Luanda - Antoine Gizenga,
veterano político congolês, herdeiro do malogrado Patrice Lumumba, revela
que os seus ancestrais emigraram de Angola.
Fonte: Apostolado Club-k.net
Desvenda as suas origens
angolanas
revelação consta do livro intitulado ‘A minha
vida e as minhas lutas’, autobiografia publicada nas edições ‘L’Harmattan’ e
enviado ao jornal ‘o apostolado. ‘
A residir presentemente em Kinshasa onde foi o primeiro-ministro do
governo da RDC eleito em 2006, o autor vivera o exilio político em Angola de
1977 a 1984.
‘Akwa manda’
Relativamente à remota origem angolana, referiu-a, citando o seguinte desabafo
do seu pai, Michel Gizenga, num rasgo de protesto contra um castigo
colonial: «São sempre os mesmos tipos que nos perseguem desde a nossa
terra longínqua (…) Quer dizer, desde Loanda, em Angola actual».
Outra afinidade com Angola mencionada é a denominação da casta dirigente da
tribo da sua mãe, isto é, ‘Akwa manda’, ou seja ‘os donos do poder’.
No livro, Gizenga descreve, entre outros,
momentos do seu refúgio em Luanda, fugindo a perseguição do regime do
presidente Mobutu, que já o atirara na cadeia.
Desembarcou cá no aeroporto 4 de Fevereiro, no dia 2 de Maio de 1977, ido de
Alger após escalar Brazzaville.
Agostinho Neto
Sublinha ter sido bem recebido pelo então presidente Agostinho, o qual o foi
visitar em casa acompanhado de um séquito dos seus chegados colaboradores.
«Disponibilizou um carro e guarda-costas e
disse-me: Meu amigo, eu estava sozinho. Mas agora que estás cá, sinto-me
aliviado. Tenho o Sr. Nathanaël Mbunba com a sua Frente de Libertação Nacional
do Congo (FLNC), que me ajudou a combater a Frente Nacional de Libertação de
Angola (FNLA) e a União Nacional para Independência de Angola (UNITA). Agora
que estás cá, vamos ver o que advirá do Sr. Joseph Mobutu», escreveu
textualmente Gizenga.
Conta, a seguir, ter convidado dias depois o Sr.
Nathanaël Mbumba, mas este enviou-lhe somente uma comitiva, em sinal de o
recear e não o querer aturar.
«Infelizmente, algum tempo mais tarde (…), o
presidente Agostinho Neto faleceu, após uma viagem ao Zaire, onde teria sido
envenenado. Abandonado a nós próprios, tivemos que começar a plantar bananas,
mandioca, etc. para sobreviver», prosseguiu o depoimento do Gizenga.
Completou que «o presidente José Eduardo Dos Santos, que sucedeu a Agostinho
Neto, nunca me recebeu porque não me conhecia».
A obra contém vários episódios do velho político, desde o seu envolvimento na
luta pela independência do Congo. Ganhou a fama e o título de herdeiro
espiritual de Lumumba, após o assassinato deste carismático primeiro-ministro
congolês.
Gizenga chefiou a então República Popular do Congo, sedeada em Stanleyville
(hoje Kisangani), para onde recuaram os principais adeptos de Lumumba. Aquele
virtual Estado foi esmagado pelas autoridades de Kinshasa, amparadas em
mercenários, tropas belgas e apoio geral do bloco ocidental naquela época da
guerra-fria.
Com 87 anos de idade actualmente, pertence ao grupo étnico Bapende
localizado a cavalo nas províncias de Bandundu (RDC) e Uije e Malanje (em
Angola).