segunda-feira, 31 de maio de 2010

A Ocidente do Paraíso (65). Tive que me habituar aos comentários do estilo: «Chegaram os comunistas.»


Na realidade as minhas simpatias iam para o MPLA. Um argumento de peso a seu favor era as ligações que mantinha com Amílcar Cabral – o qual considerava um génio porque não era fácil um homem conseguir reunir tantas tribos – Eduardo Mondlane e outros independentistas. O receio era as ligações a Moscovo. Mas considerava que eram apenas aspectos estratégicos, e que Agostinho Neto saberia manter uma não dependência. O tesoureiro depois apresentou-me alguns simpatizantes do MPLA. E através destes conheci outros. Tornámo-nos uma verdadeira célula. Tive que me habituar aos comentários do estilo: «Chegaram os comunistas.»

Em casa confessavam-me que a Marta se sentia muito feliz. De facto o seu sorriso era constante, contagiante. Os seus olhos brilhavam com a intensidade luminosa do amor que só as mulheres têm.
Já não era segredo para ninguém que uniríamos os nossos corações no registo civil. Na igreja não era possível porque ela era divorciada. De noite, no terraço, experimentávamos os prazeres da nossa paixão. Com uma das mãos, subia-lhe docemente pelas pernas, afastava-lhe o biquíni, e massajava-lhe demoradamente o clítoris, enquanto com a outra libertava os pequenos seios do sutiã. Acariciava um mamilo, o outro colocava-o nos lábios como um recém-nascido. De vez em quando festejava-mos um beijo profundo com as nossas línguas serpenteadas. Ela unia as coxas, esfregava-as, esforçava-as na minha mão. O ritmo frenético subia e ousava, declarava, sussurrava:
- Ai meu amor estou toda molhada… não posso mais… dás cabo de mim.
- Vamos para o quarto.
- Estás maluco… nem penses nisso. Vão apanhar-nos, já vistes o escândalo! Esta casa não é nossa, temos que respeitar. Espera até termos a nossa.
- Querida… vamos fazer mais.
- Não… já chega. Tenho medo, pode vir aí alguém. O avô costuma estar sempre acordado, se nos apanha vai logo contar.
- Não vem nada... deixa-me chupar as maminhas.
- Está quieto, não sejas chato… senão vou-me embora.
- Para onde? Vais falar com o Aurélio?!
- O quê!? Mas… é meu primo. Sabes muito bem que gosto muito dele. Mas apenas para conversar...
- … Passas mais tempo com ele do que comigo.
- Afinal és assim tão ciumento? Não sabia dessa... olha, para veres que estás errado já encomendei o nosso carro, é igual ao do Aurélio, um Ford Capri. O que é que achas?!
E terminámos num longo beijo que significava a minha concordância.

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