“Não vale a pena se pensar assim, porque é uma
perca de tempo. Não precisamos de alterar leis para aumentarmos mandatos” - Armando Guebuza
Maputo (Canalmoz) – A saga do presidente da
República Armando Guebuza contra os “críticos” continua, revelando um
nervosismo indisfarçável. Dirigindo-se aos “cépticos”, Armando Guebuza disse na
última terça-feira, na província central da Zambézia, que as pessoas não podem
andar a perder tempo a pensar que ele vai forçar a alteração da Constituição da
República para acomodar um seu terceiro mandato.
Falando num comício popular em Lioma, distrito de
Gúruè, na província da Zambézia, Guebuza quis deste modo descartar publicamente
a possibilidade de ele vir a forçar a alteração da Constituição da República
para legitimar um seu terceiro mandato consecutivo na liderança dos destinos do
país, mandando recados “aos que pensam que vamos forçar a alteração
constitucional”.
“Não vale a pena se pensar assim, porque é uma
perca de tempo”, disse o presidente Guebuza, argumentando que “há outros filhos
da pátria que virão e farão o melhor para o bem de todos”.
O PR e presidente do Partido Frelimo reiterou que
“não precisamos de alterar leis para aumentarmos mandatos”.
Guebuza reagia aos alegados apoios que os membros
do seu partido, a Frelimo, têm vindo a lhe dar em caso de querer se
recandidatar para um terceiro mandato.
O seu antecessor, Joaquim Chissano, no segundo e
último mandato também andou anos a desdenhar a continuidade no cargo denotando,
contudo, que se predisporia a continuar caso os seus camaradas sustentassem a
sua continuidade. Armando Guebuza acabaria por encabeçar a ala que se empolgou
e encostou Chissano. A história repete-se.
Guebuza encerrou ontem, quarta-feira no distrito de
Morrumbala, antes de partir para a província de Manica, a sua “presidência
aberta e inclusiva” à província da Zambézia, iniciada na última sexta-feira.
Prometeu que tudo fará para ajudar o seu sucessor. “Como cidadão vou prestar a
minha ajuda. Moçambique precisa de ser desenvolvido”, disse Guebuza, deixando
subjacente que não vai alterar as leis só para salvaguardar interesses
singulares em detrimento dos de uma nação que precisa de todos para sair da
situação da pobreza em que se encontra.
Naquela ocasião, Guebuza elogiou o facto de o posto
administrativo de Lioma ter pessoas preocupadas com maior justiça no trabalho
para que se possa acabar rapidamente com a pobreza.
Lioma é um dos postos administrativos para onde
muitos moçambicanos foram levados no âmbito da “Operação Produção”,
desencadeada pelo Governo na década de 80. Guebuza era então ministro do
Interior e liderou essa famigerada acção que por termo à vida de muitos
moçambicanos e separou muitas famílias.
Lioma faz fronteira com a província do Niassa,
outra província que também serviu para acomodar os chamados “improdutivos” que
hoje seriam simplesmente desempregados, que na sua maioria acabaram devorados
por animais ferozes nas matas onde estavam abandonados, sem que até hoje, às
suas respectivas famílias tenha sido dado qualquer esclarecimento sobre o
paradeiros dos seus entes, e sem que o Governo da Frelimo ai menos tivesse
pedido desculpas. (Bernardo Álvaro)
Sem comentários:
Enviar um comentário