sábado, 24 de maio de 2008

Figura da semana. Fome




Fome (crise humanitária)
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A fome (crise humanitária) é uma crise social e económica acompanhada de mal nutrição em massa, epidemias e aumento na mortalidade.
Apesar de muitos casos de fome em massa coincidirem com falta de suprimentos alimentícios regional ou nacional, fome também tem ocorrido por actos económicos ou política militar de privar certas populações de alimentos o suficiente para garantir a sobrevivência. Historicamente, fomes tem ocorrido por causa de
secas, falha de colheita e pestes, e também por causas criadas pelo homem como guerra ou políticas económicas mal planejadas. Durante o século XX, um estimado número de 70 milhões de pessoas morreram de fome em todo o globo, dos quais um estimado de 30 milhões morreram durante a fome de 1958-1961 na China. Outros casos terríveis de fome ocorridos durante o século XX foi o desastre de 1942-1945 em Bengal e vários casos de fome durante a União Soviética, incluindo o Holodomor, o caso de fome em massa de Josef Stalin sofrido na Ucrânia entre 1932-33. Outros grandes casos de fome ocorreram pelo final do século XX, como: o desastre de Camboja nos anos 70, a fome de 1984-1985 na Etiópia e a falta de comida generalizada na Coréia do Norte durante os anos 90.
Fome pode ser induzida por
superpopulação de uma determinada região, com falha em prover recursos alimentícios em quantidade suficiente. Uma visão alternativa da fome dos pobres para dedicas recursos suficientes para conseguir alimentos essenciais ("teoria da dependência" de Amartya Sen), analises da fome que se focam em processos político-económicos levando a criação de fome em massa, entendimento das razões complexas da mortalidade em fomes, uma apreciação de até que ponto comunidades vulneráveis a fome em massa desenvolveram estratégias para controlar o problema, e o papel do terrorismo e guerra em criar fome. Agências de ajudas humanitárias modernas categorizam variam escalas de fome de acordo com a escala da fome.
Muitas áreas que sofreram fome em massa no passado se protegeram por meios tecnológicos e desenvolvimentos sociais. A primeira área da Europa que acabou com a fome foi a
Holanda, que viu sua ultima fome em massa em tempos de paz no inicio do século XVII conforme foi se tornando uma potência económica e estabeleceu complexas organizações políticas. Notavelmente a grande maioria das fomes em massa ocorrem em ditaduras, colonialismo ou durante guerras, Amartya Sen notou que jamais uma democracia funcional sofreu com fome nos tempos modernos.
Índice
[
esconder]
1 Características da fome
1.1 Fome hoje
1.2 Causas da fome
1.3 Efeitos da fome
1.4 Níveis de insegurança nutricional
2 Fomes em massa passadas, por região
2.1 Fome na África
2.2 Fome na Ásia
2.2.1 China
2.2.1.1 Grande Salto Adiante
2.2.2 India
2.2.3 Coréia do Norte
2.2.4 Vietnã
2.3 Fome na Europa
2.3.1 Europa Ocidental
2.3.1.1 Itália
2.3.1.2 Inglaterra
2.3.2 Russia e União Soviética
3 Referências
4 Bibliografia
5 Ligações externas
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[editar] Características da fome
[editar] Fome hoje
Hoje, fome em massa atingem a
África sub-saariana pesadamente, mas com guerras em andamento, problemas internos e falha económica, fome continua a ser um problema mundial com milhões de indivíduos sofrendo. A fome na Etiópia nos anos 80 teve um número imenso de mortes, apesar que muitas fomes em massa pela Ásia durante o século XX também produziram expressivo número de mortes. As fomes africanas modernas são caracterizadas por baixa nutrição, com a maior taxa de mortalidade entre as crianças jovens. Tecnologias de ajuda, incluindo imunização, infraestrutura de saúde publica melhorada, rações de comida e alimentação suplementar para crianças vulneráveis, tem aliviado o impacto das fomes, enquanto deixando suas causas económicas e consequências inalteradas. Crises humanitárias também surgem de guerras civis, refugiados e episódios de violência extrema com o colapso do estado, criando condições entre as populações afectadas para que surja uma fome em massa.
Apesar das repetidas intenções dos lideres mundiais para acabar com a fome, a fome em massa continua sendo crónica na África e Ásia. Em Julho de 2005, a
Famine Early Warning Systems Network classificou o Níger com status de emergência, assim como Chade, Etiópia, Sudão, Somália e Zimbabue. Em Janeiro de 2006, as Nações Unidas alertou que 11 milhões de pessoas na Somália, Quênia e Etiópia estão com perigo de severa fome em massa por uma combinação de conflitos militares e seca prolongada [1]. Em 2007, a crise mais séria é da Darfur no Sudão.
Alguns acreditam que a
revolução verde é a resposta para as fomes, principalmente durante as décadas de 1970 e 1980. A revolução verde começou no século XX com sementes híbridas de plantações de alta produtividade. Alguns criticam o processo, argumentando que estas novas plantações requerem mais fertilizantes químicos e pesticidas, que podem ser danosos ao meio ambiente. Porem, é uma opção para nações sofrendo com fome em massa. Estas plantações de alta produtividade tornam tecnicamente possível alimentar o mundo e acabar com a fome. Mas alguns problemas de natureza ética, assim também diferenças culturais e de classe podem ser o real problema em vez de falha das plantações. Além disso, existem indicações de a capacidade de produção de alimentos atingiu o máximo em várias regiões do mundo, devido a certas estratégias associadas com uso excessivo de água de poços, uso excessivo de pesticidas e outros agentes químicos.
Nota-se que as fomes modernas são invariavelmente o resultado de políticas económicas mal planejadas, fomes em massa causas de propósito para empobrecer ou marginalizar certas populações ou actos de guerra deliberados. Economistas políticos têm investigado as condições políticas que a fome pode ser prevenida. Amartya Sen demonstra que as instituições liberais que existem na
Índia, incluindo eleições competitivas e imprensa livre, tiveram um papel significativo em evitar uma fome em massa neste país desde sua independência. Alex de Wall tem desenvolvido esta teoria para se focar nos "contratos políticos" entre os governantes e as pessoas que garantem a prevenção da fome em massa, notando a raridade de certos tipos de contrato políticos entre as populações e governantes africanos, e também o perigo que as agências de ajuda internacionais removam a capacidade de responsabilizar estes governos por sua incompetência.
[editar] Causas da fome
A fundamental causa da fome é a sobrecarga de certas área devido a
superpopulação, ocasionando falha de produção. Fomes podem ser exacerbadas por péssimos governos ou logística inadequada para distribuição de alimentos. Fomes modernas têm ocorrido em nações que, como um todo, não tinham falta de alimentos. Uma das maiores fomes em massa da história, proporcional a população afectada, foi a Grande Fome Irlandesa, de 1845-1849, que começou em 1845 pelo fato dos alimentos sendo enviados da Irlanda para a Inglaterra por que a Inglaterra tinha capacidade de pagar um preço maior. A maior fome de toda a história em números absolutos, foi a fome chinesa de 1959-1960, que ocorreu com o inicio do governo comunista graças ao Grande Salto Adiante.
Um contraste interessante é como algumas nações africanas, no final da década de 1970 e início da década de 1980, que ainda eram democráticas na época, como
Zimbabue e Botswana, conseguiram evitar a fome em massa, enquanto as ditaduras do Sudão e Etiópia sofriam em larga escala. Elas evitam na época uma fome em larga escala simplesmente criando empregos de curto prazo para as populações mais afectadas, garantindo o mínimo de dinheiro para elas comprarem alimentos.
Falta de alimentos e falha de uma colheita em uma região por si só não é um factor determinante para fome em larga escala. Regiões que conseguiram desenvolver seus sistemas produtivos e económicos para gerar riqueza por outros meios além da agricultura conseguem importar facilmente suas reservas alimentícias e suprir a população. Fome é largamente associada com nações de baixo nível de desenvolvimento, com falta de agricultura industrial, se focando em agricultura de subsistência com baixa produtividade.
Desastres, seja naturais ou criados pelo homem, são associadas com condições para se criar fome em massa desde que a humanidade começou a recordar a sua história. A
Torah judaica descreve várias situações deste tipo. Guerra, em particular, sempre foi associada com fome em massa, particularmente em locais em que as batalhas são em terra, queimando ou contaminando campos.
Como o observado pelo economista Amartya Sen, fome ás vezes é um problema de distribuição de alimentos e pobreza. Em alguns casos, como o do
Grande Salto Adiante chinês, Coréia do Norte na década de 1990, ou Zimbabue no início do século XXI, fome é causada por falha política não intencional, falta de planejamento. Algumas vezes, fome em massa pode ser usada como ferramenta para eliminar opositores políticos, como o Holodomor na Ucrânia. Em outros casos, como na Somália, fome é uma consequência da desordem civil, onde as redes de distribuição de alimentos se rompem.
No início do século XX, fertilizantes nitrogenados, novos pesticidas, agricultura em desertos, e outras tecnologias agrárias começaram a serem usadas como armas contra a fome. Entre 1950 e 1984, a
revolução verde transformou a agricultura ao redor do mundo, em que a produção de grãos aumentou em mais de 250%. Mas esta revolução não funciona em área cujo o problema da fome é a guerra ou problemas políticos.
[editar] Efeitos da fome
Os efeitos demográficos da fome são pesados, mesmo que em curto prazo. Mortalidade é concentrada entre as crianças e idosos. Um consistente fato demográfico em todas as fomes em massa registradas, é que a mortalidade masculina é maior que a feminina, até mesmo em populações onde os homens vivem mais. Razões para isso é a maior resistência da mulher aos efeitos da fome, e que as mulheres tem mais conhecimento para conseguir comida de outras fontes para alivias os efeitos.
Fome em massa também vem acompanhada de baixa taxa de fertilidade, seguido de explosão na taxa de natalidade logo após a fome. Mesmo que algumas teorias como de
Thomas Malthus predizem que as fomes em massa reduzem a população para a quantidade de alimentos disponível, o fato é que mesmo as mais severas fomes em massa raramente conseguiram controlar o tamanho da população por mais de alguns anos.
[editar] Níveis de insegurança nutricional
Nos tempos governos, governos e
ONGs de ajuda humanitária, tem recursos limitados para controlar os casos de fome em várias partes do planeta simultaneamente. Então foram desenvolvidos vários métodos para mensurar o nível de segurança alimentícia para alocar de forma mais eficiente a ajuda. Um dos primeiros métodos foi o Código de fome indiano, criado pelos britânicos na década de 1880. Os códigos listavam três estágios se insegurança alimentar: quase escasso, escasso e fome em massa, e este método influenciou o desenvolvimento de outras técnicas de alerta e instrumentos de medição.
Outro sistema de alerta foi criado para monitorar o norte do
Quênia também possui três estágios, mas cada um associado a uma reposta pré-planejada para mitigar a crise e prevenir sua deterioração.
As experiências das organizações de ajuda humanitária ao redor durante as décadas de 1980 e 1990 resultaram em dois grandes desenvolvimentos: a abordagem "livelihoods" e o aumento de indicadores nutricionais para determinar a severidade da crise. Fome em massa não começa a matar pessoas até que ele destrua sua maneira de sobrevivência (livelihoods). Indivíduos e grupos em situação de falta de alimentos começam a fazer racionamento, procurando alternativas para suplementar sua renda, antes de tomar atitudes desesperadas, como vender sua própria casa ou fazenda. Apenas quando todos os meios de suporte acabaram, a população afectada começa a migrar em procura de comida e termina vítima da fome. Fome em massa pode ser visto como um fenómeno social, envolvendo os mercados, o preço dos alimentos e as estruturas de suporte social. Uma segunda lição aprendida é uso de mecanismos de rápida garantia nutricional, em particularmente das crianças, como um meio de mensurar a severidade da fome em massa.
Desde 2004, muitas das mais importantes agências de ajuda humanitária tem adoptado uma escala de cinco níveis para mensurar a amplitude e a intensidade da fome. A escala de intensidade usa tanto índices económicos e mortalidade, para classificar a situação como "seguro", "inseguro", "crise", "fome", "fome severa" e "fome extrema". O número de mortes determina a amplitude, onde menos de 1000 fatalidades é classificado como "fome residual" e uma "fome catastrófica" tendo mais de 1 milhão de mortes.
[editar] Fomes em massa passadas, por região
[editar] Fome na África
No meio do século 22 antes de Cristo, uma repentina e curta mudança climática causou queda no volume de chuvas, resultando em décadas de seca no
Egipto. A fome e os problemas civis ocasionados acredita-se que tenha sido a causa do colapso do reino antigo. Um dos registos do primeiro período intermediário dizia "Todo o alto Egipto está morrendo de fome e as pessoas estão comendo suas crianças". Historiadores da fome africana têm documentado vários casos na Etiópia e tem explorado os mecanismos tradicionais adoptados pelas sociedades africanas para minimizar o risco e prover comida para os mais vulneráveis em tempos de crise.
O encontro colonial viu a África sofrer numerosos e gigantescos casos de fome. Possivelmente o pior episódio tenha ocorrido em 1888 em nos anos subsequentes, com pestes infectando o gado na
Eritréia, que se espalhou até a África do Sul. Na Etiópia é estimado que até 90% de todo gado nacional tenha morrido, transformando ricos fazendeiros em pobres da noite para o dia. Isso coincidiu com uma seca causada por uma oscilação do El Niño, epidemias de varíola, e em vários países, guerra intensa. No Sudão no ano de 1888 é lembrado uma das piores fomes da história, pesando também as dificuldades impostas pelo estado Mahdista. As tentativas coloniais de "pacificação" só acabaram piorando a situação, como por exemplo a repressão da revolta Maji Maji de 1906. A introdução de plantações não alimentícias como algodão, e as medidas para forçar os fazendeiros a plantarem isto, também causou muita miséria, como no norte da Nigéria, contribuindo para uma fome em massa após uma severa seca em 1913.
Porém, pela metade do século XX, África não era considerada com perigo de fome em massa, excepto por pequenos episódios localizados, como em
Ruanda durante a Segunda Guerra Mundial. O espectro da fome voltou no início da década de 1970, quanto a Etiópia e o oeste africano sofreram uma enorme seca. A fome etíope é largamente associada também a crise do feudalismo neste país, que ajudaram na queda do imperador Haile Selassie.

Desde então, as fomes na África tem se tornado cada vez mais frequentes, maiores e mais severas. Muitos países Africanos não são auto-suficientes na produção de alimentos, precisando de outras plantações não-alimentícias para conseguir dinheiro. Agricultura na África é vulnerável a flutuação climática, especialmente secas, que podem reduzir o volume de alimentos produzidos. Outros problemas também incluem infertilidade do solo, degradação e erosão, além de desertificação. A mais séria das fomes em massa africanas foram causadas por uma combinação de seca, mau planejamento económico e conflitos. A fome etíope de 1983-1985, por exemplo, tem estes três factores, piorados por uma censura do governo comunista etíope em meio a uma crise. No Sudão, em torno da mesma data, seca e crise económica combinados com a negação que existe falta de comida no país pelo então presidente Gaafar Nimeiry, criaram uma crise que matou aproximadamente 250 mil pessoas, e ajudou para a queda de Nimeiry.
Numerosos factores pioram a segurança alimentícia na África, incluindo instabilidade política, conflitos armados e
guerra civil. corrupção política e péssimo gerenciamento dos suprimentos alimentícios, além de políticas de comércio que danificam a agricultura Africana. Um exemplo é a fome em massa criada por abusos nos direitos humanos em Darfur no Sudão. AIDS também tem colaborado para danificar a agricultura, reduzindo a força de trabalho.
Recentes exemplos de fome africana incluem a Etiópia em 1973 e meados de 1980,
Sudão na década de 1970 e de novo em 1990 e 1998. A fome de Uganda é, em termos de taxa de mortalidade, uma das piores na história, 21% da população morreu, incluindo 60% das crianças.[2]
[editar] Fome na Ásia
[editar] China
Escolares chineses mantêm o registro de 1828 casos de fome em massa desde o ano de 108 antes de Cristo até 1911 em uma ou outra província. Uma média de um caso de fome por ano. A
burocracia da dinastia Qing, que devotava extensiva atenção em minimizar os casos de fome, é credito em ter evitado uma série de fomes depois de um El-Niño que causou enchentes e secas. Estes eventos são comparáveis, apesar de em menor escala, aos eventos ecológicos das vastas fomes do século XIX. A China de Qing levou suas ajudas humanitárias, que incluía vastos carregamentos de comida, um requerimento para os ricos abrirem seus suprimentos aos pobres e regulação de preços, como parte de uma garantia de subsistência aos pobres, conhecida como ming-sheng.
Quando a monarquia alterou o controle estatal e os carregamentos de alimentos foram substituídos por caridade monetária no meio do século XIX, o sistema quebrou. Então entre 1877-1878 ocorreu a
Grande fome do norte chinês, causado por uma seca pelo norte da China, uma vasta catástrofe. A província de Shanxi foi substancialmente devastada. A mortalidade estimada foi entre 9.5 a 13 milhões de mortos.
[editar] Grande Salto Adiante
A maior fome em massa do século XX, e possivelmente de todos os tempos, foi a fome de 1958-1961 causada pelo Grande Salto Adiante do governo comunista Chinês. As causas imediatas desta fome foram ocasionadas por
Mao Zedong com uma tentativa frustrada de transformar a China de uma nação agrária em potência industrial em um único grande salto. Seguindo esta visão, o partido comunista chinês insistiu para os pobres abandonarem suas fazendas e tentarem agricultura coletiva, e começarem a produzir aço em pequenas metalúrgicas, muitas vezes derretendo seus próprios instrumentos de fazenda no processo. A colectivização da agricultura acabou com os incentivos para investimento em trabalho e agricultura e planos completamente surrealistas para produção de aço descentralizada necessitavam desesperadamente de força de trabalho, combinados com condições não favoráveis do tempo e salas comunitárias de alimentação com enorme desperdício de alimentos sinalizaram o início de uma catástrofe.[3].
Com o controle
totalitário da informação e pressão intensa para que os partidários reportassem apenas boas noticias, qualquer informação sobre a escalada do desastre era suprimida. Quando a liderança começou a perceber a escala da fome em massa que se instalou, ela não fez nada para responder, e continuou a censura de qualquer discussão sobre o cataclismo que estava ocorrendo. A censura era tão efectiva que muito poucos chineses perceberam na época a escala da fome em massa, e apenas após a censura começar a ser levantada 20 anos após, a população chinesa entenderia o maior desastre demográfico em tempos de paz do século XX.
A fome de 1958-1961 é estimado que tenha causado até 30 milhões de mortes, com a soma de mais 30 milhões de abortos ou gravidez atrasada. Foi apenas quando a fome em massa atingiu seu pior que Mao reverteu todos os planos de colectivização, que foram efectivamente desmontados em 1978, com o início da conversão ao capitalismo pela China.
A China desde 1961 não sofreu nenhum caso de fome em massa até hoje.
[editar] Índia
Estão registrados 14 casos de fome em massa na
Índia entre o século XI e XVII. Por exemplo, durante os anos de 1022-1033, grandes fomes em massa devastaram províncias inteiras na Índia. A fome de Deccan matou ao menos 2 milhões de pessoas entre 1702-1704. B.M Bhatia acredita que fomes anteriores eram localizadas, e foi apenas depois de 1860, com a colonização britânica, que a fome passou a significar falta generalizada de grãos no país. Aproximadamente 25 grandes fomes ocorreram pelos estados como Tamil Nadu ao sul, Bihar e Bengal a leste durante a metade do século XIX, matando entre 30 a 40 milhões de Indianos.
Romesh Dutt argumentou no início do século XX, e estudiosos actuais como Amartya Sen concordam, é que as fomes eram um produto tanto da chuva irregular e das políticas económicas e administrativas britânicas, que desde de 1857 deixou sequelas, como: a conversão das fazendas locais para plantações de estrangeiros, restrições no comércio interno, taxação pesada dos indianos para as expedições mal sucedidas no Afeganistão, medidas inflacionarias que aumentarão o preço dos alimentos e as exportações de alimentos para a Inglaterra. Alguns cidadãos britânicos, como William Digby, protestaram para reformas políticas e ajuda a fome, mas Lord Lytton, o vice-rei do governo britânico na Índia, foi contra estas mudanças, acreditando que isso estimularia preguiça entre os trabalhadores indianos. A primeira, a Fome de Bengal de 1770, é estimada que tenha matado 10 milhões, quase um terço da população da região na época. As fomes continuaram até a independência em 1947, com a Fome de Bengal de 1943 entre as piores, matando 3 a 4 milhões de indianos durante a Segunda Guerra Mundial.
As observações da Comissão da Fome de 1880 suportam a noção que a distribuição de alimentos é mais culpada pelas fomes do que a falta de alimentos. Eles observaram que cada província na Índia britânica, incluindo
Burma, tinha superavit na produção de alimentos, de em torno de 5.16 milhões de toneladas. Naquela época, a exportação anual de arroz e outros grãos da Índia era de aproximadamente 1 milhão de toneladas.
Em 1966, chegou a ter um alerta em
Bihar, onde os Estados Unidos alocaram mais de 900 mil toneladas de grãos para lutar contra a fome.
[editar] Coreia do Norte
Fome em massa atingiu a
Coreia do Norte em meados da década de 1990, criadas por enchentes sem precedentes. Esta sociedade tinha conseguido nos anos anteriores auto-suficiência através de massiva industrialização da agricultura. Porém, o sistema económico dependia de massivas reservas de combustíveis fósseis a preço subsidiado pela União Soviética e República Popular da China. Com o colapso da União Soviética e a conversão da China para a economia de mercado com moeda forte, a economia norte coreana entrou em colapso. O vulnerável sector de agricultura sofreu uma falha massiva entre 1995 e 1996, expandindo para fome em massa de 1996 até 1999. É estimado de 600 mil morreram de fome [4]. A Coreia do Norte ainda não conseguiu auto-suficiência novamente, e depende de ajuda vinda da China, Japão, Coreia do Sul e dos Estados Unidos. Recentemente, a Coreia do Norte requisitou que os suprimentos de alimentos não sejam mais entregues.
[editar] Vietnã
Varias fomes em massa ocorreram no Vietnã. A ocupação japonesa durante a
Segunda Guerra Mundial causou a Fome vietnamita de 1945, que causou 2 milhões de mortos. Depois da unificação do país após a Guerra do Vietnã, houve uma breve crise durante a década de 1980, que fez várias pessoas deixarem o país.
[editar] Fome na Europa
[editar] Europa Ocidental
A
Grande fome de 1315-1317 foi a primeira crise que atingiria a Europa no século XIV, milhões de no norte europeu morreram, marcando claramente o fim do antigo período de crescimento e prosperidade durante os séculos XI e XII. Começando com um tempo ruim na primavera de 1315, falhas das plantações duraram até o verão de 1317, cuja a Europa não se recuperou até 1322. Este período foi marcado por níveis extremos de actividade criminal, doenças e mortes em massa, infanticídio além de canibalismo. Ela teve consequências para a Igreja, o estado e toda a sociedade europeia, além das calamidades futuras que se seguiriam.
O século XVII foi um período de mudanças para os produtores de alimentos da Europa. Por séculos eles viveram primariamente como fazendeiros de subsistência em um
sistema feudal. Eles tinham obrigações com seu Lorde, que poderia tirar a terra deles. O Lorde do feudo retirava uma porção do que era colhido e dos animais durante o ano. Os agricultores tentavam minimizar a quantidade de trabalho que eles tinham que fazer na produção de alimentos. Seus Lordes raramente faziam pressão para eles aumentarem sua produção, excepto quando a população começava a aumentar, onde os próprios agricultores aumentavam a produção por conta própria. Mais terra era adicionada para cultivo até não ter mais disponível, onde os agricultores eram forçados a usar métodos mais trabalhosos de produção. Mesmo assim, eles geralmente trabalhavam o menos possível, dedicando seu tempo para outras coisas, como caça, pesca ou simplesmente fazendo nada, desde que eles tinham comida suficiente para sustentar a própria família. Não era do interesse deles produzir mais do que ele podia comer ou guarda para ele mesmo.
Isto passou a mudar, e seguindo a tendência dos séculos anteriores, começou a ter um aumento na agricultura voltada ao mercado. Fazendeiros, pessoas que alugavam terras para fazer lucro do produto colhido, usando
trabalho assalariado, começou a se tornar cada vez mais comum, particularmente na Europa Ocidental. Era do interesse do fazendeiro agora produzir a maior quantidade possível de sua terra para poder vender em áreas que houvesse demanda do produto. Os fazendeiros pagavam seus trabalhadores em dinheiro, aumentando a comercialização em área rurais da sociedade. Está comercialização teve impacto profundo no comportamento dos agricultores. Agora os fazendeiros estavam interessados em aumentar a quantidade de trabalho em sua terras, não reduzir como os agricultores de subsistência estavam.
Os agricultores de subsistência também passaram a ser forçados a comercializar suas actividades devido aos aumentos dos impostos. Os impostos que tinham que ser pagos a um governo central em dinheiro, fez com que eles tivessem que começar a vender seus produtos. Eles sempre davam um jeito de garantir a própria subsistência além das obrigações com os impostos. Os agricultores também passaram a usar seu dinheiro novo para comprar produtos manufacturados. Os desenvolvimentos da agricultura e da sociedade encorajando o aumento da produção de alimentos foram gradualmente ganhando força durante o século XVII, mas acabaram sendo atingidos pelas condições adversas para a produção de alimentos na Europa ao final do século, graças a uma tendência do resfriamento da temperatura do planeta
Terra.
A década de 1590 viu a pior fome em massa em séculos por toda a Europa, excepto em algumas áreas, notavelmente a
Holanda. A fome foi relativamente rara durante do século XVI. A economia e a população começaram a crescer rápido assim como as populações de subsistências tendem quando existe um período estendido de paz relativa. Apesar dos agricultores em áreas de alta densidade populacional, como o norte da Itália, aprenderam como aumentar sua produtividade através de técnicas como cultura promíscua, eles ainda eram um tanto vulneráveis a fomes, forçando eles a trabalharem na terra ainda mais intensamente.
Todas as áreas da Europa foram afectadas, especialmente as rurais. A
Holanda conseguiu escapar da maioria dos efeitos mais devastadores da fome, apesar que ainda assim foram tempos de dificuldades. Fome em massa não se estabeleceu neste país, os negócios de venda de grãos de Amesterdão com a região báltica garantiu que os holandeses conseguissem o mínimo para comer.
A Holanda tinha a agricultura mais comercial de toda a Europa na época, com várias plantações industriais. A agricultura era cada vez mais especializada e eficiente. Como resultado, a riqueza aumentou, permitindo que a Holanda mantivesse um alto suprimento alimentício. Pela década de 1960, a economia era ainda mais desenvolvida, então o país conseguiu passar por mais um período de fome em massa europeu com maior facilidade.
Nos anos em torno da década de 1960, viu-se um novo período de fomes em massa pela Europa. Estas fomes geralmente eram menos severas que as de 25 anos antes, mas ainda assim eram bem sérias em alguma áreas. Talvez a pior fome em massa foi a de 1696 na
Finlândia, que matou 1/3 da população.[5]
O período de 1740 a 1743 viu Invernos rigorosos e secas no verão, que levou fome pela Europa, ocasionando um grande aumento de mortalidade.
Outras áreas são conhecidas por terem sofrido com a fome mais recentemente.
França passou por um período de fome no século XIX. E fomes em massa ainda ocorriam no leste europeu durante o século XX.

Em 1845 a 1849, a Grande Fome Irlandesa, resultado das políticas de comércio britânicas sob o controle de John Russell, aconteceu. A resposta dele para a crise de alimentos foi deixada para que as forças de mercado resolvessem por conta própria. O resultado desta política, é que os alimentos irlandeses continuaram sendo exportados mesmo após o início da fome, aumentando ainda mais os preços dos alimentos. O resultado imediato foi 1 milhão de mortos, e mais 1 milhão de refugiados, a maioria indo para a Inglaterra e Estados Unidos. Após o período de fome passar, infertilidade causada pelas doenças da fome e imigração, piorados pela economia controlada pelo reino britânico, causou uma queda populacional por 100 anos. A população só voltou a crescer quando a Irlanda ganhou a independência, que até então, estava pela metade desde o período de fome.
A fome voltou para a Holanda durante a Segunda Guerra Mundial, no que ficou conhecida como a
Fome Holandesa de 1944. Está foi a ultima fome da Europa Ocidental, em que 30 mil pessoas morreram. Outras áreas passaram por períodos de fome no mesmo período.
[editar] Itália
Falhas de colheitas foram devastadoras para a economia do norte da
Itália. A economia da área conseguia se recuperar bem das últimas fomes em massa, mas as fomes de 1618 até 1621 coincidiram com um período de guerras na região. A economia não se recuperou por séculos. Houve uma fome severa pelo final na década de 1640, e algumas menos severas pelas décadas de 1670.
[editar] Inglaterra
A agricultura inglesa não era tão desenvolvida como a holandesa, mas em 1650, sua indústria agrária começou a se comercializar em larga escala. A última fome em tempos de paz na
Inglaterra foi a de 1623 a 1624. Ainda houve alguns períodos de fome, assim como na Holanda, mas nenhuma como está. O crescimento da população continuou pensando na segurança alimentar.
[editar] Rússia e União Soviética
Secas e fomes na
Império Russo era conhecida por ocorrer a cada 10 a 13 anos, com secas ocorrendo em média a cada 5 a 7 anos. As fomes continuaram na União Soviética, onde a mais famosa é o Holodomor na Ucrânia entre 1932 até 1933. A ultima grande fome da União Soviética ocorreu em 1947 por conta de uma severa seca.
Imagens:Familia vitima da fome durante a Grande Fome Irlandesa
Crianças somalis esperando pela ajuda americana da Operação Good Relief em 1992
Referências
Relatório da FAO
Report on Uganda
Communal dining and the Chinese Famine 1958-1961
We look at it and see ourselves
Finnish Environmental Health Action Plan
[editar] Bibliografia
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Why famine stalks Africa, BBC, 2001
Woo-Cumings, Meredith,
The Political Ecology of Famine: The North Korean Catastrophe and Its LessonsPDF (807 KiB), ADB Institute Research Paper 31, January 2002.
[editar] Ligações externas
Famine Early Warning System monitors agricultural production and other warning signs worldwide
United Nations World Food ProgrammeHunger relief against poverty and famine
International Food Policy Research Institute Sustainable solutions for ending hunger
In Depth: Africa's Food Crisis, BBC News
Fighting Hunger and poverty in EthiopiaPDF (1.48 MiB) (Peter Middlebrook)
Obtido em "
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fome_(crise_humanitária)"
Categorias: Economia social Sociologia Pobreza
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