Lisboa - “Nunca conseguirás
convencer um Rato de que um Gato traz boa sorte”. – Abraham Lincoln
Fonte: Club-k.net
O QUE È? - Nenhum SERVIÇO SECRETO de Estado
usa oficialmente a palavra “espionagem” na sua denominação para descrever a
atividade de colheita de informações - inteligência interna ou externa, embora
todos declarem sem rodeios fazer CONTRA-ESPIONAGEM. Muitas nações espiam
rotineiramente seus inimigos, mas também seus aliados, embora sempre o neguem.
A duplicidade que envolve a utilização do termo espionagem deve-se ao facto de esta atividade ser frequentemente ditada por objetivos secretos e interesses publicamente inconfessáveis, enquanto nos rivais ou inimigos ela é sempre instantemente denunciada e condenada.
O dicionário Webster define espionagem como “o ato de espiar, realizado por agentes especiais (treinadas ou instruídos para o efeito), pessoas de um país estrangeiro, ou as atividades e os empreendimentos deles (dos espiões) … a coleta de informações… para utilização politica ou militar”.
A espionagem nos tempos bíblicos
O termo “espiar” era conhecido no Egito e em Canaã, já no seculo XVIII AEC no máximo. José (um dos personagens bíblicos), então o principal administrador de alimentos do Egito, utilizou um ESTRATAGEMA (pode ser atribuído no âmbito da contra-espionagem) para clarificar os motivos de seus dez irmãos consanguíneos, insinuando que eles eram espiões.
Mais de duzentos anos depois, Moisés (o maior personagem da Bíblia depois de Jesus Cristo) cedeu ao pedido do povo, e enviou 12 homens para espiar a terra de Canaã. Josué (herdeiro espiritual de Moisés) mandou Israelitas fazer o “reconhecimento” (entenda-se; espiar) as cidades de Jericó e Ai para Colheita de informações, antes de cada batalha. É interessante observar que a palavra hebraica traduzida “espiar” significa alguém que perambula pela terra a pé, disfarçado ou passando despercebido, observando atentamente tudo que vê com fins político-militares.
Provavelmente entre os primeiros a organizar um serviço secreto acham-se os Egípcios. O Rei Tutmés III usou espiões para introduzir sorrateiramente 200 soldados na cidade de Jafa, dentro de sacos costurados de farinha de trigo. Por volta de 400 AEC, o Chinês Sun Tse escreveu um livro chamado Ping Fa (Arte da guerra), no qual sublinhava a importância da BOA ORGANIZAÇÃO do serviço de informações.
ESPIONAGEM: Realidade ou mito?
O termo “espionagem” habitualmente força um sorriso sarcástico ao interlocutor, por este pensar que tal atividade é simplesmente ‘Hollywoodesca’ e remota, portanto não real, ou raciocinar que tal só acontece nos países chamados desenvolvidos ou numa sociedade muito turbulenta, complexa e híper dinâmica, com cenas de explosões, tiros, sexo ocasional e escapadelas em carros esporte a velocidades louca, como aquelas que visualizamos nos ecrãs da TV. Para outros a incredulidade fá-los ‘ver’ Ethan Hunt ou Jason Bourne (o novel superespião herói de Hollywood). Nada mais enganador.
Espionagem; Já se definiu bastas vezes o termo, e mais uma vez vou resumi-lo; é a ação de pessoas ou grupos de pessoas, que no interesse próprio ou de terceiros, tem como objetivo subtrair informações ou segredos (do alvo); comercial, industrial, politico etc., e que para tal utiliza varias técnicas e “artimanhas” para atingir o objetivo, tais como; recrutando membros/funcionários ou ex-membros/funcionários, infiltrando agentes em postos especifico, observando, escutando, analisando, chantageando, intercetando comunicações de telefone, fax, correio electrónico, etc.,etc.
Algumas organizações (politica, comercial etc.) estão se conscientizando da necessidade de agregar contra-medidas de segurança entre os objetivos gerais da organização, para tentar coibir tais ações (como é o caso da UNITA e a sua GEPA), mas a maioria não trata a proteção ao conhecimento, como ponto fundamental no sucesso de seus negócios (comercial ou políticos).
Por não aceitar ou não acreditar que este tipo de atividade faz parte das estratégias de seus concorrentes (principalmente do partido no poder – no caso politico), as empresas/organizações (politicas ou comercial) por assim procederem se tornam vítimas fáceis de tais malévolas ações, isto é da; Espionagem.
È possível a contra-espionagem?
Para se proteger da ação da Espionagem, o primeiro passo seria a mudança de cultura/comportamento, é importante que as pessoas que decidem nas organizações, percebam que a Espionagem industrial ou política é um fato real e faz parte da política dos concorrentes para atingir o objetivo que se propõem alcançar; a liderança do mercado e no caso de organizações politica a tomada democrática do poder, quiçá para tal é necessário estar na posse do conhecimento e segredos da organização concorrente.
(Em Angola não é segredo para ninguém; o SINSE “faz” da vigilância e sabotagem da atividade dos partidos políticos da oposição, sua função principal e estratégica. As eleições é um assunto do pelouro do SINSE, um enorme “task-force” do SINSE vai acompanhar as eleições á todos os níveis e em todo o País, porque? E para que?)
Assim é de bom-tom, que as organizações políticas ou outras implantem um sistema de inteligência, que juntamente com a área de segurança ou proteção física, adotem medidas preventivas, visando a deteção de ações suspeitas e a prevenção de atividades prejudiciais a imagem e identidade da organização.
Proteção das comunicações são elas um dos pontos mais utilizados para se colher dados ou informações de uma empresa ou organizações concorrentes. Dirigentes de topo de organizações importantes, devem utilizar o telefone o menos possível, o melhor até seria não o fazer e se o fizer, convém adquirir um número qualquer na rua (nunca nos balcões da UNITEL ou MOVICEL onde são anotados e catalogados os dados de identidade, e rastreados) adquirir aparelho de igual modo na rua (o mais barato e simples possível) e utilizar o referido número não mais de 72horas seguidas, 48-24 horas seria ótimo, fazer e receber chamadas para terminais de indivíduos que utilizem o mesmo estratagema (os números são transmitidos – por código - por correio humano ou por correio eletrónico seguro).
Porque? Alem de obtenção de informações confidenciais, O(s) concorrente(s) pode(m) gravar e fazer distorcer o sentido de uma conversação, se tal é passado no noticiário nobre da radio ou da TV “é a morte politica do artista”. Robert Mugabe e a sua secreta/CIO (Central Intelligence Organization), assim procederam para comprometer Morgan Tchavingirai antes de este ‘arrecadar’ o lugar de primeiro-ministro, distorcendo o conteúdo de uma reunião entre este último e uma entidade estrangeira, secretamente gravada.
Recomenda-se porem que a segurança orgânica da organização ou da empresa deve estar sob responsabilidade de um profissional de inteligência, que conheça as técnicas utilizadas na espionagem, pois só assim ele conseguirá elaborar uma política de contra-medidas a espionagem com a atual realidade.
Obvio que tal deve estar enquadrado sob apropriada designação ou denominação e conhecida por todos os funcionários ou membros e que TODOS tenham acesso livre a ela, e que busque sempre a colaboração e confiança de todos os membros que compõem o ‘efetivo’ dos quadros seniores, juniores e de base da organização. A acessibilidade ao órgão é de suma importância, e esta, estar forçosamente ligado a “função oficial” e a sua denominação.
Por exemplo; o Partido Comunista Chinês (PCC) enquanto na oposição denominou o seu órgão de Contra-espionagem; Serviços Sociais. Sob esta ‘função’ todos os membros do partido voluntaria ou involuntariamente ‘passavam’ por ‘ele’ e este com os mesmos de “forma óbvia”.
Pois a participação de todos os funcionários na politica de segurança da organização é fundamental, conscientizando-os de sua responsabilidade na proteção dos segredos e dos “ativos estratégicos” da sua organização, deve-se criar uma relação de confiança entre todos os funcionários de todos os escalões, neste aspeto a segurança tem papel de relevância, pois deve passar a imagem de que esta ali para preservar não só os interesses da organização, mas também para evitar que funcionários ou membros, sejam alvos da ação dos profissionais da Espionagem ou ‘sabotadores’.
Em suma; o comportamento do órgão que cuida da segurança de uma determinada organização não deve nem de perto nem de longe assemelhar a atitude e comportamento por vezes arrogante e policial da SEGURANÇA DO ESTADO.
No que se refere a empresa comercial, o órgão responsável pela segurança, deverá interagir com os funcionários, fazendo-os saber se a empresa sofrer prejuízos decorrentes da Espionagem Industrial e tiver a necessidade de cortar custos, a primeira a sofrer com eventuais cortes será a folha de salários e logo de seguida a folha de pessoal.
Como é exercida esta atividade? Não é fácil definir ‘como’, se não traçarmos ou se não definirmos os objetivos a alcançar, pois o ‘como’, esta “na maior parte das vezes” intimamente relacionado com os meios e métodos em função do objeto e objetivo (não confundir um e outro).
Muitas vezes ficamos atentos com o ‘exterior’ ou de que o espião “vem de fora”, quando muitas vezes está “bem juntinho de nós” já recrutado ou ‘introduzido’ no interior do efetivo do pessoal, ou de um membro da família, um amigo ou simplesmente alguém que vê a oportunidade de fazer negócio e ‘oferece’ a informação ao adversário. Em Angola, banalizando a lealdade, já está sendo usual e rotineiro o termo; “vender uma informação”
DICAS extras para contrariar a espionagem
No campo da Espionagem tudo vale para se conseguir “aquela informação” que tanto se quer. O mais comum e utilizado, é recorrer a análise do lixo duma organização, na esperança de que um funcionário mais distraído tenha deitado ao lixo “detalhes” pertinentes relacionada com a informação que se quer.
A Empregada de limpeza na hierarquia da
organização está no ‘fundo’ isto é na BASE, mas no ponto de vista da segurança
esta ou deve estar posicionado no topo das prioridades, pois é seguramente uma
das pessoas alvo, pela sua mobilidade e franqueabilidade em todas as seções que
compõe a organização e pelo manuseamento do “lixo”. Outra pessoa alvo é o
Continuo ou o correio da organização, por razões óbvias entre aspas.
O emprego ou o recrutar das pessoas acima
mencionado, bem como de todo o pessoal, deve ser (ao contrario do que se julga)
alvo da atenção constante do órgão responsável da segurança, que deverá nos
contactos permanentes com cada um deles utilizar a ‘ferramenta’ de José, o
adjunto de Potífar.
A infiltração nos moldes permanente ou ‘ocasional’ na organização por parte de um espião, muitas vezes disfarçado como um funcionário da própria organização proveniente de uma das sucursais da província ou do município, ou por um técnico dos serviços de telefone, de inspeção de saúde é usado muitas vezes.
Uma vez infiltrado, recorre a um inúmero conjunto de estratégias, como por exemplo, a recolha fotográfica de documentos sensíveis, a colocação de escutas telefónicas “bugs”. Com o avanço das tecnologias, novos meios de espionagem/sabotagem foram aparecendo, recentemente; malware e spyware são utilizados para isso, bem como ‘trojans ou key-loggers’, permitindo assim o acesso remoto a informação muitas vezes confidencial, mas claro, este tipo de abordagem, está muito dependente dos utilizadores dos terminais nas empresas ou organizações alvo de espionagem.
Ao solicitar um determinado serviço a uma empresa
contratada (‘check’ a empresa primeiro), verifique as credenciais do
profissional que eles enviam e certifique-se que tal serviço é absolutamente
necessário, principalmente em serviços do tipo: - técnicos de comunicações,-
técnicos de informática, - técnicos de manutenção de equipamentos, - equipas de
limpeza,- eletricistas, - providencie sempre um ou dois funcionários de extrema
confiança para acompanhar e monitorar o desenvolvimento da prestação de tal
serviço. Se possível uma rede interna de vigilância eletrónica é de suma
importância.
Devido aos ataques derivados da globalização da
internet, os computadores podem ser uma arma eficaz contra os interesses da
própria organização. Por isso garanta que tem um profissional de confiança a
administrar a rede interna e CADA um dos computadores da organização de forma a
evitar o aparecimento de software malicioso, quer por desleixo ou má vontade
dos membros ou trabalhadores da organização.
Sempre que a oportunidade surgir proceder á uma ‘varredura’ eletrónica para ‘buscar’ e detetar bugs ocultos nas dependências dos edifícios, por vezes um simples aparelho de rádio a pilhas (disponível na zunga) localiza tais bugs.
Outras precauções a ter em conta:
- Desenvolver um senso comum de responsabilidade
em matéria de segurança.- Limite o acesso físico de estranhos aos
computadores.- Limite o acesso por software, use chaves não convencionais. –
Nunca deixe um terminal ativo, encerre sempre sua sessão. – Comunique as
invasões suspeitas e/ou dados alterados, por mais insignificante que seja. –
Apague os discos antes de se desfazer deles ou transferi-los para outro usuário
(dentro do edifício da organização) desmagnetizando-os. – NUNCA permitir que
discos ou outro software saia do edifício, sem inspeção prévia. – Evite o
acesso aos computadores via telefone. – NÃO use software emprestado ou doado
por estranhos. – Faça uma cópia de segurança dos seus dados frequentemente. –
Formate ou retire os discos rígidos antes de inutilizar os computadores
obsoletos. – Não fale sobre a segurança orgânica da organização com NINGUÈM que
não esteja envolvido no sistema, não importando o que eles lhe digam.
DIVERSIONISMO
Entende-se como diversionismo, qualquer ação, conceito, ideia, conversação ou publicação capaz de confundir certo grupo alvo e desvia-los da atenção do objetivo principal, e pô-los sutilmente a raciocinar á favor do adversário, confundindo-os. A atividade diversionista faz com que o público-alvo se interesse pela “moldura ao invés do quadro.”
É uma arma muito imperceptível e de efeitos tremendamente devastadores que o MPLA-JES, por possuir TUDO, utiliza com muita mestria, apenas os profissionais de inteligência, estão em condições de fazerem uma leitura correta da situação e corrigir. Vou dar um exemplo muito recente.
Após o surgimento da CASA-Coligação Eleitoral, a
TPA e a TVZ, exibiu imagens da atividade da CASA com muito mais frequência, se
comparado com outros partidos da oposição (embora só tenha feito não menos do
que o numero de dedos que compõe uma mão). Mensagem diversionista; CASA está
‘colada’ ao regime.
O MPLA-JES no início oficial da campanha eleitoral, não estará na grelha de partida, aliás já saiu da grelha quando JES reinaugurou o troço ferroviário Lobito – Huambo, na cidade do Huambo. Portanto quando se anunciar oficialmente a campanha oficial, o MPLA-JES já estará a cruzar a linha de chegada, porquanto os demais partidos da oposição, os mais distraídos nem estarão posicionados na linha de partida.
Conclusão
Há obviamente uma infinidade de cuidados e precauções a levar em conta para evitar o prejuízo da atividade de espionagem na sua organização, mas também é verdade que deve-se manter a cabeça fria e cuidar de não deixar-se contagiar pelo “vírus da espionite” e começar a ver espiões até na sua própria família ou desconfiar da própria sombra. Se bem de que o MPLA-JES tem incutido este vírus aos seus membros, por isso aquela “desgraçada” mãe em Luanda, não hesitou em colaborar no assassinato de seu próprio filho só porque este militava num partido da oposição. Bento-Bento incitou publicamente a vigilância dita “revolucionária” á-todos os níveis – Guerra Total -, no bairro, na família, no trabalho etc., etc. Todos que pensarem diferente do Líder ‘incontestável’ transforma-se em inimigo a abater.
O surgimento no cenário político nacional das milícias é um dado por demais indicativo, de que JES “não esta para brincadeiras” e que os próximos tempos será de muita banha e manha (não confundir com artimanha).
A união ou reunião da família (um dos ganhos da PAZ) que se assistiu e comoveu toda a nação após a assinatura do protocolo de entendimento do Lwena, foi brutalmente substituída por um sentimento de injusta perseguição e ódio para todo aquele que ‘ouse’ pensar e agir diferente do MPLA-JES.
Macky Sall (MS) – Senegal, demonstrou que é possível contornar as atividades de sabotagem do adversário e possível ganhar as eleições (MS ganhou com 68,5%) convocadas pelo regime mesmo sob uma bateria de ações fraudulentas. – Provavelmente vamos falar sobre este tema no próximo artigo.
“Se eu tivesse oito horas para derrubar uma árvore, passaria seis a afiar o meu machado”. – Abraham Lincoln
NGUITUKA SALOMÃO
Sem comentários:
Enviar um comentário