quinta-feira, 13 de maio de 2010

Chegados e refrescados


Receio que Angola embarque num primitivismo tão bárbaro, tão desumano, e que dele não consiga mais desembarcar.

Sempre as mesmas palavras bolorentas, dos mesmos governantes com cheiro a naftalina. Enquanto a miséria galvaniza a fome. Conversas anormais, num país anormal, animal.

O inglês chegou, espoliou-me o emprego. O luso-angolano instalou-se e quer que trabalhe sem me pagar. Um banco chegou e ordenou aos seus capangas imobiliários que me destruíssem o casebre para o substituírem por um de betão. Dizem que fica mais bonito, e muito mais caro, acessível a poucos bolsos, imundos, oleosos, cadavéricos petrolíferos.

Qualquer estrangeiro chega, dá-me ordens, olha-me com desdém, ainda no convencimento secular de que continuo inferior, submisso, passos atrás escravos.

Sobem os preços até onde querem. Há uma impunidade geral para o poder dos novos-ricos e estrangeiros. E para nós atiram-nos, obrigam-nos a comer o lixo dos seus condomínios dos terrenos colonizados.

Seja o que for que se faça, é tudo condizente com o modismo, baseado na vigarice, no permanente cambalacho. Estrangeiros mal chegados passam a chefes disto e daquilo, renovando, saudando o revanchismo.

Provocam-nos com mil subterfúgios para nos obrigarem, escorraçarem dos empregos, para neles colocarem os familiares e amigos. Isto está uma trampa daquelas.

E continua-se com a produção de filhos em série. Filhos não para a nação, mas para a escravidão. Produzir muitos filhos para mostrar que ele é um macho reprodutor. A miséria reproduz-se.

Os seres humanos dividem-se em selvagens e incivilizados.

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