaleiro vermelho e preto colocou um lenço com estas cores na ponta da sua lança. Estendeu-a na direcção da jovem princesa. Esta recolheu-o e guardou-o. Os reis mostram algum mal-estar. Epok espelhou o seu símbolo à sua rainha. Mãe e filha cumpliciam-se, enquanto que alguém da assistência grita:
- Viva o cavaleiro vermelho e preto!
Depois todas as vozes temporais.
- Viva o defensor do nosso condado, que Deus o proteja!

O rei sinaliza para a justa começar. Os trombeteiros levantam os instrumentos, esforçam-se labiais. O troar de canhões recomeça. A multidão agita-se. A madeira da liça fende-se, separa-se, desaba. Um republicano convicto exclama:
- Deve ser a esquadra dos navios do La Fayette que acostou.
Outro muito entusiasmado grita.
- Finalmente libertos, viva a liberdade!
Temendo novo saque, o rei lamuria-se:
- Não posso sair do palácio. Estou rodeado de incompetentes. Onde chego só vejo incompetência e desorganização.

O arauto interrompe-o para anunciar ao povo que o rei vai demitir o conde de Viana. O rei comenta:
- Nem o arauto me deixa falar!?.. Calem-me esta personagem.
Solícito interpõe-se o chefe dos mosqueteiros.
- Ordene meu rei!
- Manda proclamar pelos arautos do reino e vice-reinos, que sejam desarmadas todas as trombetas. E que jamais enquanto for vivo, não quero ouvir, não falar, nem ver jamais tal instrumental. Prossigam com a justa, no fim quero ver quem é esse cavaleiro.
- Honra a vossa majestade e ao seu reino. Vou ordenar improvisar umas latas, dessas que trazem os produtos que importamos, batucar nelas e reavivar o torneio.

O rei cansado faz um sinal com a mão indicando que o guardião se retirasse.
Assim que o barulho da lataria tiniu ferrugento, Epok acelerou de surpresa no seu cavalo a fundo. O cavaleiro vermelho e preto não esperava, não estava preparado para tal deselegância habitual. A multidão compadecida previne-o:
- Conde! Olha o Epok!!!

Foto: Angola em fotos
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