ONG
Survival International inicia quarta-feira uma campanha contra o
"genocídio" da tribo amazónica Awá-Guajá, considerada a
mais ameaçada do mundo. Ator britânico Colin Firth dá a cara
pela causa.
Maria Luiza Rolim (www.expresso.pt)
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Colin Firth, o protagonista do filme
"O Discurso do Rei" distinguido com um Óscar, é a cara da
campanha da ONG Survival International para acabar com
o massacre dos Awá-Guajá, tribo da floresta amazónica que já
só conta com 355 indígenas, e é uma das poucas que restam no Brasil.
Segundo a ONG, que na quarta-feira inicia a
campanha, se não se fizer nada, os Awá-Guajá poderão desaparecer devido ao
desmatamento e à chegada dos tratadores de gado e madeireiros.
Os índios, que dependem da floresta para
sobreviver, estão confinados a espaços cada vez mais restritos, sendo alvo
destes invasores, que abrem estradas na floresta e caçam os animais,
expondo os índios a fome, doenças e violência.
Grandes fazendas de gado ocupam extensões
consideráveis do território dos Awá e já destruíram grande parte da floresta.
Além da destruição da floresta amazónica,
os madeireiros, tratadores de gado e colonos são acusados, pela ONG,
de "genocídio". A Survival International aponta também para o "completo
fracasso das autoridades brasileiras" na proteção dos índios.
Colion
Firth quer medidas das autoridades brasileiras
Num vídeo a ser difundido quarta-feira, Colin
Firth exigirá ao Governo brasileiro a adoção de medidas urgentes para
salvar os Awá-Guajá. O ator - que ganhou fama na série de televisão Orgulho
e Preconceito, no papel de Mr. Darcy, em 1995,- pedirá ao ministro da
Justiça para enviar polícias para o Estado do Maranhão - onde vivem os índios
- a fim de expulsar os invasores.
Uma parte da comunidade Awá (60 ou 100
indígenas) nunca teve qualquer contato com a civilização. Os efeitos
da convivência com os colonos, pecuaristas e
madeireiros podem ser "devastadores".
A região da floresta habitada pela tribo Awá
habita foi a mais devastada pelo desmatamento em 2009. A Survival estima
que 31% da sua superfície já não tem árvores. A queima de árvores para extração
da madeira gerou uma escassez de alimentos. "Não há animais para caçar, e
os meus filhos têm fome", disse Pire'i Ma'a, um membro dessa tribo
contactado pela ONG.
"Passa-se uma tragédia diante dos nossos olhos
devido ao completo fracasso das autoridades brasileiras", disse
Stephen Corry, diretor da Survival International, acrescentando que é urgente o
Brasil aumentar os esforços para combater as atividades ilegais nos territórios
dos Awá, assim como dar mais condições a FUNAI- Fundação Nacional do Índio,
órgão estatal que desenvolve a política indigenista no Brasil.
"O tempo é crucial. O momento de fazer
alguma coisa é agora (...). E nós temos responsabilidade moral sobre o que está
a acontecer. Dinheiro da UE e do Banco Mundial financiaram projetos no Brasil
que têm expulsado os Awás das suas terras e construído infraestruturas de
acesso para os invasores", diz um comunicado da Survival International.
Na década de 1970, enormes depósitos de minério de
ferro foram descobertos na região. A descoberta levou à criação do Programa
Grande Carajás, um projeto de desenvolvimento financiado pela União Européia e
pelo Banco Mundial, que incluiu a construção de uma mina e de uma ferrovia.
Desde então, os Awá e outros povos indígenas viram suas terras abertas para
invasões sem precedentes.
http://expresso.sapo.pt/colin-firth-em-campanha-para-salvar-indios-brasileiros=f721019
Imagem: Ator britânico de "O Discurso do Rei"
abraça a causa dos índios Awá. Getty Images
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