A Eurodeputada socialista portuguesa pretendia informar-se
sobre a situação de um ativista dos direitos humanos detido e em greve de fome
há 82 dias. Vários países da União Europeia estão a ignorar a violação dos
direitos humanos pelo Barhein por não lhes interessar prejudicarem os seus
interesses económicos. Aliás à semelhança do que fazem também no caso da China
e com as eleições viciosas em Moçambique
Pretória
(Canalmoz) – A eurodeputada portuguesa Ana Gomes, do Partido Socialista, foi
impedida de entrar no Barhein, onde pretendia informar-se sobre a situação de
um ativista dos direitos humanos detido e em greve de fome há 82 dias, disse a
própria à agência portuguesa de noticias, Lusa.
“Decidi
vir ao Barhein na sequência da visita [ao Parlamento Europeu], na semana
passada, de uma das filhas de Abdulhadi al-Khawaja, que está preso e em greve
de fome há mais de 80 dias sem julgamento, depois de ter sido torturado e
brutalmente espancado», contou a deputada europeia à Lusa por telefone, citada
pela TVi24.
Para
Ana Gomes, a recusa das autoridades do Barhein de lhe permitir a entrado no
país “só se pode explicar com o grande nervosismo das autoridades do Barhein”.
“Recusaram-me
a entrada porque têm muito a esconder no que diz respeito à forma escandalosa
como tratam activistas dos direitos humanos” como Al-Khawaja, afirmou a
eurodeputada à agência de noticias do seu país.
Ana
Gomes afirmou ter-se certificado de que poderia requerer um visto à chegada, “o
que é um procedimento regular” no Barhein, e apresentou-se no aeroporto de
Manama com o seu passaporte diplomático, que indica tratar-se de uma
eurodeputada.
Após
uma espera de cinco horas, reclamou a demora e pediu para falar com o
Ministério dos Negócios Estrangeiros do Barhein, mas ao fim de outras duas
horas foi informada de que o seu visto tinha sido recusado.
“Nunca
como membro do Parlamento Europeu tive em qualquer lugar um tratamento deste
género”, disse Ana Gomes, afirmando que pretende agora “chamar a atenção para
esta questão e fazer a máxima pressão sobre os governos europeus, alguns dos
quais têm muito bons negócios com o país e têm sido perfeitamente coniventes
com o que se tem passado em matéria de direitos humanos”.
Por causa dos negócios, direitos humanos ignorados
A
eurodeputada sublinhou que Abdulhadi al-Khawaja, bem como as suas filhas, uma
das quais está detida há uma semana, tem dupla nacionalidade, da Dinamarca e do
Barhein, e embora a embaixada dinamarquesa tenha feito “muitas diligências,
outros países [da União Europeia] não a apoiam, nomeadamente o Reino Unido e a
França, por causa dos negócios que têm com o Barhein”.
Sublinhou
a urgência da sua visita tendo em conta, não só o facto de se temer pela vida
de al-Khawaja após 82 dias de greve de fome, mas também porque está marcado
para segunda-feira (hoje) o início da repetição do seu julgamento.
Num
primeiro julgamento no ano passado, al-Khawaja e outros sete ativistas foram
condenados a prisão perpétua numa campanha para reprimir a revolta da maioria
shiita, que se queixa de discriminação sistemática às mãos da monarquia sunita
apoiada pelo ocidente.
Pelo
menos 50 pessoas morreram desde o início dos protestos, em 14 de Fevereiro do
ano passado.
O
objetivo da visita de Ana Gomes, após apelos de uma filha do activista e de
organizações como a Human Rights Watch e a Amnistia Internacional, era “chamar
a atenção para a situação, que exige que as autoridades europeias pressionem as
autoridades do Barhein a prestarem contas e a não continuarem este jogo que só
conduzirá a mais derramamento de sangue, sobretudo se acontecer alguma coisa a
al-Khawaja, que é muito respeitado e admirado”. (Redacção / Lusa / TVi24)
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