quinta-feira, 26 de abril de 2012

Cresce número de idosos que abandonam suas famílias acusados de feitiçaria


– afirma Yolanda Cintura, ministra da Mulher e Acção Social, que falava recentemente no âmbito do seminário para a elaboração da Proposta de Lei sobre a Protecção de Idosos no país.

Maputo  (Canalmoz) - Está cada vez mais a aumentar o número de pessoas idosas que são obrigadas a abandonar suas famílias acusadas, entre várias coisas, de feitiçaria. A maior parte dos casos dá-se nas zonas rurais. Estes dados foram avançados pela ministra da Mulher e Acção Social, Yolanda Cintura.
Cintura, que falava no âmbito do seminário para a elaboração da Proposta de Lei sobre a Protecção de Idosos no país, realizado recentemente, disse que o país conta com cerca de dois (2) milhões de idosos cuja maioria tem sofrido maus-tratos nas suas famílias. A ministra disse que é urgente a necessidade de criação e posterior aprovação pelos órgãos competentes, de uma legislação que proteja os idosos. Igualmente é indispensável a implementação de sanções severas contra as pessoas que maltratam os idosos de modo a desencorajar essas práticas. Mas é preciso que, por sua vez, os idosos denunciem, sem piedade, casos de maus-tratos.
“Vemos muitos casos em que filhos maltratam seus pais acusando-os de feitiçaria, como forma de justificarem seus fracassos. No entanto, é absurdo que continuemos a aceitar esse tipo de situações”, referiu Yolanda Cintura, ministra da Mulher e Acção Social.

Mendicidade

No entanto, a mendicidade tem sido única alternativa de sobrevivência para muitos idosos rejeitados pelas suas famílias. Porém, consequentemente é notório, sobretudo nas cidades, o crescente envolvimento de idosos em práticas de mendicidade. Mesmo sem revelar dados concretos, a ministra da Mulher e Acção Social referiu que tem vindo a crescer o número de idosos que dependem da mendicidade para sobreviver.

Falta de centros de acolhimento de idosos

A falta de centros de acolhimento de idosos constitui ainda um grande desafio no combate à mendicidade integrada por idosos. O facto é que, segundo Yolanda Cintura, o Ministério da Mulher e Acção Social não tem condições para construir centros de acolhimento suficientes para albergar todos os idosos, situação que iria minimizar a recorrência a mendicidade por parte dos idosos. Mas a ministra, mesmo sem revelar informações exactas, revelou que mais centros de acolhimento deverão ser construídos ainda dentro deste ano, concretamente em Maputo e Nampula.

Denunciar pressupõe perda de acolhimento familiar

Por sua vez, alguns idosos participando no evento, reconheceram que tem recebido pouca atenção no seio das suas famílias, alegadamente pelo facto de estarem inteiramente dependente de terceiros para algumas das suas actividades. Muitos idosos justificam que mesmo em caso de maus-tratos não têm denunciado por medo de perderem sustento por parte de quem custeia suas despesas. No entanto, as fontes pediram à ministra para que, pelo menos, garanta o acolhimento para casos dos idosos que forem expulsos pelos seus familiares por terem denunciado maus-tratos a que são submetidos “Sofremos muito, mas é difícil denunciar, porque denunciar pressupõe, automaticamente, estarmos sujeitos a não sermos mais alimentados, até corremos o riso de sermos expulsos”, queixou-se um idoso que apenas se identificou por Massango.
A fonte reconheceu ser vítima de maus-tratos, sobretudo por parte dos seus netos. Mas quando se queixa ao seu filho, este não lhe dá ouvidos. (António Frades)
Imagem: Objectos de Feitiçaria, Moçambique
cyberdemocracia.blogspot.com

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