terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A Raiva


Dum bom fato e gravata nascem governantes. A selvajaria da raiva canina magnetiza as inocentes crianças. O quase cinquentenário poder do barco da morte espera-as. Quem só sabe destruir, jamais conseguirá construir. Quando a inteligência se adquire com petróleo, a fome e a raiva são petrolíferas.

Há muitos cães vadios. Humanos e inumanos, de raiva incontida. E progredimos, continuamos, arrasamos, sempre no mesmo momento particularmente difícil da nossa revolução mas, triunfaremos… a fome da outra raiva mortífera acena-nos, vitoriosa, certeira.

Eram os dias do boom canino. Era a senda do ter um cão para protecção assegurada dos outros gatunos. Porque nos roubamos sistematicamente. Outra coisa não sabemos fazer. São estes sábios ensinamentos que nos guiam. Por isso o escolhemos, é o mais fácil. Roubar sempre e sempre.

Era a moda dos cãezinhos, dos gatos e gatinhos não, porque deles não gostamos, são feiticeiros. E economicamente Luanda desenvolveu-se num gigantesco canil. Confundiam-se cães com pessoas. Era um mar de pessoas, de cães.

De repente surgiu, não se sabe ainda donde, uma doença a que popularmente chamam crise mundial. E os cães foram atacados pela doença da recepção. Crise mundial da recepção, que chegará a outra grande depressão. E por causa da recepção, da crise mundial, os cães abandonaram-se. Comida está aonde? Pois se os donos passam fome, e não sobra nada. Pois, os cães passaram a vadios. E pelos comités de especialidades, o seu meio ambiente foi-se, destruí-se. E a raiva deles expandiu-se. É o único meio que lhes resta de comunicação.

A origem da raiva canina, está na outra raiva petrolífera e diamantífera. O dinheiro vai-se escoar, acabar, vai-nos abandonar. É necessário congelar as eleições presidenciais até surgir a estabilização económica. Não vamos gastar o que resta do dinheiro em eleições, porque ninguém resolverá nada. Deixem, abandonem os estádios desportivos e construam campos de trabalho. Milhões de dólares para o desporto (?), para a fome, zero.

Qual é o plano da crise da recepção para idosos e crianças?! Nenhum!..salvem-se como puderem! E acabe-se com vice-ministros e os ministérios a mais, e tantos directores bananais. Senão, assim é uma falsa austeridade, claro que será. Até agora nada mudou, nada mudará. A não ser a desestabilização da fome.

Entretanto a luta da destruição de Luanda continua. Agora constroem-se muitos desejos… castelos de nuvens no céu. Obrar em todos os bairros ao mesmo tempo, é borrada, é burricada, é cagada. Primeiro num bairro, depois noutro… pois é! E como comissionamos?! Com geradores eléctricos a trabalharem dia e noite… é o desenvolvimento económico do napalm. Luanda nunca será uma cidade. Quando muito, um espólio de generais.

E que não resolveremos os problemas de Luanda apenas num ano?! Claro que não! Desesperamos quase meio século nisto. Sob o olhar de lágrimas de crocodilo, cinzentas, da mesma bandeira a meio pau e do mesmo hinista.

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