segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Carta do Ministério da Propaganda à Rádio Oráculo.



Reverendíssimas Excelências da Rádio Oráculo:
Havemos um contrato com o barqueiro Caronte. A epidemia da cólera faz as vítimas suficientes, as almas que o barqueiro necessita a contento. Sentimo-nos felizardos.

Se o sinal da vossa fé se digladiasse pela rádio e por todo o reino se espalhasse, não cairiam vítimas da cólera. Contamo-nos peremptórios firmados, e esse vosso pretenso vento é… não aceite.
Alvejamos a certa teologia do querem ir mais longe, para além das redondezas, dos limites de Delfos. As distâncias curtas por vezes tornam-se longas.

Permitimos que funcionem devido à frequência democrática que nos foi imposta. Encetámo-la no compêndio das contrariedades.
Estendemos-lhes um dedo, agora querem a mão, depois o corpo.
Para convencer que somos democratas, anunciámos que se realizariam eleições. Notem bem: que se realizariam… em qualquer momento, em qualquer época. Tudo depende da nossa íntima vontade. Não é a claridade de qualquer oráculo que nos leva ao cume solar, datar eleições. Uma coisa é incerta: o principio da incerteza eleitoral.

Os nossos insignes marinheiros vigiam atentamente as proas do vosso ecletismo. Pretendem entreabrir a janela da noite escura, para a missa de manhã. Fazer muita luz, para jorrar nos espíritos. Com tanta vela por aí à disposição. Estamos à vela.
Abundantes Saudações Revolucionárias.
Jingola, Frimário, Ano II.
Ano da Vida Incerta.

Inicialmente publicado em: Portugal em Linha
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