– afirma Yolanda Cintura, ministra da Mulher e Acção
Social, que falava recentemente no âmbito do seminário para a elaboração da
Proposta de Lei sobre a Protecção de Idosos no país.
Maputo
(Canalmoz) - Está cada vez mais a aumentar o número de pessoas idosas que são
obrigadas a abandonar suas famílias acusadas, entre várias coisas, de
feitiçaria. A maior parte dos casos dá-se nas zonas rurais. Estes dados foram
avançados pela ministra da Mulher e Acção Social, Yolanda Cintura.
Cintura,
que falava no âmbito do seminário para a elaboração da Proposta de Lei sobre a
Protecção de Idosos no país, realizado recentemente, disse que o país conta com
cerca de dois (2) milhões de idosos cuja maioria tem sofrido maus-tratos nas
suas famílias. A ministra disse que é urgente a necessidade de criação e
posterior aprovação pelos órgãos competentes, de uma legislação que proteja os
idosos. Igualmente é indispensável a implementação de sanções severas contra as
pessoas que maltratam os idosos de modo a desencorajar essas práticas. Mas é
preciso que, por sua vez, os idosos denunciem, sem piedade, casos de
maus-tratos.
“Vemos
muitos casos em que filhos maltratam seus pais acusando-os de feitiçaria, como
forma de justificarem seus fracassos. No entanto, é absurdo que continuemos a
aceitar esse tipo de situações”, referiu Yolanda Cintura, ministra da Mulher e
Acção Social.
Mendicidade
No
entanto, a mendicidade tem sido única alternativa de sobrevivência para muitos
idosos rejeitados pelas suas famílias. Porém, consequentemente é notório,
sobretudo nas cidades, o crescente envolvimento de idosos em práticas de
mendicidade. Mesmo sem revelar dados concretos, a ministra da Mulher e Acção
Social referiu que tem vindo a crescer o número de idosos que dependem da
mendicidade para sobreviver.
Falta de centros de acolhimento de idosos
A
falta de centros de acolhimento de idosos constitui ainda um grande desafio no
combate à mendicidade integrada por idosos. O facto é que, segundo Yolanda
Cintura, o Ministério da Mulher e Acção Social não tem condições para construir
centros de acolhimento suficientes para albergar todos os idosos, situação que
iria minimizar a recorrência a mendicidade por parte dos idosos. Mas a
ministra, mesmo sem revelar informações exactas, revelou que mais centros de
acolhimento deverão ser construídos ainda dentro deste ano, concretamente em
Maputo e Nampula.
Denunciar pressupõe perda de acolhimento familiar
Por
sua vez, alguns idosos participando no evento, reconheceram que tem recebido
pouca atenção no seio das suas famílias, alegadamente pelo facto de estarem
inteiramente dependente de terceiros para algumas das suas actividades. Muitos
idosos justificam que mesmo em caso de maus-tratos não têm denunciado por medo
de perderem sustento por parte de quem custeia suas despesas. No entanto, as
fontes pediram à ministra para que, pelo menos, garanta o acolhimento para
casos dos idosos que forem expulsos pelos seus familiares por terem denunciado
maus-tratos a que são submetidos “Sofremos muito, mas é difícil denunciar,
porque denunciar pressupõe, automaticamente, estarmos sujeitos a não sermos
mais alimentados, até corremos o riso de sermos expulsos”, queixou-se um idoso
que apenas se identificou por Massango.
A
fonte reconheceu ser vítima de maus-tratos, sobretudo por parte dos seus netos.
Mas quando se queixa ao seu filho, este não lhe dá ouvidos. (António Frades)
Imagem: Objectos de Feitiçaria, Moçambique
cyberdemocracia.blogspot.com
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