quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A Origem da Grande Depressão de 2008 (XXVIII). Novela


O dia renasce, clareia, ilumina-se. Os pilotos-taxistas acomodam-se nos cokpits. Levantam voo do aeroporto militar. À velocidade supersónica conduzem os seus caças-bombardeiros Hiace. Hoje, quantos mais mortos e feridos juntaremos?! Podemos chamar este acontecimento de epidemia supersónica.

Banco Millennium Angola. Roubo de terrenos é connosco.


- Sim, também já cheguei a essa conclusão. Custa-me a entender como isto foi possível. Ela era tão agradável, tão amorosa, muito minha amiga.
Queria dar-lhe algum alento, mas não sabia como. Consegui emitir uma opinião:
- Acho que durante esse tempo preparou o terreno para lhe dar a golpada, quando visse o momento oportuno.
- Já não confio mais nestas mulheres!
- E agora, o que pensa fazer?
- Estou a trabalhar com o Elder. Tudo o que conseguir importar dos meus amigos, ganho uma comissão. Agradeço que me auxilie no computador, especialmente na Internet, porque pouco sei disso.
Peguei nalgum dinheiro que tinha comigo e entreguei-lho. Disse-me:
- Obrigado. Vou-lhe devolver assim que o Elder me pague. Até para comer, neste momento, é graças a ele que o consigo.

Chegaram dois cubanos. Disseram-me que apenas utilizariam o meu computador de manhã, durante uns breves minutos para enviarem um e-mail, e verificarem a sua caixa do correio. Na primeira manhã ficaram ocupados durante cinco minutos. No outro dia meia hora. A seguir duas horas. Passaram também a ocupar-me as tardes. Os seus textos eram longos, cada vez mais longínquos.

O Chileno também reclamava constantemente a minha presença. Conseguiu junto dos seus amigos um novo disco rígido e um modem. Reinstalei tudo o que era necessário no seu computador. Configurei-lhe o acesso à Internet. Estava tudo ok. Mas mesmo assim estava sempre com dúvidas. O trabalho que eu tinha para fazer, era minimamente executado, pois que o tempo que me restava era curto. Preocupado dei conhecimento ao Elder do que se passava. Mas os meus protestos foram em vão.

À noite verifiquei a minha caixa do correio. A minha esposa confirmava que uma transferência bancária tinha sido efectuada. Protestava com veemência a falta de atenção que eu lhe dispensava. Fiz-lhe recordar que isto aqui não é Portugal. As vicissitudes são de grande monta. Ela não se fez rogada e escreveu que provavelmente eu já tinha arranjado uma preta, e que se isso acontecesse também arranjaria um amante.

Elder entra, bate com a porta de tal maneira que parece uma explosão. Depois do susto diz-me com cara de caso:
- Já sabes o que aconteceu no meu prédio esta noite?
- Não, não faço a mínima ideia.
- Ouve que esta é porreira. É de se lhe tirar o chapéu. Quando estamos em casa, damos comida ao segurança do nosso prédio, porque não justifica alterar o trajecto da viatura de abastecimento. Quando não está ninguém, a minha vizinha trata disso. Alimenta-o muito bem… melhor que nós. Esta noite às cinco da manhã conforme testemunhado por uma vizinha do prédio em frente, gatunos que vinham de carro, roubaram-lhe dois vidros laterais do jipe dela, da vizinha da comida. A vizinha que assistiu ao roubo não teve coragem de gritar, com medo deles. Interpelaram o segurança. Ele disse que na altura estava na casa de banho. A vizinha chorou muito, lamentando o trabalho dele. Pois que o tratava muito bem. Mas ele não estava nada na casa de banho… estava a dormir. Estes gajos são fodidos. Mas também é necessário acrescentar, que as pessoas convencem-se, que por terem um ou mais seguranças não são assaltadas. Por vezes seria melhor não os terem. Onde eles estão, quer queiram quer não, chamam a atenção dos bandidos. É a mesma coisa que dizer. Olá! Aqui tem coisa que interessa.

Gil Gonçalves
Foto: Angola em fotos
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