Luanda
- Contra todas expectativas dos “despejados do Maculusso”, Bento Bento
surpreendeu-os na tarde de sexta-feira, 13, ao ir pessoalmente à cabana onde se
encontravam reclinados os irmãos Gorita, a fim de se inteirar de um assunto,
que já não era desconhecido para os homens do seu pelouro.
Fonte: O Pais Club-k.net
Fonte: O Pais Club-k.net
Só que desta vez, o número um luandense preferiu sair
dissimuladamente, um sinal que indica, sem sombra de dúvidas, que as
informações prestadas pelas delegações que aí estiveram antes de si, se é que
lhe chegaram, terão criado um mar de inquietações àquele que também costuma a
ser considerado como o “grande cabo eleitoral” do MPLA.
O gesto do governador, que, segundo os despejados, apareceu apenas com dois seguranças bastante dissimulados, reanimou a esperança desses órfãos, ao ponto de não puderem conter a emoção, quando explicavam sobre os movimentos do novo homem forte da cidade capital.
“O carro parou bem à frente da cabana, ele desceu e dirigiu-se para a entrada, onde se esforçou a projectar a cabeça e parte do tronco para dentro do abrigo”, contaram, adiantando que, minutos depois, deram por conta da súbita reacção tomada de pânico pelo dirigente, ao reerguer-se para fora.
Na suposição do cenário desolador que Bento Bento terá visto dentro da casa adaptada, os Gorita fazem constar a habitual disposição conjunta dos bens de cozinha e da casa de banho, adaptada ao esgoto da estrada da rua Che Guevara, mais lençóis, panos e colchões, para além de os electrodomésticos entrarem sempre na junção inevitável. Quase suspirou de alívio, soube ainda O PAÍS por meio das vítimas, que encararam a presença das pessoas que se aproximavam, ao darem pela presença carismática do dirigente que arrasta e conquista popularidade no e para o MPLA, como o motivo da contenção de seu presumível cansaço.
Para sacudir a pressão e a impressão gravadas através da acção que os seus próprios olhos tinham avistado dentro da cubata, ele perguntou à família há quanto tempo estavam aí e como é que as coisas tinham chegado a tal ponto.
Paciente, os Gorita detalharam novamente os pormenores que envolveram toda a problemática, tendo-se cingido no facto de ainda possuírem os documentos que remetem automaticamente a casa a seu favor.
Recorde-se que os interlocutores deste jornal viviam na cobiçada residência do Maculusso, quando em Novembro de 2011 foram surpreendido por uma sentença do tribunal, que ditava o seu despejo, o que lhes deixou com muitas inquietações, embora não tenham feito qualquer tipo de resistência para se retirar da casa, por ter sido uma ordem do Tribunal de Luanda, órgão que consideram competente para o fazer, conquanto tenham reprovado a forma como a instituição da justiça o fez.
Na sequência da preocupação do homem forte de Luanda em relação ao quadro real encontrado fora e dentro da famosa tenda do Maculusso, o governador prometeu reparar o problema, começando por enviar alguém em seu nome, logo a seguir à sua partida.
“Como as pessoas estavam a aglomerar-se cada vez mais para o verem e nos verem a conversar com ele, o político avisou-nos que se havia de retirar e outra pessoa viria continuar a busca e o interrogatório, a fim de acrescentar nos dados que o próprio já levava na bagagem”, explicou a família despejada, tendo revelado que, antes disso, Bento Bento lhes propôs irem a um lugar mais confortável que a cubata, onde ficariam até se rever e repor a veracidade dos factos, por causa das chuvas.
À semelhança do presidente da Comissão Executiva de Luanda, José Tavares, que foi o primeiro a fazer uma oferta do género, o governador viu a sua proposta rejeitada, tendo até ouvido dos aflitos que, a ser assim preferiam transferir a cubata para dentro do quintal da vivenda de onde foram retirados injustamente.
Ao que tudo indica, os Gorita não estão dispostos em aumentar a distância que já os separa da vivenda familiar para mais de um metro que seja, já que construíram a choupana que os abriga entre o espaço do passeio da residência em disputa e a berma da estrada de que se servem os mais variados clientes do famoso restaurante Veneza.
Para conservar este sentido de ligação com a habitação onde muito deles nasceram, todos os dias, os desalojados acarretam água a partir do quintal da mesma e têm-na como a fonte de abastecimento de energia eléctrica, que chega ao seu novo habitat por meio de uma arriscada ligação, vulgarmente conhecida como “puxada”.
Curiosamente, nunca apareceu ninguém da parte dos que ganharam a casa pelo tribunal para lhes desencorajar desta actividade, que, aos olhos da lei, pareceria invasão de privacidade, sempre que fosse feita sem a autorização dos novos proprietários.
REPERCUSSÃO POLÍTICA
A promessa de enviar alguém feita pelo governador de Luanda não estava a ser levada a sério pelos irmãos Gorita, habituados a receber promessas vãs desde o Novembro do despejo. Por isso, a família espantouse, quando, horas depois, apareceu Norberto Garcia, “identificando-se como secretário provincial do MPLA para os assuntos políticos e sociais”, segundo contou a este jornal o mais velho dos Gorita, Heliodoro da Silva, que se convenceu assim de que, afinal, Bento Bento não havia ido à tenda do Maculusso “fazer turismo”, segundo suas palavras.
Contaram ainda que Norberto Garcia não acreditou no que via, indicando que tem frequentado o restaurante Veneza mas sem nunca ter tido a oportunidade de ver aí a cubata, nem mesmo ouvir falar do caso.
Depois de questionar se a família tinha um advogado, ao que os desalojados responderam afirmativamente, o político do MPLA ligou imediatamente para ele, para agendar um encontro.
De acordo com os interlocutores de O PAÍS, Norberto Garcia lhes terá referido que o assunto já constituía um processo para ser dirigido ao Tribunal Supremo.
“Ele pediu e viu os documentos de casa e disse que não havia muitas dúvidas da nossa legalidade”, reforçaram, depositando esperanças no encontro que o jurista marcou com o advogado da família.
O gesto do governador, que, segundo os despejados, apareceu apenas com dois seguranças bastante dissimulados, reanimou a esperança desses órfãos, ao ponto de não puderem conter a emoção, quando explicavam sobre os movimentos do novo homem forte da cidade capital.
“O carro parou bem à frente da cabana, ele desceu e dirigiu-se para a entrada, onde se esforçou a projectar a cabeça e parte do tronco para dentro do abrigo”, contaram, adiantando que, minutos depois, deram por conta da súbita reacção tomada de pânico pelo dirigente, ao reerguer-se para fora.
Na suposição do cenário desolador que Bento Bento terá visto dentro da casa adaptada, os Gorita fazem constar a habitual disposição conjunta dos bens de cozinha e da casa de banho, adaptada ao esgoto da estrada da rua Che Guevara, mais lençóis, panos e colchões, para além de os electrodomésticos entrarem sempre na junção inevitável. Quase suspirou de alívio, soube ainda O PAÍS por meio das vítimas, que encararam a presença das pessoas que se aproximavam, ao darem pela presença carismática do dirigente que arrasta e conquista popularidade no e para o MPLA, como o motivo da contenção de seu presumível cansaço.
Para sacudir a pressão e a impressão gravadas através da acção que os seus próprios olhos tinham avistado dentro da cubata, ele perguntou à família há quanto tempo estavam aí e como é que as coisas tinham chegado a tal ponto.
Paciente, os Gorita detalharam novamente os pormenores que envolveram toda a problemática, tendo-se cingido no facto de ainda possuírem os documentos que remetem automaticamente a casa a seu favor.
Recorde-se que os interlocutores deste jornal viviam na cobiçada residência do Maculusso, quando em Novembro de 2011 foram surpreendido por uma sentença do tribunal, que ditava o seu despejo, o que lhes deixou com muitas inquietações, embora não tenham feito qualquer tipo de resistência para se retirar da casa, por ter sido uma ordem do Tribunal de Luanda, órgão que consideram competente para o fazer, conquanto tenham reprovado a forma como a instituição da justiça o fez.
Na sequência da preocupação do homem forte de Luanda em relação ao quadro real encontrado fora e dentro da famosa tenda do Maculusso, o governador prometeu reparar o problema, começando por enviar alguém em seu nome, logo a seguir à sua partida.
“Como as pessoas estavam a aglomerar-se cada vez mais para o verem e nos verem a conversar com ele, o político avisou-nos que se havia de retirar e outra pessoa viria continuar a busca e o interrogatório, a fim de acrescentar nos dados que o próprio já levava na bagagem”, explicou a família despejada, tendo revelado que, antes disso, Bento Bento lhes propôs irem a um lugar mais confortável que a cubata, onde ficariam até se rever e repor a veracidade dos factos, por causa das chuvas.
À semelhança do presidente da Comissão Executiva de Luanda, José Tavares, que foi o primeiro a fazer uma oferta do género, o governador viu a sua proposta rejeitada, tendo até ouvido dos aflitos que, a ser assim preferiam transferir a cubata para dentro do quintal da vivenda de onde foram retirados injustamente.
Ao que tudo indica, os Gorita não estão dispostos em aumentar a distância que já os separa da vivenda familiar para mais de um metro que seja, já que construíram a choupana que os abriga entre o espaço do passeio da residência em disputa e a berma da estrada de que se servem os mais variados clientes do famoso restaurante Veneza.
Para conservar este sentido de ligação com a habitação onde muito deles nasceram, todos os dias, os desalojados acarretam água a partir do quintal da mesma e têm-na como a fonte de abastecimento de energia eléctrica, que chega ao seu novo habitat por meio de uma arriscada ligação, vulgarmente conhecida como “puxada”.
Curiosamente, nunca apareceu ninguém da parte dos que ganharam a casa pelo tribunal para lhes desencorajar desta actividade, que, aos olhos da lei, pareceria invasão de privacidade, sempre que fosse feita sem a autorização dos novos proprietários.
REPERCUSSÃO POLÍTICA
A promessa de enviar alguém feita pelo governador de Luanda não estava a ser levada a sério pelos irmãos Gorita, habituados a receber promessas vãs desde o Novembro do despejo. Por isso, a família espantouse, quando, horas depois, apareceu Norberto Garcia, “identificando-se como secretário provincial do MPLA para os assuntos políticos e sociais”, segundo contou a este jornal o mais velho dos Gorita, Heliodoro da Silva, que se convenceu assim de que, afinal, Bento Bento não havia ido à tenda do Maculusso “fazer turismo”, segundo suas palavras.
Contaram ainda que Norberto Garcia não acreditou no que via, indicando que tem frequentado o restaurante Veneza mas sem nunca ter tido a oportunidade de ver aí a cubata, nem mesmo ouvir falar do caso.
Depois de questionar se a família tinha um advogado, ao que os desalojados responderam afirmativamente, o político do MPLA ligou imediatamente para ele, para agendar um encontro.
De acordo com os interlocutores de O PAÍS, Norberto Garcia lhes terá referido que o assunto já constituía um processo para ser dirigido ao Tribunal Supremo.
“Ele pediu e viu os documentos de casa e disse que não havia muitas dúvidas da nossa legalidade”, reforçaram, depositando esperanças no encontro que o jurista marcou com o advogado da família.
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